A Bela Vista é um bairro especial pelo que requer uma esquadra especial, com características e valências adequadas à especificidade da comunidade onde está localizada. Para deixar de estar apenas instalada e passar a estar inserida.

A existência de uma unidade como a actual, com falta de meios, sobretudo humanos, em que o serviço possível é pouco mais do que o administrativo, distorce até à perversão a utilidade que pode ter para o bairro.

De que serve, na perspectiva dos moradores, uma esquadra onde dois ou três polícias passam os dias encerrados, sem policiamento na rua e com total ausência de contacto com o quotidiano comunitário?

Neste momento e nas actuais condições, a presença da PSP na Bela Vista resume-me à personificação da autoridade do Estado, concretizando o principio de que não deve haver locais vedados à segurança pública. É útil por isso e como factor dissuasor do crime (que tem diminuído). É preciso não esquecer que os moradores são as primeiras vitimas da criminalidade na Bela Vista, directa e indirectamente, pelo estigma.

Mas esta utilidade é diminuta quando comparada com o potencial de vantagens que uma esquadra especial poderia representar.

A esquadra deveria ter mais efectivos, muitos de raça negra e outras existentes no bairro – desejavelmente algum efectivo ou, idealmente, chefes nascidos ou criados na Bela Vista. Com um corpo destes e uma postura de dedicação ao bairro, com policiamento e serviço na rua, a crianças e idosos, certamente o ambiente deixaria de ser hostil para a polícia.

O trabalho de mudança social nestes bairros ainda não chegou à PSP, que precisa também de mudar o investimento que dedica a estes casos.

À imagem da Escola Segura, as belas vistas destes país precisam de policia Bairro Seguro, novas unidades adequadas, de que a esquadra da Bela Vista poderia ser a experiência piloto.

O esforço feito pelas autarquias no ‘Nosso Bairro, Nossa Cidade’, deve passar também por aqui, começando por envolver o Ministério da Administração Interna.