Urgências hospitalares em tratamento mas sem cura à vista

Urgências hospitalares em tratamento mas sem cura à vista

Urgências hospitalares em tratamento mas sem cura à vista

Os serviços de urgência de S. Bernardo, N. Sra do Rosário e Garcia de Orta voltaram a sentir dificuldades nos primeiros dias do ano face ao aumento de afluência de doentes. Planos de contingência foram accionados. Temperaturas baixas vão manter-se

A doença de sobrelotação das urgências hospitalares está há muito diagnosticada, mas o tratamento apenas consegue aliviar sintomas. Ano após ano, chegada a época das temperaturas mais baixas, com o frio cortante a alertar para um habitual período crítico em que a gripe reina, a afluência de utentes aos serviços de urgência disparam consideravelmente e a capacidade de resposta hospitalar diminui em razão, porventura, inversamente proporcional.

Cura para descongestionar as urgências parece não existir: os tempos de espera são de horas a fio, há macas a atropelarem-se pelos corredores e até hospitais a travarem a entrada de doentes enviados pelo Centro de Orientação dos Doentes Urgentes (CODU) do INEM, como aconteceu logo neste início de ano no Garcia de Orta, em Almada, e no S. Bernardo, em Setúbal, o que contribuiu para gerar o caos no serviço de observação de urgência do Hospital N. Sra. do Rosário, no Barreiro, dimensionado para atender 28 pessoas mas a deparar-se com mais de 60 na manhã do passado dia 3.

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O novo ano arrancou, assim, com as habituais dificuldades nas urgências hospitalares da região – os serviços estiveram sobrelotados em Setúbal, Almada e Barreiro – e as temperaturas frias prometem não desarmar, pelo menos durante esta semana.

Setúbal recupera depois de início de ano caótico

Em Setúbal, o serviço de urgência do Hospital São Bernardo começa a recuperar a fluidez de atendimento depois de um início de ano caótico, mas os utentes duvidam que a aparente calma se mantenha.

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Na manhã de quinta-feira, 10, a urgência do Centro Hospitalar de Setúbal tinha apenas 14 pessoas a aguardar atendimento médico. O tempo de espera para casos urgentes era de 24 minutos e para casos pouco urgentes apenas 35. Apesar da aparente calma, um funcionário da unidade hospitalar salientou que na noite anterior o serviço tinha voltado a a sofrer constrangimentos no atendimento. “Durante a noite a situação tem sido especialmente problemática. Ontem, mais uma vez confirmou-se que o serviço de urgência não está com capacidade para receber tantos utentes. Havia pessoas doentes sentadas no exterior, por não terem espaço dentro da urgência”, disse, reconhecendo que “as piores situações ocorreram de facto na primeira semana do ano”.

Dezenas de doentes foram encaminhados para o Hospital do Barreiro e para o Hospital Garcia de Orta. “Na nossa urgência de Setúbal, em muitos casos, o tempo de espera superou as 12 horas”, admitiu. A situação melhorou, porém, com “a activação do Plano de Contingência da Gripe [PCG]”.

O PCG foi activado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo no passado dia 4, após o elevado fluxo de doentes ter deixado os serviços de urgência dos hospitais de Setúbal, Barreiro e Almada em ruptura.

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Calmaria sem convencer utentes

O Centro Hospitalar de Setúbal confirmou que “a situação tem vindo a melhorar desde o passado dia 8”, registando-se contudo “alguma diferença entre o período da manhã, relativamente mais calmo, e o período da tarde e noite, com maior afluência”. Mas “sem os constrangimentos verificados nos primeiros dias do ano”.

Na última quinta-feira, na sala de espera, Maria Odete aguardava pela chamada e mostrava-se céptica em relação ao cenário de calmaria. “Quando cheguei com a minha mãe passava pouco das 8h00. Na triagem atribuíram-lhe pulseira verde e até comentaram que o atendimento seria rápido porque não estavam muitas pessoas na urgência”, contou. Na sala, estava “meia-dúzia de pessoas e o painel indicava cerca de meia hora de espera”. Mas, depois das 9h00, Maria Odete ainda continuava à espera. “Se com poucas pessoas continuam a demorar a atender, não quero imaginar como será com o Serviço cheio”, desabafou.

António Silva, igualmente a aguardar pela sua vez, também duvidou que as situações de caos não voltem a repetir-se no S. Bernardo. “Hoje [dia 10] a urgência tem poucas pessoas, mas desde que cheguei com a minha esposa ainda não chamaram ninguém e já estamos aqui há mais de uma hora. Se durante a noite isto encher, como ontem, vai voltar a ficar caótico”, afirmou.

Barreiro reforça equipas

Nas últimas semanas, de acordo com o presidente da secção regional Sul da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Branco, o serviço de urgência do Hospital do Barreiro chegou a ter o dobro dos doentes em observação em relação à sua capacidade. O próprio Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Barreiro Montijo (CHBM) confirmou a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO que “após a época de Natal e de Ano Novo houve um recurso ao serviço de urgência muito elevado”. No entanto, nos últimos dias, embora a afluência se tenha “mantido elevada está mais estabilizada” e a par do que “historicamente tem ocorrido na época de Inverno”.

Entretanto, devido ao frio, a Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo através do seu presidente, Luís Pisco, recomendou que os centros de saúde activassem os planos de contingência para que fossem evitadas deslocações desnecessárias aos hospitais.

O Hospital do Barreiro já pôs em marcha o seu plano de contingência sazonal para este período crítico. Foram definidas seis principais medidas mitigadoras do impacto resultante do aumento da procura de cuidados de saúde. Numa primeira linha foi “reforçada a equipa médica do serviço de urgência geral com especial incidência na segunda-feira de cada semana, dia com maior afluência à urgência”. Esta medida foi acompanhada do “reforço dos efectivos de enfermagem e assistentes operacionais nos serviços de internamento e aumento do número de camas de internamento pela activação de enfermaria exclusivamente para este efeito”. Foi ainda decidida a “utilização de camas de serviços cirúrgicos para internamento de doentes com patologia respiratória aguda”.

Montijo com dias de um médico e Almada sem casos de Gripe A

No Hospital do Montijo, que integra o CHBM, o serviço de urgência básica também terá sentido dificuldades nos primeiros dias deste período crítico. Além da maior afluência de doentes, fonte interna revelou a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO que o referido serviço “é para funcionar com dois médicos, mas tem havido dias em que tem funcionado com apenas um”. Segundo a mesma fonte, a urgência básica do Montijo “tem chegado em alguns dias a registar tempos de espera de oito horas”.

No Hospital Garcia de Orta, em Almada, foi também accionado o Plano de Contingência, com reforço de pessoal e de número de camas. Até à passada quinta-feira, apurou O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO junto de fonte próxima da administração hospitalar, o Garcia de Orta não registava qualquer caso de Gripe A nem qualquer caso de internamento em isolamento.

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