Iniciativa abordou “importância da música e consequências” do 25 de Abril na realidade da região e do concelho de Setúbal
O projecto “Senha e contrassenha de Abril”, com coordenação de Nuno Guerreiro Soares, foi distinguido com o reconhecimento ‘Identidade e Memória’. O prémio foi atribuído no âmbito do II Concurso Nacional de Projetos de Promoção e Desenvolvimento da Animação Sociocultural, organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC).
A associação congratulou a equipa vencedora, composta por Nuno Guerreiro Soares e Joana Ascensão, e mostrou-se convicta que irá, juntamento com os responsáveis do projecto, continuar a “dignificar” a animação sociocultural em Portugal, assim como a “divulgar a sua importância para uma sociedade mais justa, mais humanizada e cooperante”.
Este projecto foi dinamizado com alunos do 2.º e 3.º ano de escolaridade da Escola Básica dos Arcos e teve também como participantes os utentes do Centro Comunitário da União de Freguesias de Setúbal, que vieram contar as suas vivências aos mais novos.
Numa nota enviada à redacção d’O SETUBALENSE, a equipa do projecto vencedor explica que pretendeu olhar para “o período mais intenso” da implementação da democracia em Portugal, após o derrube do Estado Novo. Neste projecto foram abordadas “as causas, as movimentações, a magia e importância da música e as consequências” do 25 de Abril, passando pela realidade da região e do concelho de Setúbal, designadamente as vésperas da Revolução de Abril, assim como os primeiros dias da liberdade.
A organização do projecto explica que foi também feita uma análise ao papel das músicas que “ecoaram a liberdade”, – interpretação de músicas de Abril, pelo acordeonista Leonel Mateus -, transversalmente entre gerações para “uma melhor compreensão da consciência da pobreza e opressão” da população e do impacto da Revolução dos Cravos em Setúbal.
Foi também tida em conta a literatura infanto-juvenil, a partir do livro ‘No tempo das caras sérias’, de Ana Brito, que conta às crianças a luta de José Afonso “contra as injustiças através das suas músicas com coragem e rebeldia”. Foi também analisado o trabalho do fotógrafo Humberto Sousa, sob o tema central ‘Fotografias com história’, que esteve na rua no dia em que a ditadura portuguesa caiu, com um acervo de centenas de fotografias, que “fazem parte da memória individual e colectiva” do 25 de Abril de 1974.
O projecto abordou ainda a história de vida e testemunhos na primeira pessoa de resistentes antifascistas enquanto “expressão da realidade desta época revolucionária”. Desta forma, os coordenadores do projecto conseguiram concluir o papel da Associação José Afonso (AJA) e do povo no 25 de Abril, considerando que foi uma influência “decisiva” na “transformação socioeconómica e político-cultural” de Portugal, da região e do concelho de Setúbal.