Joana Negrão tem actuação marcada para 1 de Março, na segunda semifinal da competição
A cantora setubalense Joana Negrão, criadora do projecto ‘A Cantadeira’, vai participar no Festival da Canção com o tema “Responso à Mulher”. O convite para fazer parte deste evento suscitou ”uma mistura de pânico, horror e excitação”, com a artista a ver esta participação como uma oportunidade para levar a sua música “a um meio diferente”.
A cantora, letrista e instrumentista nunca viu este festival como algo para si, considerando que o seu trabalho “sempre esteve afastado do mainstream”. Joana Negrão explicou, em declarações à União das Freguesias de Setúbal, que quando surgiu o convite foi “uma mistura de pânico, horror e excitação”, vendo esta oportunidade como uma possibilidade de levar a sua música “a um meio diferente”.
Realça que, apesar do receio inicial, o desafio foi aceite sem comprometer a identidade artística: “Convidaram-me como “A Cantadeira” e eu fiz a música que quis, da forma que quis. Estou muito satisfeita com o resultado”, revelou.
A actuação está marcada 1 de Março, na segunda semifinal, sendo que artista considera que passar à final, no Dia Internacional da Mulher, seria “incrível”, uma vez que o tema “celebra a voz feminina de hoje em conexão com as antepassadas”. Para Joana Negrão, independentemente do resultado, a experiência “está a abrir caminhos novos” para a sua música.
Nascida em Setúbal, em 1983, viveu na cidade até aos 18 anos, altura em que saiu para estudar História com variante em Arqueologia. A artista revelou que regressar “foi muito especial”, tendo encontrado “uma cidade diferente, culturalmente mais vibrante e aberta”. “Hoje, tenho orgulho em dizer que sou uma artista de Setúbal e que o que faço tem lugar aqui”, realçou.
Quanto ao futuro, a artista sadina planeia continuar a explorar as tradições, dando-lhes uma voz contemporânea e mantendo viva a essência das suas raízes. “Quero continuar a afirmar o papel da mulher e da música tradicional num mundo em constante mudança. O passado tem muito a ensinar-nos sobre o presente”.
No seu projecto solo, Joana Negrão coloca a voz como elemento primordial das suas criações, gravando-a em tempo real e utilizando-a como base instrumental de suas músicas. Nesse processo de construção vocal, a sua voz assume múltiplas camadas e texturas, dando vida a canções que exploram temas como a ancestralidade e o empoderamento feminino.
O seu primeiro disco, “Tecelã”, lançado em Maio de 2024, foi bem recebido ao ser escolhido como Disco Antena 1 e também fora de Portugal, alcançando o quarto lugar na World Music Charts e o primeiro na lista ibérica Limur. Com uma abordagem artística que une tradição e modernidade, Joana Negrão celebra as raízes culturais portuguesas e mostra que a música tradicional pode ser tão envolvente e universal quanto actual.