No jantar de Natal da CDU, autarca contrariou o argumento de que o orçamento é megalómano: “Se o investimento é o maior de sempre, o orçamento também tinha que ser”
O presidente da Câmara de Setúbal acusa os partidos da oposição, PS e PSD, de “penalizarem as populações” ao inviabilizarem o Orçamento Municipal para 2025, e, dessa forma, “obstaculizarem” a concretização de projectos em curso, como a construção de centros de saúde e escolas.
“Esta forma de fazer política do PS e PSD penaliza as populações. O que temos é uma oposição, PS e PSD, que obstaculiza e põe em causa os objectivos de desenvolvimento e de bem-estar para os setubalenses e azeitonenses.”, afirmou o autarca perante cerca de 150 pessoas que participaram no jantar de Natal da CDU, sexta-feira, no Clube Recreativo da Palhavã.
“A questão que se coloca é esta: Se este é o maior orçamento de sempre em Setúbal, orientado para o bem-estar das populações de Setúbal e de Azeitão, porque é que os partidos da oposição votaram contra?”, perguntou.
Em resposta ao argumento de que o orçamento, superior a 340 milhões de euros, é megalómano, André Martins defende que é correspondente ao investimento previsto para o próximo ano. “Dizem que é um orçamento com valores muito elevados, mas, se o investimento é o maior de sempre, o orçamento tinha que ser o maior de sempre”, sustentou, para concluir que a oposição está “mais preocupada com as eleições do próximo ano do que com os investimentos previstos”. Quanto a números, indicou um “total de 180 milhões de euros” de investimento municipal que “já tem projectos” e em “obras que já estão em curso”, dos quais 150,2 milhões são em candidaturas aprovadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O eleito da CDU garantiu que, apesar de haver quem “esteja empenhado em que não seja feito o investimento que está previsto e garantido, não é por qualquer oposição que deixamos de fazer o que está previsto e de construir melhor qualidade de vida em Setúbal”, e exemplificou com o desempenho na captação de verbas do PRR, em que Setúbal é o terceiro município do país, a seguir a Lisboa e Oeiras. Um resultado que o autarca atribuiu à “competência e empenho” dos eleitos e dos técnicos e trabalhadores da autarquia, a quem agradeceu.
“Os nossos projectos são para servir directamente as populações. É investimento na saúde, educação, desporto, espaços verdes e associativismo, para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.”, vincou André Martins.
“Não andamos, como alguns, a dar tiros para o ar a ver se acertam alguma coisa, o que fazemos é um trabalho sério, em benefício das nossas populações”, disparou.
Antes, o autarca fez uma longa exposição sobre os projectos e obras em curso, referindo a construção de três centros de saúde (Azeitão, Liceu e Bela Vista), duas grandes escolas (Du Bocage e Quinta da Amizade), espaços verdes (mais 3 milhões para a Várzea e 800 mil para a Quinta da Amizade), equipamentos desportivos e apoio às colectividades para melhorarem as suas sedes (programa que já beneficiou 30 associações e clubes). Projectos que concretizam o “maior investimento municipal de sempre em Setúbal desde o 25 de Abril”.
André Martins deu o exemplo da construção dos centros de saúde para mostrar como o chumbo do Orçamento Municipal dificulta a concretização do investimento, recordando que a câmara municipal concluiu a obra do Centro de Saúde de Azeitão há um ano e continua à espera que o Estado pague 1,4 milhões de euros ao município.
“O governo do PS, que tem vereadores na câmara de Setúbal, foi-se embora e não pagou. Andamos a tratar agora com este Governo. É dinheiro do orçamento do município, que nos faz falta”, atirou o eleito, sublinhando que a obra em causa nem é da competência da autarquia.
“Decidimos construir os três centros de saúde por causa da situação desastrosa na Saúde, porque as urgências do Hospital de São Bernardo estão esgotadas e é preciso criar condições para as pessoas serem atendidas”, disse, acrescentando que, no caso do Centro de Saúde no Bairro do Liceu, “depois das reuniões com a população”, a câmara está em “conversações com o Governo, para alterar as condições [do edifício], para que todos estejamos de acordo”.
Pavilhão das Manteigadas já tem visto do Tribunal de Contas e há outras obras na calha
A construção de um novo pavilhão desportivo nas Manteigadas, que vai custar 1,8 milhões de euros, já tem o obrigatório visto do Tribunal de Contas, de que a Câmara de Setúbal foi notificada “anteontem [quarta-feira]”, revelou André Martins. Além desta, o presidente da autarquia anunciou duas obras que vão ser votadas “na próxima reunião de câmara”: A construção do campo desportivo nas Praias do Sado e a requalificação da Casa Luísa Todi, que é “uma promessa de há muitos anos que vai finalmente acontecer”.
E há outras obras na calha, como o Campo das Pedreiras, no Viso, o Pavilhão João dos Santos, na União de Freguesias de Setúbal, o Centro Cultural de Azeitão, que “aguarda visto do Tribunal de Contas antes do final do ano”, ou o Mercado de Brejos de Azeitão, cujos trabalhos devem arrancar “no início do ano”.