Assim se chama a Feira do Livro que no Edifício Arrábida, na 5 de Outubro de Setúbal, a exemplo de outros Centros de Trabalho no País, prolongar-se-á por estas semanas. Na terça-feira, 10 deste mês, no prosseguimento de outros dois, o primeiro sobre o V Centenário do Nascimento de Luís de Camões, a 27 de Novembro passado, e o segundo sobre os Católicos da Revolução e o PCP, a 6 corrente, um debate terá lugar sobre a obra de Álvaro Cunhal “O Aborto, Causas e Soluções”.
Pois o jovem comunista estudante universitário com 26 anos e sob prisão havia dois meses, fez dessa problemática a sua Tese apresentada em Julho de 1940 para exame no 5º ano jurídico da Faculdade de Direito de Lisboa, contando entre os examinadores Marcelo Caetano e obtendo como classificação global 16 valores, com a PVDE (a PIDE da altura) a cuidar do seu transporte e não fosse ele evadir-se. Não fosse o diabo tece-las, por outras palavras, pois pressentia-se que haveria de ter jeito para isso.
Ora, vamos à retoma, já houve um lugar público sadino gerido por uma mulher de pouco mais de 30 anos que na tarde das eleições de 2009 para a Assembleia da República afirmava que a primeira vez que sentiu a necessidade de intervir indo às urnas fora no segundo referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez – pelo SIM, já que ou sobretudo porque não fora motivada por uma qualquer experiência pessoal, “até porque jamais abortara”, antes obedecendo a um imperativo de consciência que só a ela dizia respeito e capaz, enfim, de romper (e aqui se exprimiu com um forte cerrar de punhos) com a atitude abstencionista que no seu caso imperara até 11 de Fevereiro de 2007.
Não faria sentido esta evocação se por detrás do balcão onde por deveres do ofício se posicionava não estivesse a reprodução de uma gravura, não titulada, de Sílvio Vicenzo Fiorenzo, aquela que o catálogo da Exposição de Artes Plásticas “Vida, Saúde e Sonho”, comemorativa do 39º aniversário do Hospital de S. Bernardo, em Maio de 1998, nos permite sentir a força da Liberdade: a imagem central é mesmo a força que saída do mar irrompe pela Lota sadina, a base da estampa da primeira página da edição d’O Setubalense de 6 de Maio de 1996, onde, a partir de uma notícia com um título bem em destaque: “Mulheres setubalenses são mesmo únicas a nível mundial”, um fluxo ascende com uma luminosidade centrifuga até um magnânimo título: Vitória!
Renovamos, nesta retoma, o repto de mais divulgação da obra em apreço, já que, como se verá, delicia-nos o olhar e o gosto, em manjar de parabéns.