Sérgio Faias: “O objectivo do PS é traçar um rumo para Sesimbra e voltar a afirmar a qualidade do seu território”

Sérgio Faias: “O objectivo do PS é traçar um rumo para Sesimbra e voltar a afirmar a qualidade do seu território”

Sérgio Faias: “O objectivo do PS é traçar um rumo para Sesimbra e voltar a afirmar a qualidade do seu território”

O candidato socialista diz que a CDU não apresenta um fio condutor ou uma visão estratégica capaz de apontar um caminho para o concelho

Actual líder do PS na Assembleia Municipal e presidente da Comissão Política Concelhia, do PS Sesimbra, Sérgio Faias nasceu no concelho há 46 anos, e ali reside. Casado, pai de três filhos, é doutorado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores e Mestre em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico. É Professor no Ensino Superior e actualmente desempenha funções como presidente do Conselho de Administração da Docapesca empresa pública responsável pela gestão, em Portugal Continental, dos portos de pesca, marinas, estaleiros navais e outas actividades conexas. Nos últimos oito anos foi presidente do Conselho Fiscal da Cercizimbra, sendo também presidente da Assembleia-Geral da Liga dos Amigos de Sesimbra.

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O candidato do PS à presidência da Câmara de Sesimbra afirma que a população do município precisa de uma nova esperança e, nesse sentido, a sua equipa está a projectar o concelho nos próximos 20 anos, assente em três eixos estratégicos: a Melhoria da Qualidade de Vida, a Coesão do Território e o Desenvolvimento Sustentável.

Nas autárquicas de 2021 foi o primeiro da lista socialista à Assembleia Municipal de Sesimbra, agora, em 2025, pretende conquistar a presidência da Câmara Municipal à CDU. Este foi um caminho planeado?

A minha candidatura à presidência da Câmara Municipal de Sesimbra é o resultado de uma vaga de apoio que partiu da sociedade civil e de militantes do Partido Socialista, que me fizeram o apelo, por considerarem que o meu perfil pessoal e o meu percurso profissional e político lhes transmitem total confiança para o exercício das funções.

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Não pude assim ficar indiferente aos apelos que recebi, e depois de uma ponderada reflexão, conclui que a população do concelho de Sesimbra precisava, de facto, de ter uma nova esperança, encontrando-me eu nas melhores condições para constituir uma equipa, apresentar uma alternativa, marcar um rumo e dar esse novo alento à nossa terra.

Esta candidatura não é, por isso, o resultado de nenhum percurso premeditado ou fruto de uma qualquer ambição pessoal.

Na apresentação da candidatura disse que este “é o momento do PS abrir uma nova janela de esperança e de se mobilizar para fazer acontecer uma transformação positiva no concelho”. Isto é uma crítica à gestão da CDU que lidera a Câmara Municipal de Sesimbra?

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A candidatura do PS aos vários órgãos autárquicos do concelho de Sesimbra não é uma candidatura contra ninguém. Mas, não podemos deixar de fazer notar que, nos últimos anos, o concelho de Sesimbra tem assistido a uma estagnação. O modelo de gestão das duas últimas décadas não apresenta um fio condutor ou uma visão estratégica, capaz de apontar um caminho ou um objectivo claro sobre onde nos queremos posicionar no futuro.

O objectivo do PS é traçar um rumo para o concelho de Sesimbra, voltar a afirmar a qualidade do seu território, mostrar à nossa população que continua a valer a pena viver, investir e sentir orgulho da nossa terra.

O Partido Socialista venceu em Sesimbra nas autárquicas de 2001 e veio a perder em 2005 para a CDU. Ao fim destes anos considera que o partido tem posicionamento no concelho para voltar a vencer?

Sim, venceu em 2001, já tendo vencido também, com maioria absoluta, em 1997. Devemos ter presente que o Partido Socialista sempre foi reconhecido pela população do concelho como uma força política de confiança, disponível para fazer cumprir a sua missão de servir as pessoas, num espírito humanista, de liberdade, igualdade e solidariedade, pugnando sempre pela defesa dos Direitos Humanos.

