• 2, porque é uma retoma

Vem a jeito a natural envolvência de Barack Obama nas Presidenciais dos Estados Unidos de 5 de Novembro, porquanto aqui recuamos algum tempo e retomamos (usurpando um outro órgão sadino) o Encontro Intercultural de Saberes e Sabores, iniciativa conjunta da Câmara Municipal do Seixal, Junta de Freguesia de Corroios e Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho (CCRAM), este ano na sua 15ª Edição, se não nos enganamos, decorrido de 3 a 7 de Abril.
Tudo se deve ao facto da Associação de Amizade Portugal-Cuba (AAPC) assegurar a sua presença no evento com expressivo caracter internacionalista, pelo que recuando a 2012 foi-nos então possível descrever que «na efervescência de um Pavilhão repleto de centenas de visitantes atraídos por uma ininterrupta série de espectáculos oriundos de quatro continentes (desde a Índia até, paciência, às Caraíbas e, mais a sul, ao Brasil), alguém bramou: “Com isto é que eu não estou de acordo!”».
Mas não era caso para sobressalto, a segunda vertente do Encontro (dos «Sabores») era afinal a melhor contemporizadora senão mesmo cúmplice de um cartazete colocado estrategicamente na frontaria do stand de solidariedade, anunciando: «Vende-se Cuba livre». Tratava-se do bom humor de quem tinha por seguro que nem mesmo a ASAE resistiria ao encanto, porque à venda ali, sem dúvida, só… o «Havana Club»… «el culto a la vida».
Mas de nuance em nuance não percamos ainda assim a oportunidade de também recordar que já no ano passado um cartaz que não poucos quereriam perpétuo desde 1998, o que vinha reclamando a libertação dos Cinco Heróis cubanos prisioneiros nos EEUU, foi vitoriosamente actualizado com o traçado manuscrito de um tempo do verbo vencer: «VENCEMOS!!!», porque só em Dezembro de 2014 se verificara a libertação de um todo, mas de todo um punho erguido, Gerardo Hernández, René e Fernando Gonzales, Ramón Labiño e António Guerrero.
Curiosamente, enquanto Presidente, Obama passara pela Ilha de José Marti (2016). Se se deslocasse até ao Alto do Moinho aquela segunda vertente do Encontro já trazida à colação quase por certo lhe traria um amargo de boca, não culminasse em texto assim: «A forma como Cuba conseguiu romper bloqueios e ganhar espaço político e diplomático no concerto das nações é demonstrativa que por via da coerência, da persistência, da justiça e da solidariedade é possível resistir e vergar os inimigos, por mais poderosos que eles sejam».
Então, neste dobrar de Outubro para Novembro, imperdoável seria esquecer Harris. Em 2020, candidata a Vice, mesmo jogando como progressista, declarou: “O embargo é lei».
Na última 4ª de Outubro, por proposta de Cuba, na Assembleia Geral da ONU 187 países votaram a favor do fim do crime imperialista, 2 contra, os EEUU e… Israel, com uma abstenção da Moldávia.