FIGURA DO ANO
Pedro Vieira
O presidente do Clube da Arrábida foi pioneiro quando, no Verão de 2018, a associação ambientalista tomou a dianteira na contestação às dragagens no rio Sado, originando um envolvimento social muito pouco vulgar e que alcançou níveis relevantes de projecção mediática, obrigando a respostas e medidas de governantes e outros políticos.
Após as primeiras denuncias sobre a ameaça à fauna e flora do estuário, feitas por Pedro Vieira, através de entrevistas, a opinião pública despertou para o projecto de Melhoria das Acessibilidades Marítimas ao Porto de Setúbal, da APSS, que até então passava ao lado das preocupações colectivas.
Em 14 de Setembro o Clube da Arrábida interpôs a primeira providencia cautelar para tentar travar a obra e, entretanto, nesse mesmo mês, juntaram-se à luta várias outras organizações, incluindo algumas criadas propositadamente para o efeito, como os grupos ‘Sado de Luto’ e ‘SOS Sado’.
FACTO DO ANO
Contestação às dragagens
Há muito anos que Setúbal, tanto cidade como região, não tinha uma causa tão mobilizadora das pessoas e independente de partidos ou sindicatos. A luta contra as dragagens envolveu várias organizações de diversos sectores, motivou a criação de grupos de cidadãos e trouxe à rua muitos cidadãos comuns para manifestações pouco vulgares.
A mobilização, inorgânica, embora algo similar, suplantou a contestação ao plano Arrábida Sem Carros. Conseguiu maior abrangência e perseverança e recorreu a ferramentas mais diversificadas, como a via judicial. A contestação afirmou a dimensão da participação cívica, atingiu níveis de representatividade popular e obteve ganhos, obrigando a sessões de esclarecimento e a compromissos dos responsáveis do projecto. A APSS prometeu empenhar-se no enchimento das praias da Arrábida e na procura de soluções para minimizar impactes na pesca.