Profundamente desiludo, o presidente da Câmara de Palmela diz que o que se passou na Assembleia da República “é estranho e até maquiavélico”
O Parlamento aprovou no passado dia 17 a desagregação de 135 Uniões de Freguesias em Portugal continental. Cerca de 12 anos depois, vão assim ser repostas 302 freguesias. Em Palmela aguardava-se com expectativa a decisão para a desagregação da União das Freguesias de Poceirão e Marateca, mas o pedido acabou rejeitado.
Álvaro Amaro, presidente da Câmara Municipal de Palmela, em declarações a O SETUBALENSE, mostrou-se “profundamente insatisfeito”, mas promete que a “luta” pela reinstalação das freguesias de Poceirão e Marateca vai continuar.
“Mesmo na actual lei para a criação de freguesias, tanto Poceirão como Marateca preenchem e ultrapassam todos os critérios. Se não for por uma via, há-de ser por outra”, disse.
Nesse sentido revela que já foi feito um desafio aos autarcas da União das Freguesias “para que comecem a encetar o processo já ao abrigo dessa nova lei”. Álvaro Amaro garante todo o apoio técnico e político dos órgãos autárquicos do município e deixa um recado a outras forças políticas.
“Já percebemos que há partidos que continuam a votar contra, mas a maioria, felizmente, está a favor desta desagregação porque só vemos nisso vantagens para a população e para o funcionamento dos órgãos autárquicos. Maior proximidade, mais gente a intervir na coisa pública, naquilo que diz respeito à sua comunidade, ao seu bairro, à sua freguesia”.
Aquilo que se passou na Assembleia da República, aponta, “é de facto um pouco estranho e até maquiavélico”. “Há pessoas que saem da comissão, recuperam freguesias que não preenchiam todos os critérios e deixam de fora freguesias como esta que tem o dossier impecável, que cumpre todos os parâmetros”, sustentou.
O presidente diz compreender a mágoa e a confusão das pessoas com este processo, mas garante que tudo foi feito de forma a respeitar as exigências e prazos definidos e lamentou diferentes posições em termos políticos.
“Há quem, com estas noticias, possa interpretar o processo à sua maneira. Nós consideramos que houve aqui uma grande unidade de todas as forças políticas na freguesia, no município já não, mas a diferença entre o que se defende a nível nacional e local nalguns partidos foi notória. As pessoas estão magoadas mas podem continuar a contar com os seus autarcas de freguesia e com a câmara municipal para retomarmos todo este processo o mais rapidamente possível”, finalizou.