5 Maio 2024, Domingo
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Abril cumpre-se, apesar de desilusões

E quase meio século já lá vai. Quase uma vida. E tanta desilusão por aí. São meses à espera da consulta de que se necessita, são tantos jovens com salários de miséria em casa dos pais porque arranjar uma para si, casar e constituir família, está tão difícil. São os professores em repetidas e enormes manifestações a exigirem respeito. Respeito, por condições dignas e pela sua profissão tão importante para a formação das novas gerações. É o custo de vida que aumenta e o povo não aguenta. É até o Alentejo que no tempo da outra senhora, embora de meia dúzia de latifundiários, era o celeiro da nação e agora é o olival (e amendoal) dos espanhóis. Com todas as consequências ambientais daí decorrentes que aqui, mais do que uma vez, temos referido.

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Enfim, é tanto de negativo que depois do “dia inicial inteiro e limpo”, não se previa que passados todos estes anos, acontecesse. E, simultaneamente, voltaram os velhos e novos donos disto tudo, a encherem-se como nunca. Mesmo em tempos de pandemia e de guerra.

É o resultado da liquidação da Reforma Agrária e das privatizações. Mas, os dois principais partidos responsáveis pelo estado a que isto chegou, PS e PSD, continuam a alternar-se no poder. E agora, com tanta desilusão e descrença, surgem ramificações. Com destaque para a mais demagógica, populista e xenófoba, o partido unipessoal de extrema-direita que nada propõe para alterar o sistema de que se diz contrário. Mas que, com tanta exclusão racista e xenófoba, mais o agravaria na razão direta da sua alegada subida nas urnas.

A razão deste descontentamento e desilusão, são as políticas dos governos dos dois partidos do centrão incluindo ou não o moribundo CDS, agora substituído pelas referidas ramificações. Mas porquê esta contradição de continuarem os mais votados?

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A explicação é óbvia; é o resultado da manipulação da comunicação social onde o pluralismo e a isenção são coisas raras. Televisão, rádio, jornais, comentadores e analistas alinhados ao serviço do sistema. Com raras exceções de uns e outros, como é o caso deste jornal.

Portanto, perante tudo isto, a pergunta que se impõe, é se valeu a pena o 25 de Abri? E a resposta, apesar de tudo, é sim. Valeu a pena. E muito! As paredes deixaram de ter ouvidos, os jovens já não vivem com o pesadelo de terem de ir para a guerra colonial e o povo pode bater-se pelos ideais da data libertadora, da revolução. Isso continua a verificar-se com a luta que se mantém. Ainda agora tivemos uma prova com as manifestações populares. Por exemplo, a de Lisboa, na Avenida da Liberdade, foi uma das maiores de sempre. E com muita determinação, entusiasmo e juventude.

Conclusão, os partidos referidos não são alternativa uns dos outros. Mas há outros! Nomeadamente, aquele com provas dadas em todas as instâncias do poder para onde tem sido eleito, que faz propostas para uma sociedade bem mais justa e para outro sistema, o PCP/CDU.

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Portanto, mesmo nesta democracia condicionada, Abril pode cumprir-se.

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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