A autarca diz que o crescimento da AML a Norte do Tejo está praticamente esgotado, pelo que a nova centralidade está no Arco Ribeirinho Sul
A revisão do Plano Regional de Ordenamento do Território, que data de 2002, é “crucial para a grande ambição de transformação da Área Metropolitana de Lisboa (AML)”, uma vez que este se encontra “completamente desfasado das grandes opções de desenvolvimento traçadas pelo Estado, designadamente no que se refere à localização do novo aeroporto e de tudo o que essa opção comporta”.
Assim o defende a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, que considera o potencial de crescimento da AML a Norte do Tejo como “praticamente esgotado”, pelo que o futuro passa pela “aposta no desenvolvimento da AML Sul”.
A autarca não tem dúvidas de que há uma “nova centralidade regional, inserida no Arco Ribeirinho Sul, que pode potenciar o contexto de internacionalização da AML, enquanto ponte entre a Europa e as Américas, de forma articulada com a localização do novo aeroporto Luís de Camões”.
Mas, até aqui se chegar, é necessário acabar com o impasse que há muito trava o desenvolvimento da área dos antigos estaleiros da Lisnave, na Margueira, uma operação que, na sua óptica, tem de ser articulada com a reconversão das antigas áreas industriais situadas no Seixal e Barreiro, “concretizando a grande ambição de reequilíbrio da AML, prevista no Plano Regional de Ordenamento do Território, que contém uma visão de Lisboa Metropolitana enquanto cidade das duas margens”.
Neste contexto de desenvolvimento do Arco Ribeirinho Sul, Inês de Medeiros defende, referindo o caso de Almada, a necessidade de serem construídas novas acessibilidade pelo que, além da extensão, já em marcha, do Metro Sul do Tejo à Costa da Caparica e Trafaria, também a fundamental “melhoria do transporte fluvial, assente na nova oferta de embarcações eléctricas”, e também “rever a ligação da Trafaria à margem Norte, com nova amarração ao transporte colectivo pesado nessa margem, só possível em Algés, ou no Cais do Sodré”. E fundamenta: “É crucial avançar-se, o quanto antes, para uma nova travessia do Tejo, no corredor Algés/Trafaria, descongestionando a Ponte 25 de Abril e proporcionando o fecho da CRIL, que passe a abraçar a AML nas duas margens”.
Questionada por O SETUBALENSE se o mega-projecto Cidade da Água continua a fazer sentido no quadro da sua visão para o Arco Ribeirinho Sul, Inês de Medeiros considera que sim em “termos programáticos, genéricos, porque concretiza uma ideia de centralidade urbana”.
Mas também quanto a este projecto de modernização e transformação da zona da Margueira, nos antigos estaleiros da Lisnave, defende novas ideias uma vez que este “não responde aos novos paradigmas relativos aos desafios colocados pelas alterações climáticas, que obrigam a desenhar uma nova proposta de ocupação urbana que responda à subida média das águas do mar, bem como ao desenho de uma estrutura ecológica que articule esta área com as zonas interiores da Cidade de Almada”.
Por outro lado, entende que, o que está pensado neste projecto, “não responde ao respeito pelo carácter identitário do lugar, com aproveitamento de elementos de arqueologia industrial valorizadores das novas funções urbanas, e ainda porque “deve articular-se com o desenvolvimento do cluster da economia do mar”.
Para a presidente da Câmara de Almada o facto indesmentível é que “os municípios têm demonstrado um maior dinamismo na capacidade planificadora dos seus territórios, dentro de uma visão integrada de desenvolvimento”, e por isso não aceita que sejam “travados por um processo excessivamente burocrático, labiríntico e, muitas vezes, desprovido de racionalidade técnica e política, por parte dos vários departamentos da Administração Central”.
E, no caso do concreto de Almada, afirma que apesar de se estarem a desenvolver “todos os esforços para concluir a revisão do Plano Director Municipal” o que acontece é que ao município “são levantas sucessivas dificuldades que estão a eternizar este processo para além do que seria razoável, adiando em cascata projectos e investimentos âncora fundamentais para o desenvolvimento do território”.