26 Junho 2024, Quarta-feira

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Foi Páscoa, ou não?

Foi Páscoa, ou não?

Foi Páscoa, ou não?

, Médico
3 Abril 2024, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Passou a Páscoa, a maior celebração do Cristianismo desde há muitos séculos.

Embora se celebre neste dia, nos quatro cantos do mundo onde haja cristãos, a ressurreição de Jesus – Deus feito homem – que foi morto e ressuscitou. Essas comemorações, desde há séculos, com mais intensidade e espectacularidade, recordam os sofrimentos e até a morte que a sociedade de então provocou a Jesus. Grandes cerimónias litúrgicas – quarenta dias de “sacrifícios” e a morte ignominiosa – de Cristo, com procissões e ambientes de luto e dor, deixando apenas um dia – o Domingo Páscoa – para a celebração do que verdadeiramente é extraordinário, que é a ressurreição de Jesus, que assim nos garante a eternidade da vida humana, e o triunfo do bem e do amor sobre a maldade dos seres humanos.

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Parece que a Igreja institucionalizada punha a tónica no sofrimento e na dor, deixando para trás a alegria da vida, do bem e do amor entre as pessoas. Uma orientação que fez da Igreja um poço de proibições, de regras rígidas e progressivamente afastadas da evolução que as ciências e inteligência do ser humano iam criando, teoricamente para a melhoria das pessoas e para uma melhor organização do que podemos chamar o bem comum. Esta tendência para as proibições teve até uma época verdadeiramente apocalíptica com a época da Inquisição com torturas e mortes de fogueira!

O Papa João XXIII convoca o Concilio Vaticano II e durante três anos a nossa Igreja renova-se e actualiza-se “no papel”. E nasce uma moderna e actualizada “doutrina social da Igreja”

Entretanto, o mal estava feito – muita gente foi abandonada, não só da prática religiosa como se foi afastando da proposta de vida que “um tal Jesus” nos veio ensinar a viver. Não esqueçamos que há dois mil anos foi a Igreja local – mais que o governo de Roma – que inquinou a opinião do povo entusiasmado com os exemplos de Jesus, e os fez preferir Barrabás a Jesus para a condenação à morte.

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Temos, há uns dez anos, um Papa que quer igualmente trazer a Igreja para junto do “povo de Deus” secundarizando o poder clerical – pois também há já manifestações públicas de cardeais, e não só, contra esta extraordinária modernização da Igreja,

Não é necessário muito trabalho, reflexão e leitura para verificarmos que o mundo em que vivemos está em estado (não é exagero) de verdadeira podridão. O bem comum foi praticamente esquecido por quem governa, o afecto entre as pessoas é quase invisível – e aí temos guerras por todo o lado, roubos e atentados, exploração de países pobres pelos países mais ricos e verdadeiros “donos do mundo”, digladiando-se uns aos outros. Temos ondas de fugitivos à procura dum lugar onde seja possível viver, mas que é pasto dos traficantes e depois repudiados por quem os poderia receber É indiscutível que estamos num mundo negro onde se encaixam melhor as cerimónias quase fúnebres em vez duma alegria esfusiante de vida como nos diz a Primavera a florir e perfumar os ares.

Parece-me legítimo perguntar hoje, a quem me lê, se afinal há – se houve – Páscoa ou não!

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Na Ucrânia sacrifica-se um povo inteiro para servir de tampão às ambições do senhor. Putin; em Gaza e na Cisjordânia um povo inteiro está morrendo, às centenas de pessoas por dia (e a maioria mulheres e crianças) pela vontade (neste momento) dum homem só, que já entre os seus compatriotas não é aceite. E, neste momento, o maior negócio do mundo é fabricar armas cada vez mais poderosas e destruidoras. Será que podemos mesmo dizer que domingo passado foi Páscoa?

E pensemos que os cientistas sérios e apolíticos nos dizem que as regras que orientam a natureza estão tão alteradas que o mundo parece que daqui a quatro ou cinco décadas não estará em condições para nele vivermos!

Será que podemos dizer que o domingo passado foi Páscoa? E o nosso clero poderá garantir-nos que o domingo passado foi mesmo Páscoa?

Será que a nossa Igreja de Setúbal – com um bispo novo – está a colaborar com o Papa Francisco comentando os resultados da primeira jornada do Sínodo? Talvez assim tivéssemos vontade de responder à questão com que titulamos este artigo. Talvez tivéssemos vontade de dizer que houve Pascoa!

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