Presidente da Câmara suspeita que existam nos serviços autárquicos ’toupeiras’ que vazam informação interna para o autarca da oposição
Seis de 25 árvores localizadas no Parque Municipal Carlos Hidalgo Gomes Loureiro, no Montijo, estão recomendadas para abate desde Abril de 2018 por se enquadrarem numa situação considerada de risco para a segurança de pessoas e bens, de acordo com um estudo de avaliação encomendado pela Câmara Municipal à empresa Planeta das Árvores – Arboricultura de Portugal, Lda. Uma das árvores, de grande porte, encontra-se no interior do parque infantil ali existente, alertou o vereador do PSD, João Afonso, na reunião do executivo camarário realizada na última quarta-feira nos Paços do Concelho, dando a conhecer a existência do relatório ao mesmo tempo que acusou o presidente da autarquia, Nuno Canta, de ter o documento “guardado na gaveta” há cerca de um ano e de ter feito “zero”.
O socialista considerou intelectualmente desonesta a intervenção do vereador e admitiu que suspeita da existência de ’toupeiras’ nos serviços camarários.
“Como é que conheceu estes relatórios? Foi alguém dos nosso serviços que lhe disse? Preciso de saber. Não quero o nome, só quero saber qual é o serviço”, começou por dizer o socialista, que, mais à frente, viria a reforçar: “Uma coisa é aquilo que de repente se soube, outra diferente é haver aqui um sistema, nós vamos lá chegar”.
“A pessoa que pede os estudos para avaliar estas árvores não está preocupada com a segurança? É o vereador que agora conheceu [o estudo] que está. Estamos aqui a trabalhar no domínio do absurdo. Não temos condições para discutir o que quer que seja com seriedade com pessoas destas, é uma completa anormalidade”, disparou o socialista, adiantando: “De acordo com os estudos temos abatido as árvores em maior perigo e podado outras. Não há nada parado nem nunca houve. Houve sempre execução da parte dos serviços de todo este trabalho que não acaba aqui”.
Nuno Canta diz aguardar por novo relatório
O social-democrata voltou a insistir e questionou: “Está em condições de garantir a segurança das pessoas que estão no parque municipal, quando tem relatórios na sua posse a dizer que existe uma série de árvores que têm de ser abatidas?”
Nuno Canta foi peremptório: “Todos os relatórios são do conhecimento do presidente da Câmara e todos eles deram origem ao abate de árvores.”
João Afonso pediu então para que a declaração do presidente ficasse registada em acta e informou que iria solicitar por escrito o referido relatório, para provar quem está a falar com rigor e verdade.
O presidente da autarquia revelou que aguarda por um novo relatório pedido à empresa especializada e atirou: “Se calhar é na sequência disso que vem procurar saber essas coisas.”
Já Carlos Jorge de Almeida lembrou o posicionamento da CDU em relação a este tipo de matéria em situações anteriores. “No mandato anterior, não nos pronunciámos quanto ao abate de árvores no parque municipal. Dissemos que se a gestão socialista está estribada por pareceres técnicos, quem somos nós para dizer que as árvores não deverão ir abaixo. Era o que faltava, acontecer uma desgraça só por si que nos deixaria arrasados e depois ainda termos de responder civil e criminalmente porque existiam relatórios nesse sentido”, resumiu.
As árvores referenciadas para abate no documento são quatro ulmeiros, uma acácia e poda e/ou redução de copa, sendo que duas delas suscitam dúvidas sobre a necessidade de abate, segundo o documento a que O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO teve acesso.
Câmara e SMAS com contas homologadas pelo TC
O Tribunal de Contas (TC) procedeu à homologação das contas de gerência da Câmara Municipal do Montijo e também dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento relativas ao exercício de 2017, anunciou Nuno Canta, no período antes da ordem do dia. O socialista lembrou que 2012 foi o ano em que as contas do município haviam sido homologadas pela última vez pelo TC. Agora, as contas de 2017 também obtiveram o mesmo deferimento depois de verificadas pelo organismo, salientou o autarca.