Comemora-se, por estas alturas, tanto os 50 anos do 25 de abril como também o cinquentenário das várias organizações partidárias fundadas no alvor da liberdade. Entre estas, está a Juventude Socialista, organização que lidero e que conheceu no distrito de Setúbal o seu berço. Criada nos primeiros dias a seguir ao 25 de abril de 1974, a JS teve a sua primeira Convenção e primeiro Congresso em novembro 1974 e fevereiro 1975 na Costa de Caparica, local onde este fim-de-semana regressámos para assinalar esta efeméride. Foi também neste distrito que se realizou o maior número de Congressos da JS (1975, 1978, 1984, 1987, 1990, 1991, 2014 e 2018).
Ao longo destas últimas 5 décadas, a Juventude Socialista foi a casa comum de quem quer transformar a sociedade por nossas mãos. Começando nos anos 70, a JS travou na sociedade e no parlamento a luta pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Enfrentámos preconceitos e mudámos mentalidades, como no combate à discriminação e por direitos iguais para pessoas LGBT, desde logo no casamento.
Sempre fomos além das causas “fraturantes”, sem nunca deixar de dizer que elas são, sim, estruturantes de uma sociedade em liberdade. Desde o estatuto do trabalhador-estudante ao fim do serviço militar obrigatório, à redução das propinas e reforço das bolsas, sem esquecer a criação e expansão do Porta 65 Jovem, a gratuitidade das creches ou, ainda, no combate aos estágios não-remunerados, à precariedade e aos baixos salários, a Juventude Socialista foi uma espécie de sindicato de todos os jovens portugueses.
Somámos a isto a defesa do planeta, através da Lei de Bases do Clima e a gratuitidade dos transportes; a limitação das comissões bancárias, designadamente no MB Way e, ainda, a expansão dos cuidados de saúde mental no SNS e no ensino superior. Estivemos na luta pela independência de Timor e do Saara Ocidental e na linha da frente de uma Europa mais social, tendo alcançado vitórias na reforma das regras fiscais e na instituição de um salário mínimo europeu.
Estas são apenas algumas das causas que fazem parte da história da JS. É um património histórico que nos orgulha, conquistado por milhares de jovens de várias gerações que saíram da sua zona de conforto para conhecer o seu país e os seus pares, para lutar por aquilo em que acreditam. Esta pegada de transformação é a base concreta que dá credibilidade à nossa promessa de um futuro melhor para os jovens e os trabalhadores. Os resultados das últimas eleições demonstraram a ameaça de ideias liberais e racistas e a necessidade da esquerda renovar essa promessa.
Nestes 50 anos do 25 de abril, importa recordar que Abril sempre foi mais do que só conquistar a democracia. Cumprir Abril também é escola pública, serviço nacional de saúde, pensões, salário mínimo, eletrificação e saneamento das nossas vilas e aldeias. Hoje, é na melhoria dos salários, no direito à habitação e em tantas outras dificuldades da vida comum que se pode continuar a cumprir Abril.