Façam o (im)possível para se acabar o cais e as linhas na Estação de Pinhal Novo
Caro leitor, a 12/03/19 saiu aqui o 3.º e último artigo sobre a mobilidade ferroviária entre Setúbal e Lisboa (para compreender este, leia o outro em opinião: www.diariodaregiao.pt), o qual teve grande número de leitores (164 no Site do jornal, não sei quantos em papel). Nele sugeri ligar as 2 cidades com 5 comboios por hora em vez de 3 ─ mais 66% de oferta ─ e sem criar novos horários ou comprar comboios (devido à falta de recursos financeiros, carência em todas as linhas do país e demora na entrega). Alguns leitores pediram-me para voltar ao tema, dada a utilidade da sugestão.
Mas ter mais comboios exige terminar o cais e as linhas no Pinhal Novo (parados desde 2004) e ajustar a operação nos 2 comboios da CP e nos da Fertagus: 1.º ─ Ajustar os horários do barco da Soflusa e do 2.º comboio da CP (que recua dos 48 para os 38 minutos para haver 3 a partir de Setúbal, de 20 em 20 minutos): o que não é difícil. 2.º ─ Estender os 2 comboios curtos que terminam em Coina até ao Pinhal Novo, fazendo aqui o terminal (o 3.º dos 3 comboios por hora entre Coina e Lisboa já vem a ─ e vai de ─ Setúbal), o que implica mais 11 minutos de viagem: é o ajustamento mais difícil, por exigir mais 1 comboio. Não se comprando (pelo que referi acima e porque não se compra só 1 comboio), só se pode conseguir com uma destas 3 opções: a) Separar os comboios de 8 carruagens, permitindo composições de apenas 4 para as horas de menor procura. b) Eliminar o comboio da Fertagus entre Setúbal e o Pinhal Novo e passar de 2 comboios da CP para 3 entre Setúbal/Praias do Sado e Pinhal Novo (ou Barreiro): se a opção fosse o Barreiro, havia 6 comboios por hora entre Setúbal e Lisboa. c) Eliminar 1 comboio extra do percurso de Coina a Setúbal (dos de 30 em 30 minutos nas horas de ponta): é a pior opção. Eu não inventei estas soluções técnicas, obtive-as junto de quem conhece bem o assunto, tal como o impasse na Estação do Pinhal Novo e as limitações que provoca no tráfego.
Aumentar a oferta é urgente depois da revolução na mobilidade com os novos passes, a que acresce, no curto-médio prazo, os efeitos do aeroporto do Montijo. Por isso apelo aos seguintes Presidentes das Câmaras:
Palmela: Por ter maior número de populações lesadas. Palmela (e Aires), Venda do Alcaide, Pinhal Novo e várias em redor da Estação de Penalva (da Quinta do Anjo ao Bairro Alentejano). E para se redimir de, como Presidente da Junta de Freguesia, ter liderado a rejeição da proposta da Refer de deslocar a torre 300 metros para Sul na estação, a que chamou «disparate»: por isso há 15 anos que não temos a obra acabada nem mais comboios.
Setúbal: Por gerir uma cidade tão importante (e fortemente ligada a Lisboa e à Península de Setúbal em várias vertentes: económica, social, agora também turística ─ sem mobilidade não há turismo) e com tão fraca oferta ferroviária. Não vai investir 4,5 milhões de euros no novo Interface Rodo-ferroviário do Bonfim para ter 3 comboios por hora para ─ e de ─ Lisboa (só 1 directo e 2 usando o barco). Ponha ao serviço da resolução deste problema a capacidade, determinação e entusiasmo que pôs na melhoria do espaço público e da mobilidade em Setúbal (destaco o Plano de Mobilidade e o Acesso às praias da Arrábida) e não falo agora noutras áreas da sua acção além da mobilidade: tudo com resultados que não via desde que conheço Setúbal (há 52 anos).
Moita: Por ter populações (Brejo da Moita e Barra Cheia) que teriam 3 comboios por hora em Penalva, mas, em especial, por presidir à Associação de Municípios da Região de Setúbal, o que lhe dá um estatuto institucional de peso na resolução do problema.
Barreiro: Por ter várias populações (entre Santo António da Charneca e Penalva) que usam a Estação de Coina em vez de Penalva (esta mais perto, subaproveitada, tal como o parque de estacionamento, por ser a única com um comboio por hora de ─ e para ─ Lisboa; enquanto Coina está sobrecarregada e o parque de estacionamento esgotado). Ponha nesta causa o entusiasmo e a dinâmica que tem mostrado em tão curto mandato para vencer o atraso do concelho, marcado por mais de uma década de marasmo.
Em conjunto, façam o (im)possível para (com o Governo e a IP-Infraestruturas de Portugal) se resolver este grave problema que afecta os vossos concelhos, pôr a mobilidade ferroviária no século XXI e servir melhor os munícipes.