Só em Novembro se cumpriu Abril

Só em Novembro se cumpriu Abril

Só em Novembro se cumpriu Abril

, Deputada da IL
27 Novembro 2024, Quarta-feira

O 25 de Novembro de 1975 não é apenas uma data. É um momento decisivo na consolidação da democracia em Portugal. Se o 25 de Abril de 1974 trouxe a liberdade e a esperança, o 25 de Novembro de 1975 garantiu que esses ideais não seriam subjugados a uma nova ditadura. Foi o dia em que Portugal reafirmou os valores da liberdade, do pluralismo e da democracia e afastou qualquer possibilidade de retrocesso aos tempos sombrios do autoritarismo. Celebrar esta data é celebrar a consolidação da democracia em Portugal.

O 25 de Novembro encerrou o Processo Revolucionário em Curso (PREC), um período de grande tensão, instabilidade política e de excessos, como o autoritarismo do COPCON, marcado por prisões arbitrárias e tortura de presos políticos. Mas, infelizmente, é importante não esquecer que, na Península de Setúbal, o PREC deixou marcas profundas, que o 25 de Novembro já não foi a tempo de reverter: as nacionalizações descontroladas que provocaram um declínio industrial, resultando em desemprego, pobreza e fome – feridas que fazem parte da memória coletiva da região. Apesar disso, o 25 de Novembro abriu caminho à democracia liberal, à economia de mercado e à integração de Portugal na União Europeia.

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Celebrar esta data não deve dividir os democratas, mas, sim, uni-los, sendo que a verdadeira divisão não está entre a esquerda e a direita, mas entre democratas e totalitários. É compreensível que partidos como o PCP e o BE, cujas raízes ideológicas os colocam em oposição ao 25 de Novembro, tenham uma visão crítica da data. Menos compreensível é que esta comemoração seja usada para alimentar nostalgias autoritárias de qualquer tipo, incluindo as de quem hoje suspira pelo Estado Novo. O 25 de Novembro é uma celebração da democracia e da liberdade e não um palco para revanchismos históricos.

O 25 de Novembro deixa-nos lições importantes, enquanto sociedade democrática. Portugal é hoje uma democracia sólida porque houve quem, em Novembro, defendesse os princípios de Abril. Foi um momento de força e convicção, em que se reafirmou que a democracia requer vigilância constante. É também uma lembrança de que, mesmo em tempos de profunda polarização, é possível encontrar caminhos de diálogo para assegurar o bem comum. E essa é uma mensagem que permanece atual, num mundo em que a democracia enfrenta novos desafios, como o populismo ou a desinformação.

Que esta data seja sempre um símbolo de entendimento e do compromisso com os valores fundamentais que nos unem enquanto nação. Celebrá-la é reconhecer que a liberdade só é plena quando é acompanhada pela democracia e que ambas só subsistem onde prevalece o respeito pelo pluralismo e pelos direitos humanos.

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O 25 de Novembro, assim como o 25 de Abril, não pertence a nenhuma fação. Pertence a todos aqueles que acreditam que a liberdade é um bem inegociável e que a democracia é um processo contínuo. O futuro de ambas depende sempre de quem as defende com coragem e determinação. Que possamos aprender com o passado, para construir um presente e um futuro onde a liberdade e a democracia permaneçam. Porque, como nos disse Edmund Burke: “A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os homens bons não façam nada.”

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