Acusação do MP considera que Bruno engendrou um esquema para satisfazer o vício da droga, visto que não tinha trabalho e vivia com a mãe, que o suportava
Bruno Pereira, vigilante de 31 anos, começou esta segunda-feira a ser julgado no Tribunal de Setúbal pelo homicídio de um homem com a droga GHB, conhecida como droga da violação em Fevereiro do ano passado, para o roubar.
Em tribunal, o arguido, conhecido como “Tio Bubu” negou que tivesse sequer qualquer droga à vítima e disse que “pensava que ele estava a dormir e não o quis acordar”. “Ele era meu amigo próximo, se soubesse que estava mal ajudava-o, mas estava muito drogado”.
A acusação do Ministério Público (MP) considera que Bruno engendrou um esquema para satisfazer o vício da droga, visto que não tinha trabalho e vivia com a mãe, que o suportava, mas não lhe dava dinheiro para a droga.
Ao longo de pelo menos um ano, Bruno levava para a sua casa, na Travessa da Saboaria, homens que engatava numa plataforma electrónica. Drogava-os com GHB levando a que perdessem os sentidos e tomava acesso às suas contas electrónicas, roubando-os.
O homicídio aconteceu no dia 13 de Fevereiro. Bruno convidou para a sua casa um homem que drogou com GHB em excesso, o que o viria a provocar a morte por a vítima tomar também medicamentos antidepressivos, uma mistura que se revelou fatal. Nessa tarde, o MP descreve que Bruno pegou no cartão bancário da vítima e ignorou o estado desta.
Enquanto a vítima agonizava até à morte, Bruno deslocou-se ao Alegro para tentar levantar dinheiro e fazer compras com o cartão da vítima. Queria aparelhos electrónicos, que pudesse mais tarde trocar por droga, mas o código PIN do cartão estava errado e não concretizou o plano.
Em tribunal, Bruno disse que a vítima era “um amigo próximo de longa data”. “Convidei-o nesse dia para ir ter comigo a casa para sexo, mas não lhe dei qualquer droga, foi ele que tomou o GHB que tinha com ele e pensava que ele estava a dormir quando voltei das compras com o seu cartão, que me emprestou para comprar um tablet”, disse. Bruno Pereira mostrou emoção ao colectivo de juízes, justificando que “se soubesse que ele estava com dificuldades, tinha tentado salvá-lo, mas eu próprio estava muito drogado com alfa-PHP”, uma droga sintética mais forte que a cocaína.
Bruno disse que deixou a vítima consciente quando saiu de casa. “Ele deu-me o cartão, tranquei a porta porque não queria que a minha mãe o visse e quando cheguei, pensei que estava a dormir então deixei-o estar até de madrugada, quando o coloquei na porta de entrada. Eu estava alucinado, não sabia o que estava a fazer”. Foi detido pela Polícia Judiciária no dia seguinte por ter em casa os ténis da vítima, que de acordo com o MP queria vender para comprar droga.
Em tribunal, Bruno confessou ter roubado um ano antes outra vítima, a quem levou 1900 euros. Drogou-a com GHB e utilizou aplicações bancárias para transferir dinheiro para as suas contas. Este acordou sem saber o que tinha acontecido e só quando saiu de casa de Bruno é que se apercebeu de ter sido roubado.