O Chega protagonizou um dos momentos mais tristes da nossa democracia parlamentar, pelo menos recente.
Sejamos, claros, o acto do Chega foi infantil, primário, desrespeitoso para com os restantes deputados, para com os partidos, para com o Sr Presidente da Assembleia da república e, sobretudo, para os portugueses que tanto dizem respeitar.
Pior, conseguiram a proeza de “gozarem” com o trabalho de terceiros, de quem trabalha, sobretudo de quem serve terceiros, que são os bombeiros, obrigando-os a deslocarem-se à Assembleia da república, deixando quem precisa deles, desnecessariamente desprotegidos e, apenas levantando as tarjas quando os bombeiros montaram todo o equipamento e se preparavam para serem eles próprios a fazê-lo.
Mas fizeram mais e também isso não foi bonito; mais uma vez mentiram. Falo no motivo que os levou a colocarem as tarjas que nasceram de duas mentiras: dizem eles que os trabalhadores não vão ser aumentados e os políticos vão. Ora, nada mais faso, porque, como todos sabem, todos os portugueses vão ser aumentados e os políticos não.
O aumento que o Chega fala é de uma verba de 5% que no tempo da Troika (2011) foi retirada a todos os portugueses (políticos incluídos) e que foram repostas a todos, menos aos políticos, sendo que, por uma questão de justiça social, vai ser agora reposta. Apenas isso. Mas o Chega, com demagogia, quer enganar o povo que diz defender, mas que curiosamente não abdica de nenhuma das mordomias que tem.
Agora falando de coisas verdadeiramente importantes e substanciais – o Orçamento de Estado depois de uma longa novela, com vários episódios e avanços e recuos, acabou por ser aprovado, o que é uma excelente notícia para os portugueses, embora seja um orçamento de Estado fortemente condicionado pela oposição que aprovou medidas de cerca de mim milhões de euros.
Mas, mesmo assim, é melhor este orçamento, o primeiro de sempre que não aumenta nenhum imposto, mesmo com as concessões do governo, do que uma crise política aberta, o que era muito mau para o país, sobretudo pela imagem negativa que daria ao País, ao nível do investimento estrangeiro e, sobretudo por causa das verbas do PRR que ficavam em grande perigo.
É um OE que tenta ser equilibrado, entre o apelo ao investimento privado e as preocupações sociais, entre o investimento na saúde e educação e o descomplexado piscar o olho ao sector privado, sem qualquer tipo de bloqueio ideológico, como outros têm, que preferem privar os portugueses de acesso aos serviços, mesmo que esses serviços, em determinado momento só pudessem ser prestados pelos privados.
Em suma, o País vive tempos de mudança, de esperança num futuro melhor e que o ano de 2025 nos traga a todos uma melhor qualidade de vida, melhores ordenados, mais e melhores condições no acesso e utilização dos serviços públicos e ter sempre o Estado, como um ente disponível quando tudo o resto nos falha.
Feliz 2025.