O que aprendi no Dicionário da História de Setúbal

O que aprendi no Dicionário da História de Setúbal

O que aprendi no Dicionário da História de Setúbal

O “Dicionário da História de Setúbal” (Volume I) agora lançado apresenta uma visão abrangente da história de Setúbal, explorando a evolução da cidade desde os tempos romanos até ao século XX

O livro aborda figuras proeminentes ligadas à cidade em diversas áreas, como política, artes, música e activismo social, e detalha instituições e edifícios históricos, como o Aqueduto de D. João II e o Asilo da Infância Desvalida. Além disso, o texto destaca períodos de intensa agitação social e política, como as lutas operárias e a resistência ao Estado Novo fascista, e a criação de organizações sindicais e culturais que moldaram a identidade setubalense. Inclui ainda referências bibliográficas que sustentam as informações apresentadas e fotografias relevantes.

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O “Dicionário de História de Setúbal”, trabalho coordenado por Albérico Afonso Costa, com a colaboração de mais de 70 autores e editado pelo jornal O SETUBALENSE, preenche assim uma lacuna comum a muitas cidades portuguesas, no que diz respeito ao registo e divulgação da sua história local. Publicado em três volumes (os próximos serão lançados em 2026 e 2027), o dicionário serve como um farol para estudantes, professores, investigadores, historiadores e leitores interessados em Setúbal.

O prefácio da obra, citando Carlos Drummond de Andrade, realça que “uma cidade são muitas cidades no tempo e no espaço e ao mesmo tempo, é uma só, num espaço mais ou menos preciso e através do curso imparável do tempo”. Esta citação estabelece o tom para o Dicionário, que procura capturar a complexidade e a continuidade histórica de Setúbal.

Na nota do editor, o director do Jornal O SETUBALENSE, Francisco Alves Rito, sublinha o papel crucial da imprensa na preservação da memória histórica. Com 170 anos de existência (é o jornal mais antigo de Portugal Continental), O SETUBALENSE é descrito como o “fiel depositário desse precioso registo das nossas vivências colectivas e acabou por, naturalmente, constituir-se como uma fonte histórica insubstituível”. O jornal, qual “holofote que faz luz sobre o que marca a passagem do tempo”, assume-se como guardião do passado para um futuro com memória.

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O primeiro verbete é de um jornal

Curiosamente o primeiro verbete deste volume do “Dicionário de História de Setúbal”, que como todos os dicionários começa na letra A, é, precisamente, sobre um jornal, que se chamava ABC.

O periódico ABC começou a ser editado a 10 de Abril de 1915. Autointitulava-se uma publicação “quinzenal, literária independente”. Tinha como director Faria e Silva e como editor Zózimo Cabecinha e a…rmava querer afastar-se das “vis e mesquinhas paixões da política” e proclamar “bem alto a Verdade e a Justiça, tendo por lema o tradicional doa a quem doer”. Apesar destas boas intenções, durou apenas cinco números.

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Setúbal, ao longo dos séculos, passou por profundas transformações socioeconómicas, que moldaram a sua identidade e estrutura urbana, desde uma próspera cidade romana até ao dinâmico centro urbano e industrial que é hoje.

Apesar deste volume que aqui apresento só chegar até à letra E do alfabeto, a verdade é que aqui encontramos informação desde os tempos da Roma Antiga até ao período contemporâneo.

Uma grande cidade romana

Ao desfolhar este dicionário aprendi que durante o período romano (séculos I a.C. – VI d.C.), Setúbal era conhecida como Cetóbriga (ou Caetobriga) e era uma cidade de grande importância no Império Romano. A sua principal fonte de riqueza era a indústria de salga de peixe, especialmente o garum, produzido nas cetárias, grandes tanques de salga. A produção piscícola era central para a economia da região, com o…cinas encontradas em áreas como a Travessa de Frei Gaspar e outros núcleos em Troia e na Comenda. A cidade também se destacava pela produção de ânforas para exportação de conservas de peixe, evidenciando o dinamismo do comércio local.

