Jovem da Tanzânia estreia-se no toureio apeado pela escola moitense

Jovem da Tanzânia estreia-se no toureio apeado pela escola moitense

Jovem da Tanzânia estreia-se no toureio apeado pela escola moitense

Foto: Manuel Queiroz

Talento do continente africano veio para Portugal com 2 anos. Sonha vingar no mundo da tauromaquia como Ricardo Chibanga e “Cuqui”

É natural de Dar es Salaam, Tanzânia, e veio com os pais para Portugal com apenas 2 anos. Uma década e meia depois prepara-se para se estrear no toureio apeado perante o público. Eduardo Bullugu, que adoptou o apelido de “Chibanga” – falecido toureiro moçambicano que foi uma das figuras maiores nesta arte –, vai debutar perante a “afición” no próximo dia 15, na tradicional novilhada da Feira da Moita.

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É na Escola de Toureio e Tauromaquia da Moita, sob a orientação do matador de toiros Joaquim Ribeiro “Cuqui”, que o jovem luso-tanzaniano tem vindo a desenvolver a vocação e a aprimorar a técnica, que espera que o venha a catapultar para o triunfo no mundo da tauromaquia. “Sonho vir a ser figura do toureio e matador de toiros. Sonho tourear em Sevilha. Fiquei apaixonado quando entrei pela primeira vez naquela praça, para acompanhar Tomás Bastos, e foi onde Ricardo Chibanga tirou a alternativa”, diz Eduardo “Chibanga” a O SETUBALENSE, quando se apresta a iniciar mais um treino, dos dois ou três que cumpre diariamente na escola moitense.

Por estes dias, o foco é absoluto na preparação para o desafio que terá de enfrentar na Monumental Daniel do Nascimento. E confiança não lhe falta. “Sinto-me preparado. Ando a treinar arduamente com a ajuda do maestro ‘Cuqui’ e estou confiante”, garante, ao mesmo tempo que revela os nomes daqueles que tem como referências na arte do toureio a pé. “O maestro ‘Cuqui’ e o maestro Ricardo Chibanga.”

A paixão pela tauromaquia desenvolveu-se cedo, por influências da cultura vivida na terra que a família de Eduardo escolheu quando trocou a Tanzânia por Portugal. “Fui criado numa terra de aficionados, em Coruche. Sempre fui vendo largadas, corridas de toiros, tenho amigos que também praticam esta arte e fui ganhando gosto. Depois houve um toureiro africano, o maestro Ricardo Chibanga, de que gostei muito, e comecei a interessar-me mais pelo toureio a pé”, explica.

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A particularidade de ser oriundo do mesmo continente daquele que foi o primeiro toureiro africano na história da tauromaquia não foi, porém, a única razão que o levou a adoptar o apelido desta sua referência. Houve quem notasse alguma similaridade nos recortes técnicos de Eduardo, quando este era ainda muito jovem. Tinha cerca de 11 anos, quando depois de ter dado uns lances de capote (verónicas) começaram a chamá-lo de Chibanga.

O jovem iniciou o trajecto no toureio apeado pelas mãos de António Sacramento e, depois de ter concluído o ensino secundário, ficou com caminho aberto para poder ir residir e trabalhar para a Moita, de forma a frequentar assiduamente a escola taurina local. Mudou-se há cerca de um ano para a vila que, para muitos, é conhecida como “Moita do Ribatejo”. “Já vinha cá a alguns treinos, mas agora estou mesmo a residir na Moita”, lembra, sem esconder satisfação.

E quanto ao passo seguinte, Eduardo “Chibanga” prefere jogar pelo seguro, com a humildade própria de quem sabe que o caminho se faz com os pés bem assentes no chão. Sem pressas nem euforias. “Quando espero tirar a alternativa? Ainda é muito cedo para pensar nisso. Mas, trabalharei imenso para o conseguir”, vinca.

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‘Cuqui’ reconhece talento
A seu lado tem o maestro “Cuqui”, que afina pelo mesmo diapasão, mas que reconhece talento suficiente ao jovem luso-tanzaniano para poder vir a triunfar.

“O Eduardo é um miúdo com bastantes condições para tourear e para começar esta profissão. Está num bom momento para se iniciar, embora ainda seja cedo para afirmarmos que vai ser uma figura do toureio. Mas que tem condições para isso, tem. Só o tempo o dirá. Tem um caminho muito longo pela frente e este é um mundo muito difícil”, defende o matador.

Quanto à estreia do jovem em público na histórica Daniel do Nascimento, “Cuqui” não esconde elevadas expectativas. “Penso que no dia da apresentação poderá dar uma boa dimensão e que esse poderá ser um grande passo para o Eduardo, capaz de surpreender muita gente.”

O maestro realça ainda a paixão de Eduardo “Chibanga” pela festa brava. “É um sinal de que a tauromaquia, apesar de mal observada por algumas pessoas, é valorizada por quem vem de outros locais, de outros países, e que a vêem como uma arte”, conclui.

Feira da Moita Novilhada fecha cartaz com três corridas

A novilhada de 15 de Setembro, na Praça de Toiros Daniel do Nascimento, está marcada para as 17h30. Além de Eduardo “Chibanga”, o cartaz apresenta nomes como Manuel León, António Grilo “Toninho”, David Gutiérrez, João Mexia e Luis Rivero Muñoz. Os novilhos são sete, das ganadarias São Marcos, Canas Vigoroux e Mata-o-Demo. Nos dias 10, 12 e 14, sempre com início às 22 horas, realizam-se as habituais corridas de toiros. Joaquim Ribeiro “Cuqui” integra o cartel da primeira corrida, juntamente com Morante, e os cavaleiros António Ribeiro Telles e Luís Rouxinol. Serão lidados toiros Veiga Teixeira, Paulo Caetano e Álvaro Nuñez. Pegam os Forcados Amadores da Moita.

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