Afonso Brandão: “Segurança, urbanismo e higiene e limpeza são as nossas primeiras prioridades”

Afonso Brandão: “Segurança, urbanismo e higiene e limpeza são as nossas primeiras prioridades”

Afonso Brandão: “Segurança, urbanismo e higiene e limpeza são as nossas primeiras prioridades”

O cabeça-de-lista diz que só prometerá aquilo que for possível cumprir. “Não estamos aqui para enganar ninguém”, afiança. E critica gastos da autarquia na ordem dos 700 mil euros por ano em aluguer de instalações

Depois de nas últimas autárquicas ter ficado a escassos votos de ser eleito vereador, Afonso Brandão, 55 anos, fundador e presidente da concelhia de Palmela do Chega, volta a candidatar-se à presidência da Câmara e sobe a fasquia: “Esperamos ganhar a Câmara. É para isso que aqui estamos.”
Em entrevista a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM, além das áreas de segurança, urbanismo e higiene e limpeza, o cabeça-de-lista enumera ainda como prioridades as acessibilidades, a modernização da máquina administrativa do município e a construção de um edifício que albergue vários serviços municipais. E acusa o presidente da autarquia de falta de democracia.

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O que terá de diferente para apresentar ao eleitorado em relação ao programa eleitoral que defendeu em 2021?
Basicamente a mudança nas prioridades que tinha. Palmela continua a ter os mesmos problemas, nestes quatro anos não vimos qualquer tipo de alteração às situações que se passavam e que se passam em Palmela.
Em primeiro lugar, a segurança. O Relatório Anual de Segurança Interna de 2023 diz que o distrito de Setúbal passou a ter o segundo lugar no crescimento de criminalidade. Palmela é um dos maiores concelhos do País, tinha três postos da GNR activos e neste momento tem dois. O posto no Poceirão fechou, deixando uma área vasta do nosso concelho completamente desprotegida.

Mas a autarquia já tem formalizada a adjudicação da construção de um novo quartel para Poceirão.
Até lá, Palmela tem uma série de edifícios na zona que pode, e deve, imediatamente ceder transitoriamente à GNR para manter lá o efectivo, para resolver rapidamente a situação, até termos o novo edifício construído.

Como por exemplo?
Onde estão os Dadores de Sangue, as escolas que não estão a ser usadas, que com muita facilidade se podem transformar num posto com condições.
A segunda prioridade é pôr o urbanismo a funcionar. Temos projectos parados, projectos que passam das datas que têm para ser respondidos, e obviamente não atraímos nem a nossa juventude para conseguir morar no concelho nem investimento. Alguém que queira fazer um investimento, com esta burocracia toda, vai fugir para outro município.

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Está a falar do peso da máquina administrativa?
Acho que roça a incapacidade que a Câmara tem de resolver o problema.

Em 2021 elegia também para o topo das prioridades a recolha do lixo.
Continua a ser uma prioridade muito forte. Todos os dias percorro alguns quilómetros das estradas do nosso concelho e verifico a incapacidade que a Câmara tem na recolha de resíduos e em manter Palmela limpa. É transversal a todo o concelho. Quer seja na parte rural, quer seja em Palmela, quer seja em Pinhal Novo ou em outra área qualquer, vemos lixo amontoado em todo lado. Carece de uma política completamente diferente, muito mais próxima, com fiscalização também à altura. E carece de uma coisa que é muito importante e que não estamos a fazer: os nossos meninos na escola serem sensibilizados e terem uma participação activa no ambiente.

Acha que é possível ultrapassar esta questão apenas com mais fiscalização e sensibilização na área da educação?
Não se resolve de um dia para o outro. Tem de haver acções no imediato para fazer face àquilo a que nós assistimos todos os dias: mais locais de depósito, maior frequência na recolha em determinados sítios, avaliar e estudar em parceria com as empresas que trabalham nessa área. Em paralelo, tem de haver fiscalização e, ao mesmo tempo, para deixarmos um dia de precisar disto desta forma, há que ajudar a preparar o futuro com as gerações que aí vêm.

