Dados são revelados pelo INE e dizem respeito a 2023. Números mostram que a região foi prejudicada antes da criação da NUTS
A Península de Setúbal registou o valor mais baixo de PIB per capita em 2023. O Instituto Nacional de Estatística (INE), que deu agora a conhecer os dados preliminares deste ano, considera que a diminuição se deve à desagregação da Área Metropolitana de Lisboa em Grande Lisboa e Península de Setúbal, que “conduziu a um agravamento expressivo da disparidade regional em 2022”.
A formalização da Península de Setúbal como uma Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS) II e III foi ocializada em Março de 2023 e, desde 1 de Janeiro de 2024, que a região conta para estatísticas com dados únicos que devem ser transmitidos ao Eurostat.
Assim, a Península de Setúbal apresenta o indicador mais baixo de todas as regiões em análise (67,5) – sendo este um valor inferior ao registado em 2022 – e a Grande Lisboa continua com o índice de disparidade regional do PIB per capita mais elevado (158) de todas as regiões analisadas.
Sabe-se assim que a Península de Setúbal é a ‘mais pobre’ de todas as regiões, contrariamente à Grande Lisboa que acabou por atingir valores mais elevados, graças também à desagregação.
“A nova geografia territorial (NUTS2024), que desagrega a anterior Área Metropolitana de Lisboa em Grande Lisboa e Península de Setúbal, regiões que apresentam o maior e o menor índice do PIB per capita conduziu a um agravamento da disparidade regional, que passou de 44 pontos percentuais (p.p.), em 2021, para 87 p.p., em 2022, aumentando para 90 p.p. em 2023”, lê-se em informação publicada pelo jornal ECO.
O organismo estatístico refere que as assimetrias do PIB per capita entre estas duas regiões são sentidas, por exemplo, em termos nominais quando se sabe que na Península de Setúbal cada habitante gera em média 14.714 euros anuais e, no caso da Grande Lisboa, o valor chega aos 31.618 euros médios anuais. “A Península de Setúbal, com 7,8% da população residente, origina no seu território apenas 5,5% do PIB, sendo uma das regiões com menor peso de emprego no total da sua população residente (32,5% face a 59,7% da Grande Lisboa)”, acrescentam.
A Península de Setúbal vinha sendo prejudicada com a falta de fundos comunitários devido a estar integrada na AML. O factor fez com que, em 2018, a região fosse considerada a quarta mais pobre do País.
“A inclusão da Península de Setúbal na Área Metropolitana de Lisboa (AML) fez a região perder a sua identidade e as suas características próprias, assim como os fundos comunitários, por causa do Produto Interno Bruto per capita da AML”, explicou nesse ano Antoine Veige, à época presidente da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET) em declarações ao Jornal de Negócios.
Região com crescimento económico moderado em 2023
A Península de Setúbal cresceu 1,7% em termos económicos em 2023. Segundo o INE este é considerado um “crescimento mais moderado” que, no entanto, contribui para o crescimento real do PIB do País que, em 2023, foi de 2,5%.
“A Península de Setúbal, com 7,8% da população residente, origina no seu território apenas 5,5% do PIB, sendo uma das regiões com menor peso de emprego no total da sua população residente (32,5% face a 59,7% da Grande Lisboa)”, considera o organismo estatístico.
Explicam que os números “são indissociáveis do facto de grande parte dos residentes na Península de Setúbal exercerem a sua atividade profissional na região da Grande Lisboa, obtendo aí grande parte dos seus rendimentos, especificamente remunerações, contribuindo para o PIB desta região”.