Eterno abraço entre a Arrábida e o Sado em debate por futuro sustentável

Eterno abraço entre a Arrábida e o Sado em debate por futuro sustentável

Eterno abraço entre a Arrábida e o Sado em debate por futuro sustentável

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Candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera foi apresentada pela AMRS como um desígnio para unir os agentes locais em torno da defesa e valorização do património natural

 

No decorrer da 1ª Meia Jornada Arrábida Sado, realizada quinta-feira, 21, no Convento de S. Paulo, em Setúbal, o valor ambiental e económico do binómio Arrábida-Sado foi debatido tendo como foco o presente e a sustentabilidade do futuro.

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Com a presença de representantes de entidades da região, autarcas, especialistas em turismo, ambientalistas e pescadores. A abertura da conferência ficou a cargo de Rui Garcia, presidente do conselho directivo da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), que destacou “a importância de encontrar o caminho do desenvolvimento sustentável, entre parceiros, locais e regionais”.

Rui Garcia destacou três acções determinantes para que seja possível concretizar o trabalho de parceria. “Preservar, defender e reservar”.

Sobre a iniciativa da conferência, promovida pelo jornal O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO, Rui Garcia destacou “uma amplitude muito positiva do evento promovido por um órgão de comunicação social que desempenha um papel fundamental na região” e referiu a importância de “promover momentos como este, em que vários parceiros regionais se unem para debater o futuro e o desenvolvimento económico de duas grandes mais-valias da região: a Arrábida e o Sado”.

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Como esperança no futuro sustentável, o presidente da AMRS defende que “existe a percepção de que se está a fazer um caminho, quer do ponto de vista da preservação ambiental, quer do ponto de vista do desenvolvimento económico. E têm-se alcançado resultados, naturalmente com a consciência de que ainda há muito a fazer ”.

Um caminho que passa por “continuar com as questões de defesa do ambiente, porque continuam a existir impactos significativos de ameaças que precisam de ser dominadas. E do ponto de vista económico há também ainda muito a fazer, para que esta região aproveite melhor o grande crescimento do turismo, que vem de Lisboa e começa a espalhar-se um pouco até à nossa região mas ainda de uma forma muito incipiente”.

Neste panorama, em que a Arrábida e o Sado caminham para um desenvolvimento sustentado, entre a defesa do ambiente e o crescimento económico, surge a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, enquanto elemento agregador. “Esta candidatura tem o papel de unir os actores locais em torno da governação do território, da sua defesa e valorização, tal como foi feito através desta conferência”.

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Na organização do encontro esteve também a Universidade de Évora, representada por Mourad Bezzeghoud, director da Escola de Ciências e tecnologia.

 

A Serra da Arrábida precisa de sinergias para potenciar oferta turística

 

A Serra da Arrábida é um território natural de oportunidades para o desenvolvimento económico dos três concelhos que envolve – Setúbal, Palmela e Sesimbra – e também da região. Mesmo do ponto de vista nacional, a sua contextualização no sector turístico pode ser um argumento de atracção para aumentar o tempo de presença de quem desembarca no aeroporto da Portela; atravessar o rio e juntar a serra às praias.

Para que este grande pulmão verde ser atractivo para os turistas é preciso que lhe seja atribuído conteúdo de atracção. Carlos Cupeto, moderadora da primeira mesa da Meia Jornada “Agenda Arrábida Sado” lembrava que “há 20 anos era possível andar a pé na Serra com segurança, hoje não existem essas condições. E a melhor maneira de conhecer um território é mesmo a pé”.

Para o geólogo e professor da Universidade de Évora, “é necessário uma Arrábida viva e vivida”, para isso “os ecossistemas têm de ser harmonizados”, isto de acordo com turistas e com quem vive na região. Sobre esta matéria intervieram Sofia Martins, secretária geral da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), Alexandra Silva, da Secil, Jorge Humberto, da Entidade Regional de Turismo de Lisboa e Cláudia Silva pela Câmara de Palmela.

 


“Todos temos obrigação de proteger a Arrábida”

Sofia Martins. A Secretária geral da Associação de Municípios da Região de Setúbal, dedicou a sua exposição à Candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, apresentada pela AMRS e Instituto da Conservação da Natureza e Biosfera. Candidatura que considera merecer o apoio das cerca de 300 entidades, de vários sectores, que analisam a Arrábida. “Tem de estar dentro deste projecto”, afirma.

Aliás, o grande desafio da comissão que trabalha esta candidatura é “colocar todos os parceiros a construir projectos comuns pela Arrábida”.

 


É possível recuperar a biodiversidade de uma pedreira”

Alexandra Silva, engenheira bioquímica, em representação da Secil, falou sobre a Recuperação de Pedreiras & Biodiversidade. Esta fábrica que, pela sua actividade de produção de cimentos é acusada de colocar em risco o equilíbrio natural da Serra da Arrábida, está a desenvolver um trabalho de “recuperação das pedreiras há 35 anos” afirma a técnica.

