Bloco, à esquerda, e CDS e IL, à direita, viabilizam documentos previsionais, que tinham sido aprovados na Câmara com voto de qualidade
As três abstenções de Bloco de Esquerda (BE), CDS e Iniciativa Liberal (IL) viabilizaram o Orçamento Municipal do Montijo para 2025, que foi aprovado esta quarta-feira com os votos favoráveis do PS (11) na Assembleia Municipal. Os votos contra de PSD (cinco), CDU (quatro) e Chega (um) foram insuficientes para chumbar os documentos previsionais, que, no final de Novembro, haviam passado na Câmara com o voto de qualidade da presidente, Maria Clara Silva.
Ou seja, na Assembleia Municipal, o PS viu os “extremos” tocarem-se – BE, à esquerda, e CDS e IL, à direita, como que “salvaram a honra do convento” – e conseguiu fazer passar, pela diferença de um voto, o maior orçamento de sempre do município, no valor de 71,5 milhões de euros.
Porém, as críticas à gestão socialista da Câmara Municipal choveram de todos os lados. E houve um denominador comum nas apreciações negativas apresentadas nas declarações de voto da oposição: o sucessivo arrastar dos mesmos investimentos de ano para ano.
“O orçamento revela ser um admirável exercício de ilusionismo político. Apresenta-se como um instrumento negacionista de adesão à realidade. Não propõe soluções de futuro e resume-se à ilusão de prometer concretizar e conter tudo aquilo que há mais de duas décadas o PS se nega a concretizar – um grito do tipo: ‘agora é que é’, de quem está no poder e nunca fez. É um maná de concretizações adiadas pelo PS”, disse Pedro Vieira, pelo PSD.
Isabel Balreira, pela CDU, também sublinhou que o orçamento para 2025 não apresenta “nada de substancialmente novo”.
“Vem na linha de orçamentos anteriores, com as mesmas opções políticas, sem propostas estruturantes para prestar mais e melhores serviços à população, o que conduziu o concelho ao marasmo em que se encontra. É um orçamento de mera gestão, sem visão, sem estratégia de desenvolvimento e sem aproveitamento das potencialidades existentes no concelho”, afirmou a deputada da CDU, para, mais à frente, realçar a “repetição de obras que se arrastam de orçamento para orçamento”.
Uma tecla em que Cipriano Pisco, pelo BE, também bateu. “Há aqui muita coisa que tem vindo de orçamento para orçamento. É uma estratégia que o PS tem”, afirmou o bloquista, que apontou um exemplo: “O Centro Escolar de Pegões já anda aqui há 20 anos.” E que também não escapou à análise de Lília Mendes, pela IL. “Não percebemos por que a situação das escolas está novamente neste orçamento. Será que é agora? Temos dúvidas”, apontou a liberal, sem deixar de frisar que a IL não encontra nos documentos previsionais sinais de “rigor, boa gestão ou contas certas” da parte do executivo camarário socialista.
Pelo CDS, Carlos Ferreira acentuou que “a fraca execução orçamental tem sido a imagem do PS”. “Ao fim de 27 anos na gestão da Câmara, o PS está a cair de podre politicamente”, atirou. E Alice Seixas, pelo Chega, considerou que o orçamento “não serve de forma adequada as principais necessidades das pessoas, nas áreas da saúde, da educação e das infra-estruturas”, além de que “não prevê investimento em sectores primários, como a acção social e a segurança pública”.
Visões diametralmente opostas à do PS. “O presente orçamento assume compromissos políticos de rigor financeiro, redução de impostos e investimento público. É um orçamento que aposta no futuro do Montijo e que defende os interesses dos munícipes”, defendeu a socialista Fernanda Fernandes.
A Assembleia Municipal do Montijo é composta por 11 membros do PS, cinco do PSD, cinco da CDU, dois do CDS, um do BE, um do Chega e um da IL.