À hora que escrevo, registam-se cerca 200 mortos e ainda, segundo autoridades espanholas, “dezenas e dezenas” de desaparecidos devido ao temporal que se abateu sobre a região de Valência. Para os mortos já confirmados e para os que, infelizmente, se vierem a confirmar, foi o fim do mundo. Assim como o foi, para milhares, milhões, de todas as vítimas de outros temporais que ocorrem um pouco por todo o mundo; chuvas torrenciais, furacões ou secas persistentes que cada vez mais frequente e intensamente, se têm verificado.
Claro que todos lamentamos, mas poucos alteram o seu comportamento para não continuarmos a alimentar esse “monstro” que são as alterações climáticas. A começar, evidentemente, pelos mais responsáveis: os principais acionistas e diretores de grandes empresas e grupos económicos e os governantes. Mas também individualmente! Todos somos mais ou menos culpados. Em teoria, individualmente, somos mesmo os mais culpados. Se tivéssemos um comportamento mais cívico, se não conspurcássemos também o espaço público, se interviéssemos bem mais, junto da minoria que mais abusa e, publicamente, onde nos seja possível e, sobretudo, elegendo governos que não permitissem às grandes empresas e grupos económicos práticas lesivas do ambiente que apenas visam o lucro, ou pressionando a maioria dos governos que o permite, estaríamos todos no caminho da sustentabilidade e da vida do e no planeta que habitamos.
É verdade! será utopia? Se não intervimos, nem pouco mais ou menos, o suficiente, para se evitar ou pôr termo, a crimes tão graves, hediondos e miseráveis como os que estão a acontecer no Médio Oriente, com testemunhos que nos dizem que crianças são mortas com um tiro na cabeça ou no peito, se não nos impomos aos milhões, para parar este macabro e vergonhoso comportamento, sobretudo no “campo de extermínio de Gaza” (como lhe chamou Viriato Soromenho Marques no seu artigo de opinião de 26.04.24 no DN) e já militares se recusam a colaborar e que a maioria da imprensa dos EUA e aliados, cala, evidentemente, muito menos nos impomos para deixar de alimentar o tal “monstro” das tempestades e das secas.
Só que, se não o fizermos, vai ser o fim do mundo cada vez para mais gente. Basta estarmos minimamente atentos. Mas, além disso, não é o que prática e unanimemente nos dizem especialistas na matéria? Não é o que, em apelos dramáticos, nos diz (com certeza baseado em dados e na opinião dos referidos) António Guterres na sua condição de Secretário-Geral da Nações Unidas?
Portanto, as alterações climáticas são uma das grandes ameaças para a vida no planeta. A outra, como já aqui em O SETUBALENSE referimos, são as guerras. Para além de reforçarem as primeiras, provocam o fim do mundo para milhares e milhares. E, em última instância, quiçá, para milhões e milhões. As primeiras, podem ser minimizadas, as segundas, podem mesmo acabar totalmente. Basta pura e simplesmente uma coisa: assumirmos a nossa condição de humanos.