Casa da Cultura recebeu apresentação de um “diário poético”, onde se pode ver “um jovem maduro e inteligente”
“O Inquieto Verbo do Mar” é o título do volume que reúne a obra poética de Sebastião da Gama, que foi apresentado nesta sexta-feira, na Casa da Cultura. Nesta apresentação todos os apreciadores da obra estiveram presentes, sendo que para que esta “fosse perfeita faltava o poeta”, mas Sebastião da Gama “deixou a palavra”.
Foi numa sala lotada, com pessoas à porta e sem lugar para se sentarem, que o professor João Reis Ribeiro, juntamente com o filósofo José Viriato Soromenho-Marques, por Lourenço de Morais, presidente da Associação Cultural Sebastião da Gama (ACSG) e por André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, apresentaram o livro, que inclui mais de 250 inéditos do poeta setubalense.
Este livro foi publicado pela editora Assírio & Alvim e está disponível nas livrarias desde 19 de Setembro. Esta obra inclui dispersos e uma detalhada cronologia sobre o poeta setubalense, quer sobre o seu percurso, quer reunindo diversas iniciativas relacionadas com o autor após a sua morte, como publicações de poesia sua noutras línguas, a construção, em 2020, em Setúbal, da Rotunda dos Lápis, que inclui um lápis com o nome de Sebastião da Gama, e a publicação de “Sebastião, o Menino que Nasceu Poeta”, de Idalina Veríssimo.
Numa apresentação comandada por João Reis Ribeiro, a primeira palavra coube a André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, que destacou Sebastião da Gama como um poeta que “emociona” todos aqueles que lêem o seu trabalho.
O autarca referiu que se tratou de um momento “muito importante” entre as várias iniciativas do centenário do poeta, que se celebra este ano, contando com a participação de pessoas que são “conhecedoras” da cultura sadina. Para o edil setubalense, é “importante manter viva” a memória de Sebastião da Gama, assim como a “importância” que este teve na cultura sadina. O líder autárquico saudou também o empenho da Junta de Freguesia de Azeitão, pelo acompanhamento nestas iniciativas, confessando ser um privilégio estar com as pessoas que partilham as “bonitas memórias” de Sebastião da Gama. Mostrou-se ainda curioso para ver que iniciativas ainda estão para vir na celebração do centenário do poeta, confiante que serão de “grande qualidade”.
Para Lourenço de Morais, presidente da ACSG, este não foi “um dia igual aos outros”, visto que o autor não marcou presença, nem autografou livros. “Nestas páginas que nos orgulhamos de dar a conhecer, para que tudo fosse perfeito faltava o poeta, mas ele deixou a palavra. Esta poesia é o maior legado que ele nos deixou e só podemos estar felizes e gratos por isso”, referiu o presidente da associação.
O papel de apresentar o livro coube a José Viriato Soromenho-Marques, que destacou a obra como o “ponto mais alto” das comemorações do centenário do poeta setubalense.
“Não é mais um acontecimento, este é o mais importante, aquele que vai permanecer para sempre”, referiu.
Na análise ao poeta, o filósofo e professor universitário português destacou que Sebastião da Gama trabalhou a linguagem como um ferreiro trabalha as ferraduras, desempenhando “uma função que o ultrapassa”. Falando mais concretamente sobre a obra, Viriato Soromenho-Marques realçou que este livro traça um percurso poético e pessoal, sendo uma “espécie de biografia” de Sebastião da Gama. Para o filósofo, os poemas reunidos nesta obra são também um “diário poético”, onde se pode vislumbrar “um jovem maduro e inteligente”.