25 de… Abril… a Novembro

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25 de… Abril… a Novembro

25 Novembro 2024, Segunda-feira
Arquiteto & Urbanista

Os tempos de extremos e extremismos voltam a fazer girar a roda da história. Querendo os mais radicais reescrevê-la ou mesmo instrumentaliza-la a seu favor. É obrigação dos moderados, onde nos incluímos, oporem-se a essa vontade. Que condiciona a ação e o pensamento livre de posições extremadas e simplistas e de verdades absolutas que a única intenção é dividir, sem nada acrescentar ou construir. Infelizmente estamos (re)viver tempos desses.

Vem esta reflexão a propósito da Comemoração do 25 de Novembro estar a assumir, pela primeira vez na história do atual regime, um caracter mais institucional, tendo honras de Estado e sendo comemorada também na Assembleia da Républica, tal como o 25 de Abril.

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No nosso entender essa comemoração é justa, porque não considerando as datas em termos históricos equiparáveis, o 25 de Abril de 1974 sem o 25 de Novembro de 1975, não teria conduzido ao Regime Democrático, de tipo Parlamentar, que hoje temos. E só agora está a ser possível porque as mudanças na composição parlamentar assim o permitiram. Mas o que nos parece justo, desejável e mesmo tardio, está a ser transformado, por parte dos extremistas de direita num ajuste de contas e, pelos extremistas de esquerda numa batalha que não podem perder no campo da retórica histórico/política/cultural. Pois a “revolução” que lhes interessava foi perdida justamente no 25 de Novembro. Ambas, os moderados devem rejeitar, não permitindo ser um ajuste de contas entre a direita e a esquerda, porque não foi assim que de facto aconteceu. Senão vejamos.

A nossa revolução dos cravos, tendo sido factualmente pacifica e serena, pareceu uma festa. Derrubou, com uma aparente facilidade e adesão popular, um regime de mais de quatro décadas, praticamente sem mortes ou violência. Sabemos que a ditadura vivia um desajuste com a história e colocava um espartilho ao ar do tempo alimentando uma guerra colonial que poucos desejavam e, ainda menos, compreendiam. Mas apesar de início feliz com o passar do tempo os exageros e extremismos agudizaram-se. Tendo o Partido Comunista, a força mais organizada e os partidos à sua esquerda, juntamente com militares aliados às fações revolucionárias, lutado pela “Revolução”. Enquanto os partidos moderados, PS, PSD e CDS lutaram pela Democracia representativa de tipo parlamentar. Entre estes dois 25, de Abril de 74 a Novembro de 75, viveu-se o medo da guerra civil e da possibilidade da instauração de uma nova ditadura, agora do “proletariado”, que se só dissipou com a normalização trazida com o último.

O que parece ser incompreensível é a (atual) direção dos socialistas terem entrado nesta retórica dual, que só interessa aos partidos extremistas. À esquerda e à direita. Dessa forma entregando o “25 de Novembro à direita”, como bem lembra recentemente António Barreto (“Público” de 23 de Novembro 2024). O 25 de Novembro de 75, assim como o 25 de Abril de 74, foram, fundamentalmente consolidados pelos moderados que queriam a institucionalização de um regime democrático e livre a funcionar com um Estado de Direito e uma economia de mercado. Como se provou em todas as eleições realizadas desde a “constituinte”. Como recorda Barreto no mesmo artigo “em Novembro de 1975, estavam frente a frente, a revolução e a democracia. Mais precisamente 20% dos portugueses a favor da Revolução contra 80% dos portugueses favoráveis à democracia.”

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Concluindo, a banalização da retórica extremista só interessa aos radicais. Aos moderados interessa compreender o que factualmente aconteceu e comemorar uma bela revolução pacifica que seguiu a vontade democrática expressa pela maioria dos portugueses e que só foi possível com a queda da ditadura em 25 de Abril de 1974, e com a recusa expressa de uma outra, no 25 de Novembro de 1975. Essa é a comemoração que interessa.

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