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Segurança, urbanismo, higiene e limpeza são as três principais prioridades do Chega…
Temos mais. Essa é a ordem. Podemos ir à quarta: as nossas estradas. Continuamos a ter estradas de países de terceiro mundo. Não temos estradas capazes nem à altura daquilo que as nossas pessoas merecem. Estradas esburacadas, bermas que não existem, sinalização defeituosa, passadeiras que não se vêem. Não há investimento nessa área, só há investimento na véspera das eleições. Dois ou três meses antes das eleições vamos ver algumas estradas do concelho a serem asfaltadas. Não é forma de trabalhar. As obras têm de ser feitas quando têm de ser feitas, e não para mostrar que fazemos em vésperas de eleições. Não contem comigo para isso, não trabalho dessa forma.

Mas algumas estradas são da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal e aí o município pouco ou nada poderá fazer, sem ser reivindicar a intervenção. Por outro lado, tem-se verificado o lançamento de várias obras para caminhos nos últimos anos.
Refiro-me às estradas que são da responsabilidade da Câmara. Sobre as que são da responsabilidade da Estradas de Portugal, a Câmara deve fazer o papel que tem de fazer, ser muito incisiva, porque Palmela merece tanto como Lisboa ou como outra cidade grande, não podemos deixar que uns tenham e que nós não tenhamos aquilo que é devido. Falo daquelas que são de Palmela, aquelas estradas que ligam localidades de uma ponta à outra do concelho, não estava a referir-me àquilo que são estradas que estavam em terra batida e que a Câmara está [a asfaltar], mas está muito devagarinho.
A Câmara é muito lenta a fazer e já que tocou nesse ponto vou referir como se manda dinheiro dos contribuintes à rua. A Câmara faz a reclassificação de uma via, põe a pavimentação e está tudo bem. Mas daqui a uns anos continuamos a crescer e essa zona vai precisar de esgotos e água, porque a maioria dos sítios ainda não tem. Nesse momento, o que vai a Câmara fazer? Vai partir tudo o que fez, vai mandar o nosso dinheiro literalmente para o lixo, vai pôr a canalização e depois vai outra vez remendar a estrada. Uma das nossas propostas é que quando façamos uma obra dessas se deixe a infra-estrutura lá dentro. Se vai ser usada no próximo ano ou daqui a 10 anos, não tem mal, está lá, está feita, e depois é só ligar, não mandamos dinheiro fora. Fica aqui o desafio nestes meses que restam ainda de gestão do PCP: façam o favor de não mandar dinheiro dos contribuintes à rua.
Há muito por fazer, mas posso dizer o que nunca vamos fazer. Não vou usar nada numa campanha que não seja possível fazer.

Ou seja, não vai fazer propostas que não sejam exequíveis.
Sim. Vou dar um exemplo: nas últimas eleições alguém disse que temos a placa da Unidade de Saúde da Quinta do Anjo no local, um pequeno outdoor, e vamos iniciar a obra. A placa já está a ficar podre e não há uma pedra de início da obra. Isto não vai acontecer com o Chega na Câmara Palmela. Nós não estamos aqui para enganar ninguém, não estamos aqui para fazer promessas que não sejam cumpridas. Tal como referi há pouco, depois de ser eleito, em muito pouco tempo, o posto da GNR volta a abrir no Poceirão, numas instalações dignas e provisórias até edificarmos o novo quartel.

Mas esse centro de saúde acaba por estar garantido. O processo avançou com a tutela.
Pois, não se sabe é quando e nós temos de ter datas. Para o cidadão que vive lá, o processo avançou zero. Continuamos a não ter nada, só temos lá um outdoor. Nós não prometemos aquilo que não conseguimos cumprir.

Que mais o Chega se propõe a fazer, além do que enunciou?
Analisar muito bem como é que a Câmara gasta cerca de 700 mil euros por ano em aluguer de edifícios, para ter espalhados por todo o lado os serviços.

Defende a construção de um edifício para serviços centralizados?
Com certeza.