Todos estes anos facultaram conhecimento que permitem “minimizar o impacto da exploração na serra”, afirma. Entretanto, Nuno Maia, também da Secil, afirmou que a empresa está disposta a participar da Candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera.

 


“Não há turismo sem turistas”

Jorge Humberto, da Entidade de Turismo da Região de Lisboa abriu a sua intervenção com uma afirmação que, parecendo óbvia, deixou o facto de que quando se fala de turismo, muito se fala de territórios e pouco, ou nada de turistas. No caso da Arrábida, “não basta dizer que é fantástica se nada tiver para os turistas fazerem”.

Considera que é preciso dotar o sector de conteúdo e, para isso, “é necessário desafiar as empresas a comercializarem e venderem para desenvolver passeios, o Rio Sado, o enoturismo e o património”, estes apenas alguns exemplos.

 


“Temos um clima simpático que permite turismo todo o ano” 

Cláudia Silva. Em nome da Câmara de Palmela, fez saber que o concelho aposta em dois ângulos para desenvolver a captação de turismo: natureza e desporto. Estão a ser criados trilhos e percurso pela serra para atrair visitantes, tanto à Serra da Arrábida como à vila de Palmela que “ainda tem alguma ruralidade capaz de captar o interesse de quem cá chega e vê algo já não há muito na AML “.

Neste momento está a ser criada uma estrutura sobre um questionário a quem participa em eventos desportivos no concelho “para sabermos o que pensam sobre a oferta turística”. Um conhecimento que será usado para criar mais atractividade.

 

 

Sado, riquezas e real desenvolvimento para a região

 

O painel dedicado ao Sado abordou desde as potencialidades de crescimento do Porto de Setúbal, à sensibilidade necessária para que este crescimento não afecte o sector da pesca e o turismo. A parte deste tema quente, que muito tem movimentado a opinião pública, destaque para a descoberta do património histórico existente no fundo do Sado, pelo projecto de localização de um galeão espanhol da época dos Descobrimentos, que encerra um possível tesouro de 22 toneladas de ouro e prata.

 


“A seca no Sado”

André Matoso, director da Administração das Regiões Hidrográficas dos Alentejo (ARH): “A Região Hidrográfica do Sado e do Mira representa a maior bacia hidrográfica inteiramente portuguesa. Um local que concentra, nas suas actividades económicas 3% do emprego gerado para a população do país e 2% do PIB a nacional”. Motivo pelo qual André Matoso considera que as palavras-chave para o futuro do Sado devem ser “sustentável e equilibrado”.

 


“O rio Sado deixou de ser importante porque dá muito trabalho”

 

Ricardo Santos, SESIBAL – Cooperativa de Pesca de Setúbal e Sines: O representante do sector das pescas em Setúbal e Sesimbra deixou clara a sua posição sobre o que as entidades da região, no seu parecer têm feito pelo Sado. “O rio deixou de ser um importante económico a preservar, porque dá muito trabalho. É mais fácil movimentar cargas do que manter equilíbrios de ecossistemas”. Motivo pelo qual considera que as dragagens vão tirar equilíbrio aos ecossistemas do Sado. “Por isso nós, associações de pescadores, pedimos à política uma protecção especial para o Sado”.

 


“A nossa história também está no fundo dos rios e na nossa costa”

Alexandre Monteiro, arqueólogo subaquático: O arqueólogo e investigador da Universidade Nova destaca a importância de estudar o património que se encontra submerso em Portugal, e lança o desfio para o que será uma possível caça ao tesouro. “A nossa história também está no fundo dos rios e na nossa costa, através da busca por artefactos. Aqui, na região de Setúbal, na zona do Cambalhão, segundo apontam os estudos feitos, afundou um galeão espanhol com 22 toneladas de outro e prata”. São esses activos históricos que o arqueólogo considera importante pesquisar e potenciar, “mais do que obras em portos”.

 


“Em termos ambientais o que representa o Sado?”

Pedro Vieira, Clube da Arrábida: O representante do Clube da Arrábida centrou a sua apresentação na importância de preservar as praias da Arrábida. “Ao longo dos anos temos levado a cabo iniciativas para travar o assoreamento das praias, considerando o grande valor da Arrábida e do Sado”, refere o ambientalista, deixando ainda a questão “afinal em termos ambientais o que representa o Sado para nós?”.

Motivo pelo qual Pedro Vieira volta a trazer a debate o que considera ser “um elefante em sala”: as dragagens do Sado.

 


“O Porto de Setúbal precisa crescer”

Ernesto Carneiro, Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra: O representante da APSS referiu que 2º Porto de Setúbal, como todos os outros tem as suas fases de crescimento, sendo agora o momento de aposta numa nova fase”.

Em defesa do projecto de melhoria das acessibilidades ao porto e das consequentes dragagens previstas para o Sado, Ernesto Carneiro afirmou “um porto como o de Setúbal é muito mais do que um local de carga e descargas, representa um papel fundamental para o PIB da região e do país”.

 

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