Essa confiança tem-se traduzido em vitórias consecutivas do PS nas eleições de âmbito nacional, mas também em eleições autárquicas. Saliente-se que, em 2021, foi possível conquistar a liderança da Junta de Freguesia da Quinta do Conde, que é actualmente a freguesia mais populosa do concelho de Sesimbra. Por isso, o nosso objectivo para 2025 é impulsionar uma mudança de rumo em todo o concelho e interromper o ciclo de 20 anos de gestão CDU que levou à actual insatisfação latente e desalento das nossas populações.

Que erros aponta à gestão da CDU no município?

Sesimbra é um concelho com características singulares no todo nacional. No entanto, nos últimos anos, tem-se assistido a uma utilização muito pouco adequada do seu potencial de crescimento e de afirmação. A falta de planeamento levou a um crescimento de população num ritmo bastante superior à capacidade de adaptação e criação de novas infra-estruturas e equipamentos sociais, induzindo uma crescente insatisfação dos munícipes pelo arrastar da concretização de soluções.

Convivemos hoje com uma limpeza urbana ineficaz, uma manutenção de estradas e ruas praticamente inexistente. E para aqueles que diariamente têm de fazer deslocações pendulares para outros concelhos, as condições de mobilidade agravaram-se fortemente. Assistimos também à falta de condições dignas para quem trabalha na autarquia, com trabalhadores instalados em pavilhões e contentores, impossibilitados de prestar um serviço público com o nível que gostariam.

O executivo comunista tem anunciado investimentos na educação, em equipamentos e reivindicado mais cuidados de saúde para a população. Como avalia este quadro?

Uma resposta pública com qualidade na Saúde e na Educação é fundamental para a consolidação de uma sociedade mais justa e solidária, e para a qual todos os agentes da administração devem contribuir. No caso das autarquias locais, face à maior proximidade aos cidadãos, deve existir uma monitorização atenta dos serviços prestados, com total disponibilidade para alertar e actuar, sempre que se identifiquem falhas ou faltas de resposta.

Foi nesse espírito que, enquanto o PS esteve no Governo, se estabeleceram parcerias com o município para melhorar as infra-estruturas de prestação de cuidados de saúde primários, seja através da construção da unidade na Freguesia de Santiago, já concluída e da unidade da Freguesia da Quinta do Conde, que se encontra em curso.

Já no sector da Educação, a resolução da falta de resposta para o ensino secundário na Quinta do Conde tem-se arrastado, dificultando a vida de muitos jovens que só encontram resposta noutros concelhos. Neste caso, é necessário mais pragmatismo e fazer avançar uma solução imediata, ainda que transitória, enquanto se luta pela solução de carácter mais definitivo.

Sesimbra é um concelho de grande atracção turística. Como pode este sector ser mais regulado e entrosado com a população local?

O turismo constitui uma das principais actividades económicas do concelho de Sesimbra, responsável por um vasto número de postos de trabalho. Durante anos, o concelho tem encarado este sector como uma grande aposta, mas devido a uma falta de orientação estratégica clara, traduzida na resistência em fazer a revisão do Plano Estratégico do Turismo (existente desde 2010), regista-se hoje uma massificação e sazonalidade excessivas, que afectam negativamente o nível de qualidade que se pretende para este destino turístico.

É por isso fundamental, através de um espírito de diálogo com os agentes económicos, redefinir o modelo de turismo e investir numa maior harmonia entre o território, a natureza, o património, a gastronomia e o modo de vida das nossas gentes. Um modelo menos massificado, que contrarie a sazonalidade, que potencie as actividades económicas mais tradicionais, associadas à pesca e à agricultura, e em que o desporto, o património e a cultura possam assumir-se como as alavancas dessa transformação.

A pesca é um dos sectores mais dinâmicos na economia local de Sesimbra. O que tem de ser feito pela autarquia a favor de infra-estruturas para esta actividade?

