Ponte Vasco da Gama provocou a maior transformação estrutural no concelho

Ponte Vasco da Gama provocou a maior transformação estrutural no concelho

Ponte Vasco da Gama provocou a maior transformação estrutural no concelho

Infra-estrutura foi o catalisador de uma revolução económica, urbana e social. População residente aumentou mais de 30%

O impacto da construção da Ponte Vasco da Gama (inaugurada em 1998) foi o acontecimento mais relevante e transformador dos últimos 170 anos (1855 – 2025) no concelho do Montijo.

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Esta infra-estrutura provocou uma reconfiguração sem precedentes na dinâmica territorial, económica e demográfica do concelho. A ponte redefiniu a relação entre o Montijo e a região metropolitana de Lisboa, promovendo uma integração sócio-económica que transformou estruturalmente o concelho.
Desde meados do século XIX, que o concelho do Montijo tem atravessado diversas fases de transformação, com destaque para a industrialização no início do século XX, a instalação da Base Aérea n.º 6 (1953) e a urbanização crescente na segunda metade do mesmo século. Contudo, nenhum acontecimento teve um impacto tão abrangente e duradouro como a construção da Ponte Vasco da Gama, que veio ligar directamente o Montijo a Lisboa e que reconfigurou profundamente o seu papel no contexto metropolitano.
A necessidade de uma segunda travessia sobre o Tejo surgiu no final do século XX, devido à saturação da Ponte 25 de Abril. A localização escolhida para a nova travessia resultou de um conjunto de factores técnicos, geográficos e políticos que favoreceram a margem ribeirinha do Montijo. A ponte foi inaugurada em 29 de Março de 1998, coincidindo com a Expo ’98 e  simbolizando a modernização e expansão de Lisboa e da margem sul.
Além do objectivo primário de descongestionar os acessos rodoviários à capital, a ponte foi concebida como parte de uma estratégia mais ampla de reequilíbrio territorial entre as duas margens do Tejo. O projecto implicou igualmente a criação de vias de acesso complementares (IC32 e A12), o que reforçou a conectividade regional e potenciou a expansão urbana e económica da margem sul, particularmente do Montijo.
A inauguração da ponte desencadeou um crescimento urbano exponencial no Montijo. Registou-se um aumento expressivo da construção civil, com novos bairros, urbanizações e equipamentos públicos. O concelho passou de um perfil semi-rural para uma cidade-dormitório integrada na dinâmica metropolitana.
De acordo com dados do INE, entre 1998 e 2021, a população residente aumentou mais de 30%, reflectindo a atractividade habitacional do concelho. O número de fogos licenciados por ano triplicou na primeira década após a construção da ponte. Este crescimento trouxe desafios em termos de mobilidade, acesso à habitação, pressão sobre os serviços públicos (educação, saúde, transportes), e necessidade de planeamento urbano sustentado.
Verificou-se igualmente uma diversificação demográfica, com a chegada de novos residentes oriundos de Lisboa, muitos dos quais em busca de habitação a preços mais acessíveis. Esta pressão habitacional originou fenómenos de gentrificação em zonas centrais e impulsionou a expansão urbana para áreas periféricas, alterando profundamente o tecido urbano tradicional do concelho.

Impactos económicos e laborais
A ponte permitiu a instalação de novas actividades económicas, especialmente nos sectores da logística, comércio e serviços. A facilidade de acesso a Lisboa tornou o Montijo um território estratégico para empresas e centros logísticos. Esta tendência foi acompanhada por investimentos públicos e privados em zonas industriais e comerciais, com destaque para o VGP Park Montijo.
Paralelamente, o mercado de trabalho local transformou-se, com um aumento de população activa em regime pendular. Estima-se que mais de 50% da população empregada do Montijo trabalhe fora do concelho, a maioria em Lisboa. Esta reconfiguração do emprego está diretamente associada à dependência funcional da capital, mas também à revalorização do território montijense como espaço de habitação e investimento económico.
A construção da Ponte Vasco da Gama foi o catalisador de uma verdadeira revolução económica, urbana e social no concelho do Montijo. Ao ligá-lo directamente a Lisboa, transformou-o num território-chave na dinâmica metropolitana e redesenhou as suas funções urbanas, logísticas e habitacionais.
Com mais de duas décadas de impacto acumulado, e perante novos desafios como o projecto do aeroporto complementar, a transformação iniciada em 1998 constitui, sem dúvida, o acontecimento mais relevante dos últimos 170 anos da história do concelho. Os efeitos da ponte continuam a fazer-se sentir em múltiplas dimensões, desde a configuração do espaço urbano até à articulação regional e às políticas públicas.

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