3 Julho 2024, Quarta-feira

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No Jobs for the Boys! E para as Girls?

No Jobs for the Boys! E para as Girls?

No Jobs for the Boys! E para as Girls?

3 Julho 2024, Quarta-feira
Membro do conselho Nacional do Partido Ecologista Os Verdes

A mais inconsequente declaração da vida política portuguesa atingiu, há muito, a maioridade, mas nem assim os dois partidos que governam o país alternadamente há décadas a levam a sério.

O seu autor, em fuga do “pântano” que ajudou a criar − embora tivesse, mais tarde, chegado bem longe − estaria, porventura, em 1995, quando proferiu a maldita frase, muito bem intencionado, mas seria, seguramente, o único no seu partido. Não só mais ninguém acreditava no que afirmou, como ninguém se empenhou em cumprir a promessa feita.

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Corria o ano de 1995 quando o novo primeiro-ministro socialista António Guterres proclamou, convicto, a frase que ainda hoje o persegue: “no jobs for the boys”, ou, em português, “não há empregos para os rapazes”, o que, popularmente, se poderia traduzir por “não há mais tachos para o pessoal do partido”. A intenção era boa.

Guterres depressa percebeu que não foi ouvido.

Ainda há dias se ficou a saber que, em resultado da composição partidária das autarquias da península de Setúbal que integram a AMARSUL, o PS, hoje maioritário nestas câmaras  municipais, indicou para integrar o Conselho de Administração da empresa uma militante socialista a quem não se conhecem ou reconhecem quaisquer capacidades ou experiência em matéria de gestão de empresas ou conhecimentos na área da gestão de resíduos.

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A militante do PS é eleita numa assembleia de freguesia do concelho de Setúbal e na Assembleia Municipal. Por acidente, ascendeu ao cargo de deputada na anterior legislatura em virtude da saída para o governo de António Costa de alguns dos deputados eleitos por Setúbal, embora apenas tenha andado pelo hemiciclo pouco mais de um ano. O seu currículo conhecido indica-a como “consultora de entomologia médica” por ter trabalhado, em regime de prestação de serviços, por um ano e oito meses num instituto público e refere que trabalhou três meses num call center. Tem 32 anos.

Com tão escasso e desadequado currículo foi promovida pelo PS ao cargo de vogal do Conselho de Administração da AMARSUL, órgão onde têm assento, além de gestores e técnicos qualificados, ex-presidentes de câmara com larga experiência de gestão pública e, em particular, no que respeita a resíduos e na relação com a AMARSUL, como é o caso de Nuno Canta, ex-presidente da Câmara Municipal do Montijo, ou João Lobo, que foi presidente da Câmara Municipal da Moita. A possibilidade desta efémera deputada e fugaz consultora de entomologia médica ser nomeada apenas resulta do facto de o capital social da AMARSUL ser detido em 49 por cento pelas autarquias da península de Setúbal, onde o PS é maioritário, o que lhe confere a autoridade para indicar nomes através das autarquias onde detém a presidência. Há, naturalmente, legitimidade política para estas nomeações. O que é incompreensível é o critério utilizado na escolha dos administradores.

Resta agora ter esperança de que a nova vogal do Conselho de Administração esteja em sintonia com o presidente socialista da Moita, que tanto tem contestado o aumento das tarifas praticadas pela AMARSUL (empresa com capitais maioritários privados que já foi totalmente pública) para a gestão de resíduos, aumento que foi promovido precisamente pelos socialistas enquanto estiveram no governo. Dos 20,48 euros cobrados por tonelada em 2019 chegou-se aos 77 euros em 2024, o que, obrigatoriamente, se reflete na fatura da água dos munícipes. Uma sintonia que, naturalmente, se espera que se converta em ações concretas para reduzir a taxa e, já agora, para exigir que a AMARSUL volte a ter controle público a cem por cento.

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Guterres talvez se tenha ido embora em 2001 porque sabia que o PS era irreformável. Porque sabia que a tensão para a distribuição de cargos e benesses pelos militantes de um grande partido do centro político seria sempre demasiado elevada e insuportável. Tinha razão.

Com a saída do PS do Governo iremos assistir ainda mais a tentativas de colonização de todos os lugares disponíveis na Administração Pública e noutras entidades dela dependentes por parte dos socialistas.

Está-lhes no ADN.

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