Vitivinicultura afirmou-se como pilar fundamental da identidade económica e social

Vitivinicultura afirmou-se como pilar fundamental da identidade económica e social

Vitivinicultura afirmou-se como pilar fundamental da identidade económica e social

Produção de vinhos é imagem de marca do concelho. Reflecte o ADN cultural local e até contribui para o crescimento turístico

O concelho de Palmela tem-se afirmado como um território com uma identidade económica profundamente marcada pelo sector agrícola, em especial pela vitivinicultura, cuja relevância se mantém até aos dias de hoje. Embora a industrialização e a modernização tenham trazido mudanças significativas ao tecido económico da região – como se observa, por exemplo, com a implantação da Autoeuropa –, a história económica de Palmela revela um percurso pautado pela persistência e adaptação do sector agrícola, com destaque para a produção de vinho e o papel da pequena propriedade rural.

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Durante o Século XIX, Palmela integrava um conjunto de territórios do sul do Tejo profundamente rurais, com uma economia assente em explorações familiares e em culturas permanentes como a vinha e a oliveira. A viticultura, em particular, ocupava já uma posição de relevo na paisagem agrícola do concelho. A terra, de características favoráveis, aliada ao clima mediterrânico, criava condições ideais para o cultivo da vinha, o que permitiu o desenvolvimento de um modelo económico onde o vinho era não apenas um produto de consumo local, mas também uma importante mercadoria de venda.

Com a progressiva consolidação da viticultura na segunda metade do Século XIX, o concelho conheceu um aumento da produção vinícola e uma crescente articulação com os mercados regionais e nacionais. O desenvolvimento dos transportes, nomeadamente a expansão da rede ferroviária (com a Linha do Sul e a estação do Pinhal Novo), contribuiu para escoar a produção local, facilitando o acesso ao Porto de Setúbal e à capital, Lisboa. Este período conheceu igualmente os primeiros esforços associativos dos produtores, que procuravam formas de defesa contra crises de preços e pragas, como a filoxera, que afectou gravemente as vinhas portuguesas.

A crise da filoxera teve efeitos particularmente sentidos em Palmela, obrigando os viticultores a reconverterem os seus métodos de cultivo e a apostarem em castas resistentes, como a Castelão, que viria a tornar- -se uma das principais referências vitícolas da região. Esta adaptação foi acompanhada por uma crescente tecnicização da actividade, com a introdução de novas práticas agrícolas e, mais tarde, de maquinaria moderna, sobretudo ao longo do Século XX.

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Durante o Estado Novo, a vitivinicultura de Palmela conheceu uma fase de institucionalização e regulação. Foram criadas estruturas cooperativas com o intuito de organizar melhor a produção e comercialização dos vinhos.

Denominação de Origem

Com o fim do regime e a abertura democrática após 1974, a vitivinicultura em Palmela entrou numa nova fase, marcada por uma maior liberdade de organização dos produtores e por um reforço da identidade regional. O reconhecimento da qualidade dos vinhos da região culminou na criação da Denominação de Origem Controlada (DOC) Palmela, conferindo maior prestígio e visibilidade à produção local. Este reconhecimento incentivou uma nova vaga de investimentos na modernização das adegas, na qualificação dos enólogos e na promoção dos vinhos em mercados externos.

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Nas últimas décadas, a economia do concelho tem assistido à diversificação de actividades, mas a viticultura continua a desempenhar um papel central, não apenas do ponto de vista económico, mas também cultural e turístico. A aposta no enoturismo e na valorização da marca “Palmela” enquanto território vitivinícola de excelência tem contribuído para o reforço da imagem do concelho como um dos principais pólos da produção vinícola na Península de Setúbal. Pequenos e médios produtores, ao lado das cooperativas, têm investido em vinhos de qualidade reconhecida, muitos dos quais premiados internacionalmente, contribuindo para a sustentabilidade da economia rural local.

Em paralelo, Palmela tem também registado desenvolvimentos noutras áreas económicas, como a agroindústria e o comércio, dinamizados pelo crescimento urbano e pela proximidade a Lisboa e Setúbal. No entanto, ao longo de quase dois séculos, o sector vitivinícola manteve-se como o fio condutor da história económica do concelho, resistindo a crises, adaptando-se a novas exigências do mercado e afirmando-se como um dos pilares fundamentais da identidade económica e social de Palmela.

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