PS revela acordo político pós-eleitoral mas Bloco de Esquerda nega quase tudo

PS revela acordo político pós-eleitoral mas Bloco de Esquerda nega quase tudo

PS revela acordo político pós-eleitoral mas Bloco de Esquerda nega quase tudo

Polémica instalada. Carlos Albino e Bárbara Dias dizem que entendimento foi feito com Joaquim Raminhos, mas o bloquista apenas admite que existiram conversações

A revelação foi feita por Carlos Albino na última reunião de câmara e caiu como uma bomba. Segundo o líder do executivo municipal da Moita – que preside também à concelhia socialista –, o PS fez um acordo político com o Bloco de Esquerda (BE) logo após as eleições autárquicas de 2021, para garantir a instalação de órgãos autárquicos. Os bloquistas negam ter assumido qualquer compromisso, mas facto é que passaram a ter a presidência em três das quatro assembleias de freguesia, todas ganhas pelo PS, e o lugar de 1.º secretário na Mesa da Assembleia Municipal, também conquistada pelos socialistas.

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A revelação causou desconforto no seio do BE, motivou a apresentação de uma declaração política por parte de António Chora, 1.º secretário da Mesa da Assembleia Municipal, na sessão de sexta-feira passada do órgão deliberativo, e ainda a realização de uma reunião da concelhia bloquista, ocorrida nesta terça-feira.

“Pessoalmente, desconheço acordos do PS com qualquer uma das forças políticas representadas nas autarquias [do concelho]”, disse António Chora na sessão da Assembleia Municipal, depois de ter negado a existência de um entendimento entre os dois partidos. “Tal acordo não existe, como o comprova o sentido de voto muitas vezes divergente, em relação às propostas de vários executivos autárquicos, por parte dos eleitos do BE”, argumentou o bloquista.

Mas certo é que no início deste mandato existiu uma reunião nas instalações do Círculo de Animação Cultural de Alhos Vedros (CACAV) entre Joaquim Raminhos, membro da concelhia do BE e presidente do CACAV, Carlos Albino, Bárbara Dias, presidente da Junta de Baixa da Banheira/Vale da Amoreira, e mais um elemento do PS, para “acerto de agulhas”. E os socialistas viriam a atribuir os cargos aos eleitos bloquistas.

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“O PS cumpriu com aquilo a que se comprometeu com o BE e que consubstanciava a instalação dos órgãos autárquicos”, disse Carlos Albino a O SETUBALENSE.

Versões diferentes
Versão diferente tem Joaquim Raminhos. “Não houve acordo. Para haver acordo tem de haver pontos de acordo. Houve uma conversa, que é muito natural, pós-eleitoral para haver um entendimento. Acordo é uma palavra muito pesada. Houve conversas informais, convites que foram individualizados e que depois nós os assumimos politicamente”, afirmou o bloquista a O SETUBALENSE. E complementou: “Acho que andamos aqui à volta de um erro de conceitos. Foi uma conversa informal. Há um empolamento da parte do sr. Carlos Albino, não sei se as coisas lhe estão a correr bem ou a correr mal no mandato e tentou fazer aqui um ‘contrafogo’ com esta questão, para desviar atenções”.

Joaquim Raminhos desvalorizou ainda o facto de se ter reunido com os socialistas nas instalações do CACAV. Segundo o bloquista, o encontro foi circunstancial. Raminhos alega que foi interpelado por Carlos Albino, que seguia de carro com Bárbara Dias, quando se preparava para entrar na “casa amarela”. “Até parece que houve aqui uma reunião clandestina. Não foi nada disso. Abri a porta e, em vez de estarmos a falar na rua, falámos lá dentro. Foi uma coisa natural. Ele [Carlos Albino] foi fazer disso um palco, para me pôr em xeque”, defendeu.

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Porém, Bárbara Dias e Carlos Albino desmentem o bloquista. “É falso. A reunião foi agendada com dia, local e hora entre as partes. O local até foi proposto pelo representante do BE”, garante o líder dos socialistas, secundado pela presidente da junta.

BE emite comunicado
Ontem, em comunicado enviado à redacção de O SETUBALENSE, a concelhia do BE reafirmou que “não existe nem nunca existiu qualquer acordo autárquico com o PS”.

“O que aconteceram foram convites individualizados a eleitos do BE, convidando-os a assumir funções no secretariado da Assembleia Municipal e nas presidências das assembleias de freguesia, de Baixa da Banheira/Vale da Amoreira, Alhos Vedros e Moita. Decorrente dessa situação, e em reunião da concelhia do BE da Moita, foi decidido aceitar esses cargos, sem qualquer contrapartida ou comprometimento, antes salvaguardando a total autonomia e independência dos eleitos do BE”, lê-se no documento.

A estrutura local do BE critica ainda a postura do presidente da Câmara e líder dos socialistas. “Este discurso, que surge fora de qualquer contexto, é completamente despropositado e pretende apenas tentar camuflar a forma desastrosa como o sr. presidente Carlos Albino vem gerindo o seu mandato.”

Já para o socialista ficou claro que os eleitos do BE foram mantidos à margem do “acordo alcançado” com Joaquim Raminhos. “Não sabiam de nada. É preocupante que seja assumido um compromisso, quando os próprios elementos que dão cumprimento ao mesmo não foram informados. O PS cumpriu com o que se comprometeu”, reforçou Carlos Albino, a concluir.

Consequência Joaquim Raminhos “demitido” da Universidade Sénior

Joaquim Raminhos coordenava até esta terça-feira a Universidade Sénior da Moita (UniSeM). “Fui informado pelo vereador António Carlos Pereira de que não continuaria a exercer funções [por decisão do executivo municipal]. Fui demitido. Fiquei perplexo. Foi retaliação”, revelou o bloquista a O SETUBALENSE. Carlos Albino confirmou o afastamento de Joaquim Raminhos do cargo e justificou: “O lugar é de confiança política. Se as pessoas mostram não ser de confiança, não podem continuar nos cargos. Não havia confiança para continuarmos a trabalhar em conjunto. Estando quebrada a relação de confiança, não haveria espaço para se continuar a trabalhar em conjunto”. Na resposta do autarca socialista fica implícito que a quebra de confiança resultou do caso político.

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