É indiscutível a melhoria na mobilidade das populações, com a redução do preço do passe social para 40 euros e a integração de diversos meios de transporte. Para muitos famílias significou uma poupança de 40, 60 e até de 100 euros por mês, para a qual foi decisiva a persistente intervenção do PCP a par da luta dos utentes dos transportes públicos.
Ficou por integrar no passe social o transporte fluvial entre Setúbal e Troia, o que é extremamente penalizador para quem o utiliza. Foi anunciado os aumentos de preços do passe pela Atlantic Ferries para 99,30 euros (mais do dobro do preço do passe da Área Metropolitana de Lisboa) e dos bilhetes para 4,90 euros. Este é o resultado da concessão a privados do transporte fluvial: preços mais elevados. É por isso que é urgente que o transporte fluvial entre Setúbal e Troia seja integrado no passe social, assim como a concessão seja resgatada e a operação assegurada por uma empresa pública, com uma gestão ao serviço do interesse público e das populações, que ponha fim à concessão privada cujo único interesse é a obtenção de lucro à custa do sacrifício das populações.
A redução do preço do passe social exige o reforço da oferta de transportes públicos para assegurar mais horários e que deem resposta às necessidades das populações, seja nas suas deslocações entre a casa e o trabalho, entre a casa e a escola e também deslocações por recreio e lazer.
Contudo, quer o anterior Governo PS, quer o atual Governo PSD/CDS, não assumiram as opções no sentido do reforço do investimento para alargar a oferta de transportes públicos.
O resultado é que, no transporte fluvial entre a Margem Sul do Rio Tejo e Lisboa, não há praticamente dia em que não haja supressões, penalizando milhares de utentes. Não há navios operacionais nem trabalhadores em número suficiente para assegurar as carreiras previstas, já por si aquém do que é preciso, reflexo do desinvestimento. Por outro lado, a opção pela aquisição de navios elétricos tem conhecido inúmeras peripécias absolutamente inenarráveis.
No transporte ferroviário são necessários mais comboios, quer na linha do Sado, quer na ligação entre Setúbal e Lisboa pela ponte 25 de Abril. Fruto da luta das populações e das autarquias da CDU, desde o final do ano passado há mais horários entre Setúbal e Lisboa, mas é preciso continuar a luta pelo reforço do número de comboios. É preciso aumentar a capacidade de transporte de passageiros. Há muitas pessoas que veem passar dois, três comboios e não conseguem entrar porque estão sobrelotados. A Fertagus detém a concessão desta operação, que foi renovada recentemente, sem acautelar as necessidades das populações, nomeadamente o alargamento até à Estação do Oriente em Lisboa e até às Praias Sado em Setúbal e sem reforçar o número de comboios, para resolver o problema da sobrelotação. A intenção, quer de PS, quer de PSD/CDS, não foi melhorar o transporte ferroviário para as populações, mas sim alimentar os lucros da Fertagus, cujos preços da bilhética é muitíssimo superior à da CP, utilizando comboios que são do Estado. Também aqui a solução passa pela reversão da Parceria Público Privada e pela gestão pública, através da CP.
O alargamento do transporte ferroviário exige também o investimento na CP, no reforço do material circulante, para aumentar a oferta de transporte público.
Neste novo ano que se inicia, saliento o caminho que é necessário trilhar para aumentar a oferta de transporte público, a articulação entre os diferentes meios de transporte, condição para a melhoria das condições de vida e para garantir o direito à mobilidade.