“Quando for grande, quero ser como o meu pai…”: O papel do pai no desenvolvimento emocional dos filhos

“Quando for grande, quero ser como o meu pai…”: O papel do pai no desenvolvimento emocional dos filhos

“Quando for grande, quero ser como o meu pai…”: O papel do pai no desenvolvimento emocional dos filhos

19 Março 2025, Quarta-feira
Psicóloga clínica e psicoterapeuta psicanalítica

O papel do pai tem mudado ao longo do tempo, acompanhando as significativas transformações culturais e sociais. Este deixou de ser visto apenas como o suporte financeiro e a pessoa que toma as grandes decisões familiares, passando a ser reconhecido pela sua importância essencial na estruturação psíquica e no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança.

Nos primeiros meses de vida do bebê, o pai desempenha um papel fundamental ao oferecer suporte e segurança emocional à díade mãe-bebê. Essa presença ativa desde o início fortalece os laços afetivos e cria uma base segura para o desenvolvimento da criança. Atualmente há diversas evidências de que a interação precoce do pai com o bebé, desde o nascimento, favorece o desenvolvimento emocional e relacional de ambos. À medida que a criança cresce, a figura paterna assume um papel central ao introduzir a noção do “terceiro” na relação com a mãe. O pai ensina que é possível existir a três, sem ameaças ou rupturas, ajudando a criança a elaborar medos como o da perda, da rejeição e da exclusão. Além disso, a valorização que o pai oferece à criança é essencial para a construção da sua auto-imagem e auto-estima. Um pai que investe, valoriza, está presente e se mostra disponível afectivamente está a proporcionar a construção de uma boa auto-estima e de uma personalidade mais flexível e segura. No entanto, o papel paterno também envolve estabelecer regras e limites. O pai deve representar autoridade, mas sem ser rígido ou inflexível. Uma postura equilibrada, que combine firmeza e compreensão, ajuda a criança a diferenciar o certo do errado e a lidar de maneira saudável com os seus erros e frustrações. Pais muito autoritários, inflexíveis e agressivos podem levar as crianças a desenvolverem comportamentos desviantes (como forma de protesto ou desafio) ou, ao contrário, a uma auto-crítica, desvalorização e auto-punição constantes. Já o vazio promovido pela ausência paterna, seja física ou emocional, pode fazer com que a criança fantasie que não é amada, importante ou valorizada, o que pode impactar profundamente sua auto-estima e seus relacionamentos futuros.

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“Eu quero ser como o meu pai…” frase tantas vezes dita pelos meninos significa, eu quero sentir-me amado, valorizado, gostado pelo meu pai para me poder identificar com ele e assim também vir a gostar de mim. Não será estranho que as meninas queiram ser as princesas do pai, base de uma dinâmica um pouco diferente mas que na génese tem um significado idêntico, eu quero ser desejada, amada, valorizada pelo meu pai para poder gostar de mim própria e ter desta forma uma ideia como vou ou não permitir que os outros homens me tratem no futuro.

As representações da figura paterna são complexas e têm um impacto duradouro na vida emocional das crianças. O pai é, assim, um pilar essencial no desenvolvimento. As suas atitudes, presença e forma de se relacionar deixam marcas profundas que acompanham os filhos ao longo da vida, moldando a forma como se sentem e relacionam com o mundo. Que neste Dia do Pai possamos reflectir sobre o impacto do paterno nas nossas vidas. 

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