1 Julho 2024, Segunda-feira

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“Somos um dos hospitais públicos com melhor produtividade” [Galeria de imagens do ‘novo’ hospital]

“Somos um dos hospitais públicos com melhor produtividade” [Galeria de imagens do ‘novo’ hospital]

“Somos um dos hospitais públicos com melhor produtividade” [Galeria de imagens do ‘novo’ hospital]

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Aos 60 anos, o Hospital de São Bernardo estrutura-se para rejuvenescer e ampliar os cuidados de saúde à população. Na calha está a construção de um novo edifício que Manuel Roque diz, em entrevista a O SETUBALENSE DIÁRIO DA REGIÃO, vai permitir, de forma estruturada, repensar o hospital a médio prazo

 

 

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Qual a caracterização do edifício a ser construído no campus do Hospital de São Bernardo?

O novo edifício foi projectado com ligação aos existentes para permitir a circulação de doentes e pessoal, dar acesso aos blocos operatórios e aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica. Terá três pisos e será construído na área de estacionamento do hospital, o que desde logo implica que tenha uma zona para estacionamento, no piso térreo, e com mais lugares do que agora temos disponíveis.

Com o novo edifício vai ser possível centralizar todas s urgências. Assim, no piso 0 ficará a urgências de geral e pediátrica e no piso 1 as urgências obstétrica e ginecologia, para além de todo um conjunto de apoios que lhe são inerentes como a unidade de cuidados especiais pré-natais.

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No primeiro piso teremos ainda duas salas de bloco operatório, o que irá ampliar a capacidade neste momento instalada. Neste piso teremos também uma unidade de cuidados intensivos que será ampliada – passando de 7 para 12 camas – e outra de intermédios.

Quanto ao piso 2, iremos ter 52 camas que vão permitir ampliar a capacidade de internamento do hospital e permitir a reconversão do Hospital do Outão.

 

É assumido que o Hospital Ortopédico Sant’Iago do Outão virá para a área do São Bernardo?

Este novo edifício permite-nos repensar o que vamos fazer com o Hospital do Outão onde neste momento temos dois blocos operatórios, mas a reconversão desta unidade implica que no edifício a construir tenhamos, no mínimo, o que existe na unidade do Outão.

 

Qual o montante financeiro para a construção do novo edifício e quando estará operacional?

É um projecto avaliado em 17,1 milhões de euros, a ser desenvolvido em três anos económicos. Prevemos lançar o concurso e iniciar a obra ainda este ano, em 2020 ter o principal da construção e em 2021 a instalação e começar a funcionar em pleno.

 

O certo é começar a obra ainda este ano?

Está previsto que arranque ainda este ano! Temos a verba inscrita no plano de investimentos do Ministério da Saúde distribuída por três anos económicos. Estão 10 milhões de euros previstos no próximo ano para investir nesta unidade, e o restante da verba será aplicada em 2021, ano em que começará a funcionar.

 

Referiu que vão ser reinstalados serviços. Prevê que a unidade a construir receba novos serviços?

Não contamos com novos serviços, mas sim ampliar os existentes e relocalizar alguns no futuro edifício. Por exemplo, a ortopedia que funciona no Outão, se quisermos que essa unidade seja reconvertida, os serviços irão passar para o novo edifício, assim como o seu bloco operatório, dai estarem previstas duas salas de bloco operário como ampliação normal do que temos no São Bernardo.

 

Para além do custo da obra vai ser necessário mais investimento para a instalação de equipamentos?

Uma boa parte dos equipamentos são os que resultaram da transição de serviços. Isto vai libertar-nos espaços para que a médio prazo podermos reforçar os cuidados de saúde à população. Portanto, não serão necessários grandes investimentos. A não ser com a ampliação dos cuidados intensivos que implica mais ventiladores, mas isso conseguimos com autofinanciamento. Normalmente, por ano, fazemos cerca de 2,5 milhões de euros em investimento, portanto uma parte dessa verba irá para esses ventiladores.

 

Durante o tempo de obra haverá constrangimentos na operacionalidade do Hospital?

Haverá alguns constrangimentos nas circulações internas, sobretudo nas fases mais críticas da obra. Mas o projecto foi estudado para que a actual circulação e acesso ao serviço de urgências não sejam minimamente sacrificados. Portanto a circulação vai manter-se, ainda que com uma via mais estreita.

 

E o estacionamento no campus do São Bernardo?

Estamos em negociação com a Câmara de Setúbal para utilizarmos um parque de estacionamento em zona limítrofe durante o tempo da construção, para funcionários e utentes.

 

O actual serviço de urgências pode ser considerado uma pecha do Hospital de São Bernardo? Até existir o novo edifício que medidas estão previstas para suavizar a situação difícil de hoje?

Temos previsto, em autoinvestimento, construir uma unidade de internamento de curta duração em zona anexa à urgência que vai permitir, durante os próximos três anos, suavizar o problema da procura, sobretudo, de cuidados assistidos ventilotóricos. Um dos grandes problemas que temos é a falta de rampas de oxigénio suficientes para responder ao afluxo da procura. Esta unidade estará a funcionar, provavelmente, este ano.

 

Recentemente ouviram-se queixas sobre a falta de limpeza no hospital. Esta é uma situação ultrapassada?

Foi uma situação pontual. Este é um serviço contratualizado a uma empresa externa que teve um problema com os funcionários que decidiram fazer greve. Entretanto contratámos outra empresa e vamos exigir as necessárias contrapartidas à anterior pelos constrangimentos causados.