A pesca constitui uma actividade vital no nosso concelho. Este sector molda a identidade da população e contribui para a sustentabilidade económica e social de muitas famílias, seja através do conjunto de actividades que lhe estão directamente associadas, que vão da produção, à comercialização e transformação de pescado, passando pela construção e reparação naval, seja indirectamente, através de actividades conexas, como por exemplo o turismo e a restauração.

O Porto de Sesimbra consolidou-se nos últimos anos como o principal porto de pesca português. A partir de Sesimbra é escoado pescado para todo o País e para a exportação, mas ao contrário das condições de acesso marítimo que permitem que o mesmo seja operado durante todo o ano, o acesso rodoviário apresenta fortes condicionantes e falta de segurança. É por isso que a construção da variante ao Porto de Abrigo é prioritária, devendo a mesma ser assumida como um dos principais desígnios da Câmara Municipal de Sesimbra no próximo mandato.

Que apoios, também a nível da autarquia, podem e devem ser dados aos pescadores?

A pesca é hoje uma actividade próspera e de um elevado dinamismo. Este facto não invalida que não enfrente dificuldades e desafios, dos quais se destaca a necessidade de tornar a actividade mais atractiva e qualificada, de modernização da frota, de redução dos custos energéticos, assim como uma distribuição mais equilibrada dos rendimentos ao longo da cadeia de valor.

Considero por isso que o município, em estreita colaboração com as associações do sector e as respectivas organizações de produtores, poderá contribuir para a solução de algumas destas dificuldades, através, por exemplo, do apoio à criação de soluções formativas adequadas, da divulgação da actividade junto das camadas mais jovens, de um maior apoio à preparação de candidaturas aos fundos comunitários disponíveis ou do desenvolvimento de respostas dedicadas para a habitação das tripulações. O incentivo a um maior envolvimento do sector com instituições de ensino superior e centros de investigação será também de particular importância, para permitir o desenvolvimento de novos produtos e métodos, que contribuam para uma maior valorização dos produtos alimentares do nosso mar.

Neste momento, qual a área mais problemática no concelho?

O concelho de Sesimbra tem um conjunto de problemas próprios, mas também alguns que são transversais a outros concelhos do País. Assim, para além da insatisfação da população com o nível de resposta de algumas valências do município e com um processo de revisão do PDM que leva já 18 anos, um dos principais problemas do concelho relaciona-se com a falta de habitação a custos acessíveis. Apesar de existir habitação a ser construída no âmbito do PRR, a oferta ficará muito aquém das necessidades, em particular para as camadas mais jovens, que se vêem assim impossibilitadas de viver a sua independência.

A esse problema acresce a falta de oferta de emprego qualificado no concelho e a dificuldade nos transportes e acessibilidades para quem tem de fazer movimentos pendulares diários. Na prática, a percepção dos jovens mais qualificados é a de que se quiserem ter casa e emprego digno, não poderão continuar a viver em Sesimbra. E se nada for feito, essa dura realidade consolida-se e terá graves consequências a médio prazo no nosso território.

Se for eleito, que linhas mestras define para o mandato?

Para a nossa acção à frente dos destinos da Câmara Municipal de Sesimbra estamos a construir a visão com que queremos projectar o concelho nos próximos 20 anos, assente em três eixos estratégicos: a Melhoria da Qualidade de Vida, a Coesão do Território e o Desenvolvimento Sustentável.

Para atingir esse futuro, há um caminho a percorrer, que passa pela resposta aos problemas concretos das pessoas. Desde logo, através de uma agilização e simplificação de processos, e assim melhorar os serviços públicos prestados pela autarquia. Queremos voltar a proporcionar a quem cá vive ou nos visita, áreas urbanas harmoniosas, um território mais e melhor ordenado e gerido, com espaços naturais mais bem protegidos e conservados.

Queremos também apoiar um desenvolvimento económico e social que respeite os nossos recursos naturais, desenvolver e pugnar pela aceleração da construção de habitação e de infra-estruturas que reduzam distâncias e aproximem as populações, captar a instalação de centros de conhecimento e inovação, capazes de criar mais valor na economia local e emprego qualificado, e assim contribuir para fixar os mais jovens no nosso concelho.

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