2025 começa como um ano de grandes expetativas, mas também de enormes desafios. Após uma década de governos que deixaram Portugal estagnado, a Aliança Democrática (AD) chegou ao poder com a promessa de mudar o país. Só que o que está em causa vai muito além da concretização de promessas eleitorais. 2025 será o “teste do algodão” para o governo – a prova da competência ou da incapacidade -, uma expressão que remete para o método simples (mas eficaz) de verificar a limpeza de uma superfície. E o algodão não mente. Em 2025, o governo tem condições para passar este teste político – com um orçamento aprovado e estabilidade parlamentar garantida, as desculpas de bloqueios externos ou crises políticas não colhem.
A reforma do Estado será onde o algodão terá de passar mais vezes. Portugal tem um Estado pesado e ineficiente. As promessas de racionalização do funcionalismo público e de redução da presença do Estado na economia são bandeiras da AD. Isto significa avançar com a venda de empresas públicas em setores concorrenciais ou reduzir a participação do Estado enquanto acionista. Além disso, simplificar a muita regulamentação e burocracia que sufoca a iniciativa privada será decisivo para libertar o potencial da nossa economia. Ainda neste âmbito, o crescimento sustentado e a redução da carga fiscal são metas que exigem visão e estratégia. Uma redução de apenas 1 ponto percentual no IRC não sinaliza ambição suficiente para tornar Portugal um destino competitivo, que favoreça o investimento e a inovação – países como a Irlanda têm usado a fiscalidade como uma arma para atrair empresas e talentos e vejam-se os resultados positivos. Será no bolso das pessoas, nas oportunidades e na capacidade de fixar jovens que perceberemos se o governo passou mais este teste.
No Serviço Nacional de Saúde (SNS), o teste será, talvez, o mais exigente. O SNS está atolado em problemas crónicos: listas de espera intermináveis, profissionais escassos e falta de organização. A AD comprometeu-se a reformar e modernizar o sistema, mas reorganizar a mesma estrutura sem questionar o paradigma atual – em que o Estado é o único (ou principal) prestador de cuidados – será um exercício limitado. Na Educação, recuperar aprendizagens e preparar os alunos para o futuro são as tarefas fundamentais, mas, até agora, e tal como na Saúde, o discurso não tem sido acompanhado por medidas realmente reformistas. Dou mérito à equipa ministerial por ter identificado como prioridade acabar com os alunos sem professor – tem feito o possível, mas se, estruturalmente, nada mudar, os problemas repetir-se-ão. É altura de recuperar os temas dos contratos de associação e de uma maior autonomia curricular e de contratação para as escolas. Tanto a Saúde como a Educação não precisam apenas de metas de curto prazo; precisam de uma visão para a próxima geração.
2025 será, assim, o ano em que o governo terá de mostrar se é capaz de corresponder às exigências de um país que quer mudanças reais. E o “teste do algodão” não falha: os resultados falarão por si. Se o governo tiver a ambição e a coragem de usar as condições excecionais que tem para implementar reformas estruturais, Portugal poderá, finalmente, começar a trilhar um caminho de crescimento sustentado e de prosperidade – aquele que a Iniciativa Liberal sempre defendeu. Caso contrário, será mais uma oportunidade desperdiçada e ficará claro que tudo não passou de mais um exercício retórico para ganhar eleições.