 

A falta de médicos e enfermeiros tem sido uma permanente queixa tanto dos utentes como das administrações dos hospitais. No caso de Setúbal também subsiste essa queixa?

Gostaríamos sempre de ter mais recursos, mas temos os recursos humanos suficientes para garantir, com qualidade, os serviços que os cidadãos merecem.

Somos dos hospitais públicos com um dos melhores rácios do país em termos de pessoal e produtividade. Tivemos, de facto, alguns constrangimentos para substituir as pessoas que foram saindo, isto na fase de intervenção da Troika, mas nunca comprometeu o processo assistencial; nem permitiríamos que acontecesse, haveria sempre outras alternativas de recrutamento.

Ultimamente o nosso hospital tem sido bastante procurado por médicos que querem prestar serviço no nosso hospital. Mas em algumas especialidades ainda existem algumas dificuldades, como na anestesia, obstetrícia e também na pediatria. Quanto a enfermeiros, não temos falta.

 

Um problema recorrente nos hospitais são as listas de espera para consultas e cirurgia. Qual a situação do Hospital de Setúbal?

Temos constrangimentos na oftalmologia e algumas outras situações, mas estão identificadas e vamos resolver. No caso de cirurgia, não urgentes, temos listas de espera de quatro meses; mas não ultrapassamos os tempos médios para cirurgias programadas no Sistema Nacional de Saúde. Excepto na oftalmologia que chegamos aos sete meses de espera.

 

A partir de Junho o Hospital dá início ao serviço de hospitalização domiciliária. Qual a capacidade instalada para o cumprir e quais os requisitos do utente para receber este serviço?

É um serviço de aposta no futuro. Trata-se de ter camas hospitalares fora do hospital garantido às pessoas, em casa, terem os mesmo cuidados como se estivessem no hospital. Isto tem ganhos para as pessoas que podem estar com a família e estão menos expostas às infecções que se podem contrair no ambiente hospitalar.

É um serviço coordenado pela medicina interna, terá uma viatura afecta e uma equipa de profissionais alargada, que vai estar disponível 24 sobre 24 horas, direcionada para estes utentes. Vamos iniciar com seis camas e depois alargar, progressivamente, até termos cerca de 20 camas.

Terá custos acrescidos para os utentes?

Não!

 

O Hospital que temos, considerando o novo edifício, é aquele que a região precisa?

Temos dado sempre boa resposta na nossa área de influência, a da península de Setúbal, considerando também o Garcia de Orta, em Almada, e o do Barreiro Montijo, com os quais temos uma partilha de recursos em especialidades médicas; é um funcionamento em rede.

Esta rede tem conseguido resolver a maioria das situações sem termos de recorrer aos hospitais de Lisboa. E não podemos ignorar o bom trabalho feito pelos centros e saúde.

Entretanto, o São Bernardo tem dado apoio efectivo ao Litoral Alentejano. Temos um conjunto de médicos de infeciologia que se deslocam, por exemplo, ao estabelecimento prisional de Pinheiro da Cruz, que é da área de influência do Hospital do Litoral Alentejano, unidade que também nos envia alguns casos de maternidade.

É e não esquecer que somos um hospital de referência no distrito e zona sul do país na neurologia e cardiologia e também na área da cirurgia de obesidade. Para além disso, somos o único hospital na zona sul com laboratório de Biologia Molecular.

 

 

 

Manuel Roque sugere Hospital do Outão ligado ao turismo de saúde

 

A Fortaleza do Outão tem sido, durante anos, uma referência na resposta de saúde em ortopedia. Com a decisão de construir um novo edifício no campus do Hospital de São Bernardo, esta unidade será transferida para o seio da cidade, mas o presidente do conselho de administração da Centro Hospitalar de Setúbal gostaria este edifício histórico continuasse ligado à saúde. Manuel Roque vê várias oportunidades para este património na mão do Ministério das Finanças, uma possível nova dimensão seria ao nível de turismo saúde, com ares vindos do Sado.

 

 

O que vai ser da Fortaleza do Outão quando o Hospital Ortopédico Sant’Iago sair daquele edificado e for instalado no novo edifício do Hospital de São Bernardo?

Provavelmente a fortaleza vai ser reconvertida. É um edifício que foi adaptada a hospital com os constrangimentos inerentes a esse processo, e que foram aumentando com o tempo, apesar de ser um hospital certificado a nível internacional, mas tornou-se obsoleto.

O Estado vai ter uma última palavra, através Ministério das Finanças e Direcção Geral do Património, para a reconversão daquele edifício. Na minha perspectiva não deve continuar a ser um local de cuidados de saúde agudos, mas pode ser uma unidade de serviços de saúde como cuidados continuados, paliativos, reabilitação, ou mesmo turismo de saúde numa zona magnífica virada aos Sado.

 

 

 

Núcleos do novo edifício distribuídos por pisos

Projectado pelo arquitecto Luís Narciso, o novo edifício do Hospital de São Bernardo terá uma área bruta de construção de 13 350 metros quadrados e 4 730 metros quadrados de exteriores, no total são 18.080 metros quadrados. Terá três pisos.

Piso -1 – Estacionameno

Piso 0 – Serviço de Urgência Geral e Pediátrica

Piso 1 – Serviço de Urgência Obstétrica e Gineológica, Bloco de Partos, U.C.E.N., U.C.I. (níveis II e III), Ampliação do Bloco Operatório Central

Piso 2 – Internamento

 

 

Foto de Manuel Roque:  Alex Gaspar 

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