Com o declínio do Império Romano, Setúbal experimentou um retrocesso, transformando-se numa pequena vila medieval com uma economia de subsistência.

Mas ao desfolhar este dicionário aprendi que a história medieval de Setúbal acabou por marcar um momento de renascimento. Em 1248, a cidade conquistou autonomia religiosa com a abertura da Igreja de Santa Maria da Graça. No ano seguinte, em 1249, foi concedido o foral pelo Mestre da Ordem de Santiago, reconhecendo o progresso económico da vila. Entre 1325 e 1357, as muralhas foram erigidas para proteger a cidade, consolidando-a como um importante centro urbano.

A economia setubalense era baseada na exploração do sal e na pesca. A presença de almocreves, que transportavam peixe e cereais, foi essencial para a prosperidade local. Durante o reinado de D. João II (1481- 1495), Setúbal beneficiou de melhorias nas infraestruturas, incluindo o Aqueduto de Setúbal, que garantiu o abastecimento de água potável. A cidade também foi fundamental na construção naval, com a adaptação da caravela como navio de guerra nos estaleiros locais.

Ao desfolhar este dicionário aprendi que Setúbal atingiu o seu auge demográfico e económico no século XVII, quando o comércio de sal a tornou a cidade mais populosa do reino de Portugal. Também li que o século XVIII viu a fundação da iluminista Academia Problemática (que nome extraordinário!) em 1721, e que o impacto do terramoto de 1755 que devastou o centro histórico, forçando uma reestruturação urbana.

Ao desfolhar este dicionário aprendi que o século XIX trouxe um significativo crescimento urbano e industrial. Em 1860, Setúbal foi elevada à categoria de cidade por decreto de D. Pedro V. O desenvolvimento da indústria conserveira de peixe, a partir de 1854, transformou a cidade de uma comunidade mercantil e piscatória num pólo fabril. A população de Setúbal cresceu rapidamente, de 17.581 habitantes em 1890 para 30.346 em 1911.

A expansão urbana ultrapassou as antigas muralhas medievais, criando novos bairros, como o Bairro Baptista e o Bairro Salgado, essenciais para a crescente classe operária.

A “Barcelona Portuguesa” e o fascismo

Ao desfolhar este dicionário aprendi que Setúbal também se tornou um centro de luta sindical e associativa, com o surgimento de várias associações de trabalhadores, incluindo a Associação Setubalense das Classes Laboriosas (1855), que defendia os direitos dos trabalhadores.

A cidade ganhou notoriedade pela sua resistência ao regime monárquico, tornando-se conhecida como a “Barcelona Portuguesa” devido ao seu carácter republicano e anarquista. Durante este período, as Comemorações Bocagianas (1871) e o surgimento de jornais como O SETUBALENSE tornaram-se símbolos da sua identidade cívica e política.

Ao desfolhar este dicionário aprendi que o período do fascismo português iniciado com o golpe de 1926 coincidiu com uma época de empobrecimento e repressão.

O Dicionário conta como, quando se dá o golpe do 28 de Maio, o patronato industrial aclamou o avanço das colunas militares de Gomes da Costa. O regime foi saudado pelos industriais conserveiros no seu jornal “A Indústria”. “Começam-se a ouvir os primeiros acordes da nova acústica pró-fascista, com panegíricos entusiásticos a Mussolini e ao seu antiliberalismo”, lê-se neste dicionário. Em contrapartida, o Ateneu de Estudos Sociais é descrito como um espaço de “resistência cultural ao fascismo emergente”.

A acção governativa de Francisco Supico, Governador Civil de Setúbal em 1936, é caracterizada como tendo um “cunho abertamente fascista”.

