Black Lies Matter, exposição do artista plástico Rómulo Santa Rita inaugurada este sábado

Black Lies Matter, exposição do artista plástico Rómulo Santa Rita inaugurada este sábado

Black Lies Matter, exposição do artista plástico Rómulo Santa Rita inaugurada este sábado

Artista elabora composições a partir de materiais alternativos, como cartão, livros com manchas de tinta acrílica e guache, revistas e papel

A partir de materiais alternativos, como cartão, livros ou revistas, o artista Rómulo Santa Rita inaugurou este sábado uma exposição de artes plásticas, no Seixal, com obras que apelam à reflexão sobre migrações e exploração de mão-de-obra barata.

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A “Black Lies Mater”, que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal do Seixal, e a plataforma Afrikanism Art, vai estar patente na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro até 6 de Abril.

Nascido em Lisboa em 1980, Rómulo Santa Rita tem origem portuguesa, angolana e moçambicana.

Autodidacta, mudou-se para Luanda em 2011, onde aprofundou a reflexão sobre o que viriam a ser as suas intervenções urbanas, enquanto expressão de vida e pensamento.

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Numa técnica definida como ‘paper street art’, Rómulo Santa Rita elabora composições a partir de materiais alternativos, como cartão, livros com manchas de tinta acrílica e guache, revistas e papel, que escrutina de acordo com os temas políticos, sociais e culturais que pretende abordar.

“A obra é o reflexo do que sinto, do que tenho dentro de mim. Toda a gente sabe que estas questões existem, mas não se fala o suficiente sobre elas e por isso a necessidade de mudança continua a ser muito pequena”, explicou Rómulo Santa Rita em declarações à agência Lusa.

Para o artista, as obras que ficam patentes na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro reflectem um lado triste do seu coração e é uma chamada de atenção que considera obrigatória sobre o que se passa no continente africano.

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“As pessoas não conseguem comer a maior parte dos recursos pintados nestes quadros. Pouca indústria tem. Não há necessidade que sejam explorados desta maneira e eu sinto esta necessidade de chamar a atenção para isso”, disse.

Rómulo Santa Rita explicou que o seu trabalho tem uma continuidade estética, pintando temáticas com “alguma tentativa de activismo” sendo esta a “força que o faz mexer”.

João Boavida, curador da exposição e fundador da Afrikanizm Art, explicou que o “Black Lies Mater” acaba por trabalhar “as mentiras convencionais que se tenta não olhar”.

Os trabalhos reunidos nesta exposição colocam a ênfase nas migrações, nas crianças soldado e na exploração de mão-de-obra barata.

“Existem milhares de pessoas a morrer em África diariamente para que possamos ter alguns bens supérfluos. Esta exposição acaba por ter várias fases, numa primeira fase sobre as questões migratórias, depois trabalha o tema das milícias constituídas por crianças, a exploração do cacau que vem da Costa do Marfim, onde as crianças são catadores de cacau, e ainda a exploração do cobalto e do lítio”, explicou João Boavida.

A Afrikanizm Art, fundada em Agosto de 2021, é uma ‘startup’ angolana dedicada à promoção e venda ‘online’ de arte contemporânea africana.

A colecção “Black Lies Matter”, segundo a Afrikanizm Art, “transcende fronteiras e desafia o público a examinar as realidades gritantes da desigualdade, do racismo, da pobreza e da empatia seleccionada que persistem no mundo”.

Através de uma fusão de meios e materiais, como a colagem, o spray e o papel reciclado, Rómulo Santa Rita revela as dimensões multifacetadas das comunidades africanas.

Segundo o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, “através da obra deste artista pode ser vista a vida das crianças-soldado, dos refugiados, a exploração desenfreada dos recursos do continente africano e, simultaneamente, dos milhões de explorados e de ‘meninos sem condição’ sobre os quais todos somos responsáveis”.

Na inauguração da exposição, o autarca referiu que a obra de Rómulo Santa Rita tem uma mensagem de grande intensidade.

“A arte é reflexão mas também pode ser denuncia e um factor de pensamento. Pode também ser uma arma contra a opressão, o neocolonialismo e a opressão. O Rómulo consegue passar essa mensagem sobre a retirada das riquezas de África sem olhar a meios para se conseguir fins”, disse.

Paulo Silva vincou também a importância do trabalho desenvolvido pela Afrikanizm Art por ser um motor de divulgação da cultura africana e dos artistas plásticos africanos.

Actualmente, a Afrikanizm Art conta com mais de 200 artistas africanos de 16 países e visa promover o trabalho dos artistas, mas também abrir canais de venda das suas obras.

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