O Chega já tem neste momento todas as listas fechadas para os órgãos autárquicos de Palmela?
Não, neste momento ainda estamos a proceder à finalização das listas, muito tranquilamente, temos tempo. Queremos escolher e ter os candidatos em que a direcção da concelhia e a distrital acreditem. Encher as listas é fácil, encher as listas com quadros e com pessoas capazes de assumir a responsabilidade de uma Câmara Municipal é um pouco mais demorado. Apresentaremos a candidatura numa data a anunciar e nessa data as pessoas serão todas apresentadas, depois das eleições legislativas.

Não ter ainda fechadas as listas e também o facto de se recandidatar pode ter a leitura de que o Chega possa estar com dificuldades para ter os candidatos para os lugares certos…
De forma alguma. A minha candidatura surge por convite da direcção nacional e do presidente da distrital de Setúbal. Certamente em função dos resultados que tivemos em Palmela na primeira vez que fomos a votos. Ficámos a nove votos de eleger um vereador a primeira vez que fomos a votos em Palmela.

A luta contra a corrupção tem sido uma das bandeiras eleitorais do Chega. Em Palmela é preciso encetar essa luta contra a corrupção, ou seja, considera que existe corrupção em Palmela?
Encetar a luta contra a corrupção tem de se fazer em todo o lado. Não tenho qualquer tipo de indício para dizer se Palmela tem ou não corrupção. Não me compete fazer essa análise. Mas, posso dizer o seguinte: as actas da Assembleia Municipal não estão disponíveis no portal institucional desde Fevereiro de 2023. Não sei o que isto quer dizer (…), mas o facto é que a transparência é importante para que não haja dúvidas.

Uma coisa é a transparência e outra são indícios de corrupção.
Estão ligadas. Temos é de tornar tudo muito transparente, por forma a que não haja qualquer questão em relação a corrupção e a gastos indevidos.

Acha que existem gastos indevidos por parte deste executivo?
Acabei de mencionar há pouco um. Não sei se é indevido, mas é questionável 700 mil euros por ano em aluguer de instalações.

Como classifica então a acção deste executivo neste mandato?
Não posso estar feliz, se estivesse não estaria a concorrer com uma política diferente, uma forma de gerir diferente. Custa muito a perceber como é que os políticos, e passando aqui pela Câmara de Palmela, estão tantos anos fora da vida activa. São profissionais da política. As pessoas passam ali 15 ou 20 anos naquela vida e ficam fora do mundo. Veja que temos uma candidata que fez os mandatos todos que pôde, esteve fora [da Câmara] e agora vai concorrer novamente: Ana Teresa Vicente, pela CDU.

Mas aí já teve o contacto com a tal realidade de fora de que estava há pouco a falar…
Não deve ter muito, porque a senhora, com todo o respeito, é reformada. Não creio que tenha. Penso que gestão desta forma não é aquilo que nós precisamos. Precisamos de gente que saiba o que vem fazer para a Câmara em termos de gestão, em termos de não estarmos cá por nós, mas por quem nos elege. E falta isso. Quando temos um problema ou não concordamos com uma decisão e nos vamos manifestar ordeiramente, no sítio certo, e somos apelidados disto e daquilo… Como ouvi o actual presidente da Câmara, ao esquecer-se que tinha o microfone ligado, a chamar às pessoas do nosso concelho de “cheganos”. Mesmo que sejam, não é esse o caminho. Tem de haver respeito e tem de haver democracia a funcionar. Parece-me que neste momento a Câmara tem tudo menos democracia.

A gestão CDU?
Não direi o executivo todo, neste caso o presidente da Câmara.

Nas últimas eleições, o Chega ficou a menos de 1% dos votos de eleger um vereador. Espera conseguir melhor?
Esperamos ganhar a Câmara. É para isso que aqui estamos. Com certeza vamos conseguir muito melhor.

O MCCP, que nas últimas autárquicas foi a terceira força mais votada, não vai concorrer. Isso poderá ser mais favorável ao Chega, tendo em conta que pouco mais de 14% da votação terá de ir para algum lado?
Não indo a eleições, naquelas que seriam as segundas eleições da vida desse movimento, é um abandono de Carlos Sousa e do movimento à população. Certamente que essas pessoas terão de votar e certamente que muitas delas irão votar no Chega, porque reconhecem, na realidade, que o Chega nunca as irá abandonar.

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