Espaço Saúde: A importância da saúde mental

Espaço Saúde: A importância da saúde mental

Espaço Saúde: A importância da saúde mental

10 Janeiro 2025, Sexta-feira
Psicóloga clínica e psicoterapeuta psicanalítica

Fazer, ter, conseguir, ganhar, rápido, imediato, instantâneo. Vivemos num tempo em que não se tem tempo. Num tempo em que pouco se liga ao sentir, ao ser, ao genuíno ainda que não tão bonito. Ao pensar. Quem chora é fraco, quem tem medo não serve, quem erra é incompetente. Ah e o medo que as pessoas têm de não conseguirem alcançar as suas próprias expectativas. Nas redes sociais mostram-se capas de sucesso que fazem as pessoas quererem alcançar o que imaginam lá estar, mas que afinal, na grande maioria das vezes, não passa de ilusão. A tão imperfeita perfeição que obriga tantos de nós a esconder o que realmente somos e sentimos. Às vezes de nós próprios. É assim, a mostrar o que parece perfeito, que supostamente as pessoas serão felizes só que os dados mostram-nos que os resultados disto não são positivos. Chegam cada vez mais adultos ao consultório com ataques de pânico, ansiedade generalizada, sensação de vazio, depressão, etc. O número de adolescentes perdidos em relação a quem são e ao seu valor é preocupante. Perdidos, e muitas vezes sem compreenderem o que se passa dentro deles, começam a agir de forma auto-destrutiva o que leva a um grande sofrimento para si e para a sua família. E a infância… que se passa com a infância? Cada vez menos as crianças podem ser agitadas, um pouquinho malcomportadas, mostrar a sua imaturidade emocional, “birrando” pois claro, pois correm o risco de serem rotuladas. Onde colocam as crianças as suas inseguranças e aflições? E estarão a brincar o suficiente?
Segundo a Direção Geral de Saúde cerca de 45% dos adolescentes portugueses apresentou sintomas depressivos no ano lectivo de 2022-2023. Na população em geral, em 2021, estima-se que cerca de 22% da população portuguesa com 16 ou mais anos tenha questões de saúde mental ou sofrimento psicológico. A Pandemia intensificou os desafios da saúde mental deixando um terço dos portugueses em sofrimento psicológico, fora aqueles que o escondem. Mas não estou aqui para falar de números. Estou aqui para falar do sofrimento das pessoas e de como é difícil abordar estes temas num paradigma em que o perfeito e imediato é rei. Estou aqui para amolecer mais um pouquinho o estigma da saúde mental. Para sublinhar que são questões sérias e não passam com o tempo, pelo contrário, quando não tratadas têm tendência a evoluir. Não são vergonha ou fraqueza. Não se resolvem em 3 meses nem desaparecem apenas com medicação, uma ajuda fundamental em muitas situações, mas insuficiente para que a pessoa possa desenvolver um “aparelho” de acalmar sentimentos e olhar para a vida de uma forma mais equilibrada, desenvolvendo relações de qualidade. Tão fundamental como cuidar do seu corpo é tratar da sua saúde emocional. Neste novo espaço dedicado a olhar a saúde convido-o a espreitar, mas com atenção, para a sua saúde mental.

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