Candidato da coligação admite querer continuar o projecto autárquico que Vítor Proença vai deixar. Como prioridades para o concelho destaca a habitação, a fixação de jovens e a mobilidade
Arlindo José Passos, 68 anos, é o candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Alcácer do Sal. Sucede assim a Vítor Proença, actual presidente deste município do Litoral Alentejano, que está à frente da autarquia desde 2013.
O candidato é, actualmente, presidente da União das freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana sendo que, de 2009 a 2013, presidiu à Junta de Freguesia de Santa Maria do Castelo.
Membro do Partido Comunista Português (PCP) desde 1974 começou a sua actividade autárquica em 1985, ano em que foi eleito para a Assembleia Municipal de Alcácer do Sal.
Foi presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Mistos de Alcácer do Sal e da Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba. Na vida sindical, foi membro do conselho-geral da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), foi dirigente nacional, regional e local do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL) e, actualmente, integra o conselho nacional da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN).
Em entrevista a O SETUBALENSE o candidato pela coligação refere que ainda há trabalho para fazer em Alcácer do Sal, e adianta que já estão a ser feitos estudos e projectos para dar continuidade ao projecto da CDU.
Destaca como prioridades o investimento na habitação, a fixação de jovens no concelho, a melhoria da mobilidade – no que diz respeito aos transportes públicos – e a intenção de desenvolver mais o município.
Deixa críticas aos anteriores governos, acusando-os de provocar a “desertificação do interior do País” e ao executivo PS, que esteve nos comandos da autarquia alcacerense entre 2005 e 2013, apontando-lhes o dedo por terem deixado “estagnar” o concelho.
Porque é que se candidata à presidência da Câmara Municipal de Alcácer do Sal?
Ao longo das últimas décadas, tive a honra de caminhar com a população. Desde que fui eleito pela primeira vez para a Assembleia Municipal, em 1985, até hoje, enquanto presidente da União das Freguesias de Alcácer do Sal e Santa Susana, procurei sempre servir com seriedade, proximidade e com um único objectivo: o bem-estar de cada família, de cada jovem, de cada idoso, de cada trabalhador.
É com essa mesma determinação que me apresento como candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Alcácer do Sal.
Esta candidatura representa a continuidade de um trabalho sério, feito lado a lado com a população, e que queremos levar ainda mais longe.
Como é que tem decorrido o trabalho à frente da União de Freguesias de Alcácer do Sal?
Posso afirmar que de início estava com algum receio, pois conhecendo as pessoas sabia que não seria pacifico juntar três juntas cada uma com a sua especificidade e com alguma rivalidade entre funcionários. Hoje olhando para trás reconheço que foi um grande desafio que consegui levar até ao fim incluindo a reposição das três freguesias. Devido à existência de um orçamento maior, conseguimos um maior investimento em todas as localidades e posso afirmar que, de todos os compromissos eleitorais, fizemos mais do que estava prometido e só ficou um por cumprir.
O que é que ainda falta fazer no concelho de Alcácer do Sal?
Ainda falta muita coisa para fazer, pois se não fizermos obras novas teremos sempre a manutenção e melhoramentos do existente. Posso afirmar que obras novas irão surgir e na continuação da política deste executivo. Já temos oito projectos em estudo e alguns terminados, o que significa que com o projecto CDU o desenvolvimento de Alcácer do Sal não estagnará, ao contrário do que se passou entre 2005 e 2013 – que este executivo quando chegou não tinha projecto deixado pelo anterior executivo.
Depois de três mandatos assumidos por Vítor Proença e, se for eleito, que presidente de câmara espera ser?
Serei um presidente diferente, pois com a experiência de dezasseis como presidente de junta tive sempre uma maior proximidade com as populações.
Sou um homem da Terra. Conhecem-me bem. Sabem que estou sempre disponível, que não há gabinete, nem horário ou qualquer impedimento que me pare. Percorro aldeias, participo em feiras e colectividades, sento-me ao vosso lado em conversas informais, acolho sugestões e transformo-as em soluções concretas.
A demografia e a natalidade no concelho têm diminuído. Que propostas tem para reverter esta tendência?
Primeiro temos que responsabilizar os vários governos pela desertificação do interior do País com o encerramento de serviços públicos, pois isto é um problema nacional.
A primeira medida é criar melhores condições e qualidade de vida para a fixação de jovens e novos residentes. Melhorar as acessibilidades entre as aldeias. O principal para resolver este problema é a fixação de jovens.
E na questão da habitação?
Sabemos que devido à proximidade da Comporta a procura de habitação em Alcácer do Sal aumentou muito o que veio encarecer a procura, embora nesta primeira fase tenhamos ficado com a vista da marginal do rio Sado renovada e mais atractiva.
Ao longo destes anos a Câmara Municipal de Alcácer do Sal tem contribuído com apoios fiscais e isenções para a recuperação de imoveis degradados. Vamos continuar com as políticas de habitação iniciadas por este executivo nomeadamente com a construção de habitações de custo controlado e disponibilidade de lotes a preços reduzidos para jovens.
Quanto à criminalidade? Quais são as medidas que perspectiva?
Embora Alcácer do Sal tenha registos de alguns assaltos e casos de consumo de estupefacientes, comparativamente com outros concelhos podemos considerar-nos um território onde as pessoas se sintam seguras.
Sabemos que os sucessivos governos têm feito cortes orçamentais nas forças de segurança o que implica falta de efetivos e viaturas e o que podemos e iremos reivindicar juntos dos responsáveis é o reforço dos meios humanos e viatura nos postos de Alcácer do Sal, do Torrão e da Comporta.
A reactivação da estação ferroviária é uma preocupação?
O encerramento da estação ferroviária sempre foi uma preocupação para a CDU e para a comissão de utentes, desde o início e não só de agora que há eleições autárquicas. Sempre nos manifestámos contra, porque tínhamos a certeza de que iríamos perder mais mobilidade num concelho com tanta falta de transportes públicos e com esta dimensão.
O engraçado, sem ter graça, é que a oposição que agora já não é governo venha reivindicar a reactivação da linha ferroviária para passageiros quando já está a decorrer um estudo da IP onde preveem a passagem de comboios regionais de passageiros a partir de 2030.
No contacto com a população, como é que a população reage à sua candidatura?
Posso afirmar que a população reagiu positivamente ao anúncio da minha candidatura pois as pessoas têm conhecimento do meu trabalho durante quatro mandatos e especialmente como presidente da União de freguesias. Relembrar que a união de freguesias tem 70% da população e 60% do território.
Há algo mais que queira acrescentar?
Sob a liderança da CDU, Alcácer do Sal tem mudado para melhor. Esta candidatura representa um projeto que conhece as necessidades do concelho, respeita quem cá vive e quer ir mais longe.
Queremos continuar a avançar para novos patamares de desenvolvimento, continuando a promover o bem-estar de todos os que cá vivem.