O jornal “O Conserveiro”, que nasceu em 1935, adopta uma “retórica nacionalista e de apoio ao Estado Novo”, demarcando-se dos defensores do liberalismo e apelidando- -os de “vendilhões do prestígio e das glórias de Portugal”, promovendo a união entre “Trabalho com o Capital, incutindo-lhes a seiva corporativa por forma que crie e estimule a Fé nacionalista”. O corporativismo, como se sabe, era uma característica central de regimes fascistas.

O setubalense Jesino Augusto da Costa, figura ligada ao integralismo e ao salazarismo, tornou-se secretário particular de Oliveira Salazar em 1933 e colaborou na “institucionalização do corporativismo em Portugal”.

A crise económica no início da Ditadura Militar aprofundou-se, levando a um declínio na indústria conserveira e ao aumento da pobreza, com grandes áreas da cidade a serem ocupadas por “bairros de barracas”. No entanto, a criação do Distrito de Setúbal em 1926 foi uma importante conquista política das elites locais, enquanto o regime fascista procurava mitigar a crise habitacional com a construção de bairros como o Bairro Presidente Carmona e o Bairro dos Pescadores, ainda que sob condições precárias.

Mas ao desfolhar este dicionário aprendi que Setúbal continuou a ser um bastião de resistência política.

O Círculo Cultural de Setúbal, fundado em 1969, desempenhou um papel central na oposição ao regime fascista, tornando-se um centro de resistência cultural e política.

Durante a década de 1960, a cidade experimentou um surto industrial com o crescimento de sectores como a montagem automóvel e metalomecânica, atraindo migrantes, especialmente do Alentejo. A indústria naval também continuou a desempenhar um papel crucial na identidade de Setúbal.

A perseguição a activistas políticos é largamente descrita e é associada ao fascismo. Por exemplo, a descrição da prisão de Jaime Rebelo e a sua resistência são imortalizadas como um “símbolo de resistência à repressão do fascismo”.

Rui d’Espiney, um activista político, é mencionado como tendo sido preso no Forte de Peniche “até ao 25 de Abril de 1974” por “convicções políticas contra a ditadura fascista”.

A proliferação dos “bairros de barracas” em Setúbal é atribuída à “violenta política de ‘repressão à mendicidade'” e à “ideologia e política de ódio contra os grupos sociais com menos rendimentos” da “ditadura salazarista”.

O texto também refere a “censura prévia, mordaça criada pelo Estado Novo”.

Em resumo, o Dicionário utiliza o termo “fascismo” ou “fascista” e associa o regime do Estado Novo e a Ditadura Militar a práticas e ideologias alinhadas com movimentos fascistas, como o corporativismo, o nacionalismo extremo, a repressão política e a censura – e este facto que aqui sublinho é elaborado pelos vários autores dos vários verbetes (se não me enganei nas contas este volume tem 158 verbetes) sem sacrificar o rigor científico, tendo extremo cuidado com o acerto das definições ideológicas, validando as abordagens com factos, citações e referências comprováveis. Há aqui História, pura ciência histórica mas, pelo facto de não se evitar em definir a ditadura salazarista como uma forma de fascismo, a relevância política deste trabalho, nos tempos que correm onde esse passado tende a ser esquecido ou branqueado, é uma evidência.

Revolução e democracia

Alguns verbetes deste primeiro volume do dicionário abordam também o período após a Revolução de Abril de 1974, até aos nossos dias.

Ao desfolhar este dicionário aprendi que, com a Revolução dos Cravos, Setúbal reencontrou a sua identidade combativa, marcada pela luta pelos direitos dos trabalhadores e pela habitação digna. As Comissões de Trabalhadores e Moradores tornaram-se centrais na organização popular e na promoção da autogestão. As operações do SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) visaram resolver a crise habitacional, com intervenções em bairros como o Bairro da Liberdade e o Bairro da Terroa de Baixo.

