O mais recente álbum saiu em Março. Na estreia ao vivo, João e Pedro cantam num espectáculo criado e encenado por Ricardo Mondim
Amanhã à noite, a dupla Um Corpo Estranho e Ricardo Mondim apresentam o espectáculo Homem Delírio, em Palmela. O Cine Teatro São João é assim o sítio escolhido para a apresentação de mais um trabalho conjunto. Depois de A Velha Ampulheta e Qarib, a colaboração “consolida-se agora, num contexto ímpar e fascinante, em que o teatro físico/dança e a música ao vivo partilham o mesmo palco”.
“As expectativas para amanhã são gigantes. Para mim e para o Pedro, esta é uma estreia. Esta forma de estar em palco é uma coisa completamente diferente do que temos feito. O Ricardo tem-nos afinado ao máximo e a experiência está a ser fantástica”, começa por dizer João Mota, de Um Corpo Estranho, a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO, revelando que o resultado está ligeiramente longe da ideia inicial. “Nunca pensámos que pudesse vir a chegar onde chegou. No início, a ideia era nós a tocar e o Ricardo mais a representar, a complementar a música com a parte física, e de repente, tendo o espectáculo como um todo, estamos os três em palco a fazer parte da narrativa”.
“Este álbum chegou-me muito ao coração pela sonoridade”
Para Pedro Franco, o outro membro de Um Corpo Estranho, este é um trabalho de construção feito “com tempo” e que, segundo João Mota, cresce “cada dia mais um bocadinho”. A dupla junta-se a Ricardo Mondim para em conjunto subirem juntos ao palco pela terceiro espectáculo.
“Levamos isto como sendo uma trilogia. Quando pensei em termos música ao vivo foi também a pensar nesse culminar. Fazia todo o sentido os músicos estarem presentes ao vivo”, refere o criador, Ricardo Mondim, sobre esta parceria. “O som já era muito rico. O CD é realmente diferente dos que eles lançaram anteriormente. É mais teatral. A matéria, a parte mais teatral já lá estava”, continua, frisando que “a narrativa já estava criada só com o som” e que na primeira vez que ouviu as músicas imaginou “logo uma série de coisas, sem sequer dar atenção às letras. Este álbum chegou-me muito ao coração pela sonoridade”.
Com criação e cenografia de Ricardo Mondim, e música de Um Corpo Estranho, a interpretação está a cargo deste trio: Ricardo Mondim, Pedro Franco e João Mota, que embarcou neste desafio.
“Estamos numa fase bonita em que as pessoas abraçam o desafio antes de nós propormos o que quer que seja”, partilha Pedro Franco. Com o apoio da Câmara de Palmela, a produção e masterização de “Homem Delírio” está a cargo de Sérgio Mendes, os figurinos são de Zé Nova, o design de utopia-designers, e a fotografia de Xetubre. A direcção técnica é de António Machado e o desenho de luz está a cargo de Sofia Belchior, responsável também pela produção da Passos e Compassos. “Também é interessante para nós, porque é um projecto que nos deixa um pouco fora da nossa zona de conforto e é bom fazermos coisas diferentes. É para isso que serve a arte”, refere Sofia, em representação da companhia.
Sinopse do espectáculo
“A humanidade caminha para o abismo.
A guerra e o consumo excessivo de recursos materiais tornou o mundo cinzento e inóspito onde a doença e o medo proliferam.
Arrastando a sua casa, Abelâmio deambula por entre os escombros procurando a sorte; é um homem sonhador e solitário dotado de uma imaginação incrível.
Para ele nada é descartável, cada descoberta é uma oportunidade.
Tem a vulnerabilidade de uma formiga, mas a sua sensibilidade é do tamanho de um elefante. Refugia-se num universo imaginário onde habitam gigantes, músicos, cantores, poetas e seres estranhos.
Tem a capacidade mágica de transformar o inútil em fantástico.
Vive apenas dos restos dos outros e é feliz”.