Ana Felício: “Com a nossa capacidade de formar, conseguimos ter alunos espalhados por toda a Europa”

Ana Felício: “Com a nossa capacidade de formar, conseguimos ter alunos espalhados por toda a Europa”

Ana Felício: “Com a nossa capacidade de formar, conseguimos ter alunos espalhados por toda a Europa”

Presidente da Sociedade Humanitária analisa actual momento da instituição, que comemora 160 anos e tem motivos para sorrir

Uma noite de ópera, no próximo sábado, encerra as comemorações de aniversário da Sociedade Filarmónica Humanitária, que completou 160 anos a 8 deste mês e que quatro dias antes assinalou as seis décadas de existência da sua sede. Em entrevista a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM, Ana Felício, presidente da direcção, aborda o actual momento da Humanitária e realça o importante papel da instituição, sobretudo vocacionada para o ensino da música, no concelho de Palmela, sem esconder orgulho nos talentos que ali nascem e que se vão afirmando além-fronteiras.

- PUB -

“Com a nossa capacidade de formar, conseguimos ter alunos espalhados por toda a Europa, que entram nas mais prestigiadas universidades europeias. Temos vários ex-alunos na Inglaterra, nos Países Baixos, na Bélgica…”, diz Ana Felício, que considera que a comemoração da data redonda de aniversário obriga “a reflectir um pouco mais” sobre o que foram estes 160 anos, o que é o movimento associativo e o trabalho diário desenvolvido na colectividade.

A banda filarmónica, que conta com “cerca de 60 elementos” e que é alimentada pela escola de música, é a âncora da Humanitária, já que existe desde a fundação da instituição. Mas a oferta disponível vai mais além. “Temos várias classes de ballet, que são certificadas pela Royal Academy of Dance, o Conservatório Regional de Palmela, o Coro com cerca de 30 elementos…”, lembra a responsável, para avançar com um número que diz bem do peso da colectividade na comunidade. “No total, estão ligados a todos os projectos da Humanitária, incluindo os alunos que frequentam o Conservatório, à volta de 1 500 a 1 600 pessoas”, contabiliza.

E o Conservatório é a valência que mais contribui para esse total, com cerca de 1 200 participantes. “É uma resposta que para nós fazia todo o sentido, dada a nossa história. Desde a nossa criação, sempre tivemos uma aposta muito forte na música e era uma lacuna que sentíamos. Tínhamos uma apetência muito grande dos jovens à nossa volta pela música, sentíamos que queriam avançar mais no ensino especializado da música e não tínhamos em Palmela esta oferta. Foi muito natural o nascimento do Conservatório, que é uma extensão daquilo que fazemos, das propostas que já tínhamos e daquilo que almejávamos para o futuro”, explica. O projecto engloba “o ensino especializado da música, através do regime livre, através dos cursos do ensino básico articulado, do ensino secundário”, além das actividades de enriquecimento curricular ministradas nas escolas pelos professores do Conservatório.

- PUB -

Papel social e tradições
O impacto da Humanitária na comunidade, quando se fala do Conservatório, não se esgota na vertente do ensino. “Percebemos pelos alunos e pelas famílias que circulam diariamente nas nossas instalações também a importância do papel social. Acabamos por ser um ponto de encontro. Conseguimos congregar um conjunto de alunos e famílias que se sentem bem, como em casa. Contribui muito para a socialização”, defende a presidente da direcção. E reforça: “Diria que temos um grupo docente, com características de excelência, que está sempre a promover actividades novas. Os alunos são chamados a diversificar bastante aquilo que fazem e a terem uma experiência única, até em termos de conservatórios, pela multiplicidade, pela inovação e pela criatividade que os professores têm. O percurso que os alunos fazem no Conservatório de Palmela é muito especial.”

Além disso, a colectividade assume-se como um garante da preservação das tradições, da marca identitária do concelho, com uma programação de eventos regular ao longo do ano.

“Temos múltiplas iniciativas de diferente natureza. Celebramos o Carnaval, com bailes em dois dias, que é uma actividade muito forte. Nos últimos anos temos tido o baile de assalto – o retomar de uma tradição que tínhamos e que antecede os bailes de Carnaval –, temos os Santos Populares, que duram durante todo o mês de Junho, com um grupo de cem crianças e jovens que participam nas nossas marchas populares. Este ano fizemos o nosso arraial no Largo de São João, porque celebrámos os 100 anos do coreto da Humanitária [instalado no local]”, sublinha.

- PUB -

Porém, há mais. A participação na Festa das Vindimas é disso exemplo, tal como a “White Party” que funciona como preparação para esta festividade, ou a romaria ao Santuário do Cabo Espichel.

“Cumprimos todos os anos, a 15 de Agosto, porque está muito ligada à nossa história. Na sua origem estiveram os vários sismos que nos abalaram, o que motivou promessas da população, tornando-se motivo de romaria para se pedir protecção [divina]. No nosso nascimento estivemos logo envolvidos nessas romarias e fazemos questão de continuar a cumprir. Temos um grupo de peregrinos, que vai variando anualmente e que faz o percurso a pé, e nós passamos lá o dia, onde há celebração de Missa e Procissão”, descreve.

A fórmula para o sucesso com tanta actividade vem de há muito. O espírito do mais puro associativismo, assente na “carolice” do corpo directivo e na ajuda de familiares e amigos, é a chave. E isto com base em alguns denominadores comuns. “Há um amor muito grande à terra, à Humanitária e em querer fazer sempre mais e melhor. No fundo, há aquela vontade e capacidade de unir em torno de. Ou seja, os elementos da direcção, as namoradas, os namorados, as mulheres, os maridos, os filhos, amigos, todos acabam por participar quando temos os picos de trabalho mais intensos, o que dá um contexto familiar tão importante no associativismo”, conclui.
A Humanitária conta actualmente com cerca de mil associados pagantes.

Evento Festival Internacional de Saxofone é marco no calendário artístico

O Festival Internacional de Saxofone é um dos eventos, promovidos pela Humanitária, que marca o calendário artístico de Palmela. “Tem projecção nacional e internacional. É possível trazer grandes nomes do jazz e do saxofone a Palmela e, pela sua dimensão, tem de ter apoio das entidades públicas. Só com as receitas próprias não era possível e por isso temos um protocolo com a Câmara Municipal de Palmela, para conseguirmos levar o evento a bom porto”, realça Ana Felício. A próxima edição, em Julho de 2025, já está a ser trabalhada. Para já, ainda não estão garantidos quaisquer nomes. “Mas será, certamente, uma edição que primará pela qualidade registada nas edições anteriores, sempre à procura de mostrar o que de melhor se faz no mundo”, promete. E adianta: “É sempre um momento alto do que é a música e do que é o saxofone. O professor João Pedro Silva tem sido o principal impulsionador, o principal rosto do festival, que atrai nomes sonantes do panorama internacional”, finaliza.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -