Entre lamentos sobre os dois anos de espera, “a trabalhar num local que tinha poucas condições” e felicitações “por um espaço novo que vai permitir regressar ao trabalho com um ritmo melhor”, os comerciantes do Mercado do Rio Azul celebram emocionados a sua nova conquista
Em ambiente de festa, os comerciantes regressaram ao antigo espaço do Mercado da Lota, agora com alma e nome renovado como “Mercado do Rio Azul”. Após dois anos de espera o sonho concretizou-se e os comerciantes estão prontos para agarrar as novas oportunidades de vida.
Soracira Gonçalves, vendedora no mercado da lota há 23 anos encara esta nova fase da sua vida enquanto comerciante de modo muito positivo. “Acho que o novo mercado ficou muito bonito, porque antes estávamos num corredor. O nosso presidente prometeu-nos um mercado novo e dois anos depois conseguimos um espaço com condições como há muito pedíamos e esperávamos. O que é posso dizer mais é que, o nosso mercado é lindo”.
Anabela Catarino vende pescado no mercado da lota há 7 anos. Lado-a-lado com o marido pescador que, “sempre que pode vem ajudar” a comerciante comenta, “estes dois anos não foram de todo maus. O que é que podíamos fazer? Foi a única maneira que o presidente da nossa freguesia [Rui Canas] encontrou para nós continuarmos a trabalhar. E agora estamos muito melhor, prontos para continuar a trabalhar cheios de força”.
Há mais de 30 anos na lota, Ângela Gomes recorda os últimos dois anos como “muito difíceis”. No entanto, admite “regressar a este espaço é muito bom. O local onde estávamos não tinha condições e muitos dos nossos clientes afastaram-se. Hoje vimos muitos deles regressarem para comprar o nosso peixe. E isso é muito bom, recuperar o ritmo que tínhamos antes das obras, ou melhor até. Agora não nos falta nada”.
Carla Palheira e Carolina Guerreiro representam duas gerações no comando de uma banca de mercado. O percurso começou há 10 anos. Para Carla Palheira “foi muito agradável regressar”. Na sua opinião, “com estas obras feitas pela Junta de Freguesia e pela APSS [Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra] o mercado ficou muito melhor”. No entanto, recorda “os anos que passamos no corredor onde estávamos foram muito difíceis, mas acredito que agora vai ser tudo melhor, neste local mais espaçoso e com outras condições, foi pena foi o tempo de espera”.
Já Carolina Guerreiro, a segunda geração a vender naquele que agora passamos a conhecer como o Mercado do Rio Azul, considera que, “muitas pessoas não encaram com bons olhos a nova geração trabalhar no mercado, tal como os pais fazem. É muito bom trabalhar com o público e os nossos clientes são muito simpáticos”.
Sobre a presença de novas gerações nesta profissão, Carolina admite, “faz falta ter mais pessoas a apostarem na profissão. Muitas criticam este trabalho e não conhecem que o ambiente é muito bom, assim como a convivência”. Quanto aos dois anos de espera, a jovem admite, “foram muito difíceis por o espaço era pequeno, mas agora está tudo a correr bem e o que importa é seguir em frente”.
Foto: Alex Gaspar