É muito rico e humanista o legado do Papa Francisco. Ainda por cima, era de uma simpatia contagiante e de uma evidente autenticidade. Um homem que se valeu, e bem, do alto cargo que ocupou na instituição com talvez a maior influência no mundo, para criticar “a economia que mata”. Ou seja, o capitalismo. Ou para condenar as guerras e os que beneficiam com elas. Com a venda de armamentos, domínio de países, posições geográficas estratégicas e acesso fácil a importantes recursos naturais. E mostrando-se sempre solidário com as suas vítimas e com a exploração desenfreada que gera assimetrias imorais, em que ínfimas minorias dispõem de mais riqueza que milhões e milhões de pessoas. Minorias essas que através dos meios de comunicação social tradicionais; televisão, rádio, jornais e agora também com as redes sociais, condicionam e manipulam a opinião das massas.
Uma pessoa com a sua influência e postura, granjeou a maior admiração, respeito e carinho, independentemente de se ser católico, de outra religião, agnóstico ou ateu.
Mas por outro lado, gerou também animosidades que não são mais notórias, principalmente agora com toda esta onda de consternação com a sua morte, para não serem alvo de críticas. E no caso de tantos políticos, para não perderem crédito e votos.
Há casos concretos que são de um ridículo e hipocrisia de bradar aos céus. Por exemplo, alguns deles: o que pretende anexar o Canadá, a Gronelândia, o Panamá, ser capataz do mundo. E pior que isso tudo, o apoio incondicional que dá à maior vergonha, ao maior crime dos nossos dias, que é o genocídio de um povo, com milhares de crianças mortas, decepadas, sem proteção familiar porque a perderam sob a metralha e destruição. Mas também, evidentemente, jovens e adultos. Ao todo até à data, mais de 50 mil. Só crianças, são 16 mil. Pois bem, o grande apoiante desta carnificina, quando escrevo, quinta-feira, 24, conspurcando a sua memória, diz que estará presente no funeral do homem que sempre condenou a guerra. Outros, que não apoiando diretamente o genocídio do povo palestiniano, mas que nunca o condenaram como deviam, que mantém relações com o Governo do Estado agressor e violador dos mais básicos princípios da moral e do Direito Internacional, que nunca lhe aplicaram sanções ou qualquer represália, que assistem impávida e serenamente à barbárie.
Outro exemplo concreto de quem diz também estar presente no funeral do humanista e anti belicista Papa Francisco, é quem os atrás citados, consideram um democrata e seu aliado. O homem que ilegalizou todos os partidos do seu país (11), que dá cobertura e se serve de nazis confessos como o tristemente Batalhão Azov, que pôs a ferro e fogo regiões russófonas, como o Donbass, provocando 15 mil mortos. E com o que o Papa Francisco criticou; “a NATO a ladrar às portas da Rússia” tudo isto, motivando a invasão do Donbass e a intervenção russa na guerra, que urge parar.
Mas o legado do Papa Francisco dará frutos porque foi uma boa sementeira.
