“Desproporcionalidade” do edifício de 15 andares que está previsto referida muitas vezes entre as discordâncias
O projecto de construção da marina em Setúbal esteve em consulta pública e o relatório final deste período dá conta de que mais de 60% das participações são de discordância com o projecto. O documento contou com 108 participações, sendo que 68 discordam, referindo muitas vezes a “desproporcionalidade” do edifício de 15 andares que está previsto, face à volumetria de edifícios existentes. No total registou-se ainda que 21 pessoas concordam, havendo apenas uma reclamação, doze sugestões, uma proposta concorrente e cinco considerações gerais.
Neste período de consulta pública da futura marina, que irá localizar-se no estuário do Sado, que se realizou entre 24 de Julho e 14 de Agosto, das mais de cem participações, seis foram provenientes de entidades e associações, como a Câmara Municipal de Setúbal, o Bloco de Esquerda de Setúbal, o Clube da Arrábida, a Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA), a Ocean Alive e a Sadogelo, Lda.
O estudo prévio desta futura marina setubalense, uma infra-estrutura com capacidade para acolher 600 embarcações, incluindo superiates com 50 metros, foi apresentado em 2022 pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) aos eleitos locais, como resultado de um grupo de trabalho que também envolve a autarquia sadina.
Relativamente às discordâncias, os principais argumentos apresentados são que alguns dos pressupostos apresentados no projecto “não respeitam” os interesses da população, que a localização e a “dimensão excessiva do projecto não promovem uma maior relação entre a cidade e o rio”, que o projecto privilegia “exclusivamente uma vertente económica”, que trará “excesso” de turismo, terá “impactes negativos adicionais” no ecossistema local, sendo também referido muitas vezes a “desproporcionalidade” da implementação de um edifício de 15 andares, face à volumetria de edifícios existentes.
Quanto às concordâncias, é referido que se trata de um projecto de “extrema importância” para a região e para o bom desenvolvimento da economia marinha e turística. Considera-se também que a construção da marina e os melhoramentos da área urbana envolvente irão “trazer mais oportunidades” para a cidade no que diz respeito ao sector do turismo. Refere-se ainda que a doca das Fontainhas e a actual marina de Tróia “não conseguem dar resposta” à procura e à falta de oferta e que o projecto poderá atrair “investimento qualificado”.
A única reclamação neste documento refere-se à falta de avaliação do impacto ao nível social, com o “rompimento da ligação entre a cidade e o marconstrução de um edifício com 15 pisos na frente ribeirinha” e ainda a falta de avaliação do impacto ambiental, pelas dragagens “necessárias e destrutivas” para a vida marinha-total desapego com a história cultural e social de Setúbal.
Foi ainda recepcionada uma proposta concorrente ao projecto em apreço, indicando que a regeneração urbana na frente ribeirinha da cidade é uma operação “absolutamente necessária” para o crescimento da cidade de uma forma positiva, considerando que esta “regeneração urbana tem de retirar partido de toda a história da cidade”, conjugado com um “pensamento crítico e artístico”.