Socialistas e comunistas do executivo querem resolução da carência de médicos no concelho e medidas que permitam ultrapassar a situação actual
O Partido Socialista e a CDU de Alcochete contestam o eventual encerramento das urgências de obstetrícia no Barreiro, considerando que esta decisão deve ser “reavaliada imediatamente”. Os representantes socialistas e comunistas no executivo da Câmara Municipal de Alcochete acusam o Governo de optar pelo “caminho mais fácil e prejudicial”, uma decisão que “enfraquece” o acesso aos cuidados de saúde.
Na reunião pública desta quarta-feira os eleitos do partido rosa em Alcochete apresentaram a moção “Por mais e melhores cuidados de saúde no nosso território”, onde exigem a resolução da carência de médicos no concelho e pedem “verdadeiras medidas” cujo objectivo “permitam ultrapassar a presente situação”, que tem vindo a “gerar um justificado e crescente sentimento de insatisfação junto da população”.
O concelho de Alcochete tem um total de 19 852 utentes, sendo que 38,2% (7 589) não têm médico de família. A extensão de saúde na Freguesia do Samouco funciona apenas com serviço médico três vezes por semana, uma “resposta parca” no entender dos socialistas.
Já o Passil, desde Dezembro de 2024, que deixou de ter a única resposta de cuidados de saúde primários de proximidade, que era prestada quinzenalmente por uma médica de família. Para o PS, este encerramento sucessivo, definitivo ou temporário, das unidades de prestação de cuidados de saúde no concelho tem como consequência uma maior afluência ao Hospital da Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, que fica a 30 km de Alcochete.
Na moção, aprovada por unanimidade, que tem como destinatários a ministra da Saúde, o Primeiro-Ministro, todos os Grupos Parlamentares da Assembleia da República e a Unidade Local de Saúde Arco Ribeirinho (ULSAR), o PS de Alcochete critica o anúncio do Governo da intenção de encerramento definitivo das urgências de obstetrícia no Barreiro.
Para os socialistas esta decisão é “verdadeiramente desfavorável” para a população alcochetana, representando um “enorme retrocesso” na prestação de cuidados de saúde materno-infantis.
“A decisão de encerramento da maternidade é de um prefeito desconhecimento dos problemas hospitalares que persistem no nosso território. O actual Governo opta pelo caminho mais fácil e prejudicial, enfraquecendo o acesso aos cuidados de saúde”, acusam.
Em concordância com o PS, a CDU expressou, também numa moção, “toda a solidariedade” com os utentes do Hospital do Barreiro e com os seus profissionais. A coligação comunista convocou também todos os utentes do concelho de Alcochete para a Marcha da Saúde, convocada pelas Comissões de Utentes, marcada para o próximo dia 22 de Fevereiro.
Na passada sexta-feira, a ministra da Saúde anunciou que o Governo vai estudar a proposta de um grupo de peritos para a criação de um centro materno infantil na Península de Setúbal e de integração do Hospital do Barreiro e do Hospital Garcia de Orta, num regime de urgência metropolitana.