A cidade também assistiu à criação da Diocese de Setúbal em 1975, um reflexo das mudanças sociais e religiosas da época. A transformação da Doca das Fontaínhas, no início dos anos 90, numa doca de recreio, alterou a dinâmica da tradicional economia piscatória, refletindo a modernização da cidade.

Nos anos seguintes, Setúbal destacou-se pelo dinamismo cultural e político. Por exemplo, refere-se a criação, em 2012, da Casa da Cultura, que consolidou Setúbal como um centro cultural, reunindo várias instituições culturais num único espaço.

Tanto saber em cinco letras

Isto tudo aprendi (eu, que tão pouco sabia sobre Setúbal) a folhear as páginas deste volume entre as letras A e E, onde alguns dos verbetes mais extensos se referem, naturalmente, a personalidades que se destacaram na História de Setúbal.

Na Letra A:

ALMEIDA, Luís Pedro Sena Martinez Moitinho de: Este verbete é bastante detalhado, abrangendo a carreira de advogado Moitinho de Almeida, o seu envolvimento no Rotary Club de Setúbal, a sua defesa dos direitos e liberdades individuais, a sua participação na Liga Portuguesa dos Direitos Humanos, o seu papel na Comissão Promotora do Voto, as suas ligações à Maçonaria e as suas obras publicadas, incluindo a sua relação com Fernando Pessoa

ALMEIDA, Manuel Neves Nunes de: Este verbete é extenso, descrevendo a vida profissional e pessoal, o seu percurso como professor e reitor do Liceu de Bocage em Setúbal, e a sua integração na comunidade setubalense, onde era carinhosamente tratado como “Pai Almeida”.

AMOR DIVINO, Soror Anna do: Este verbete oferece um relato muito detalhado sobre Soror Anna, focando-se na sua motivação para escrever e na sua obra de registo da história e vivência do Convento de Jesus de Setúbal.

Na letra B:

BAPTISTA, Padre João: Temos aqui uma biografia aprofundada de João Baptista, destacando a sua educação, a sua profissão na Congregação do Oratório, a sua influência como reformador do ensino da Filosofia em Portugal e as perseguições que sofreu por parte do Marquês de Pombal.

BOCAGE, Manuel Maria de Barbosa l’Hedois du: Este é, naturalmente, um dos verbetes mais extensos, cobrindo a vida do poeta, a sua carreira literária, o seu envolvimento na Academia das Belas-Letras, a “guerra dos vates”, as suas ligações à Maçonaria, a perseguição política que sofreu, os seus períodos de cativeiro e a sua morte. As Comemorações Bocagianas de 1915 também complementam esta entrada com grande detalhe sobre a forma como a sua ™gura foi apropriada e celebrada politicamente. E há outros Bocages para conhecer.

Na letra C:

CASTRO, Miguel de: O verbete apresenta uma biografia detalhada do poeta Miguel de Castro, a sua infância, a sua paixão pela leitura e poesia, a sua amizade e a influência de Sebastião da Gama na sua carreira literária, bem como as suas publicações e homenagens.

COSTA, António Rodrigues da: O verbete detalha a vida e carreira de António Rodrigues da Costa, destacando as suas aptidões para as letras, o seu papel como intérprete na Secretaria de Estado, a sua nomeação para a Academia Real da História, e as suas obras publicadas.

COSTA, Rodrigo Ferreira da: Este verbete é extenso, apresentando a biografia e a vasta obra de Rodrigo Ferreira da Costa, incluindo os seus trabalhos poéticos, os tratados de ortografia e música, e as suas traduções.

Na Letra D:

D’ESPINEY, Rui: Já aqui falei dele. Merece um verbete bastante aprofundado que fala as suas atividades políticas clandestinas contra a ditadura, a sua prisão e tortura, a sua libertação após o 25 de Abril, e o seu contributo significativo para a educação, especialmente na Escola Superior de Educação de Setúbal.

Na letra E:

EUSÉBIO, António Maria: Detalha a vida e a obra do “Calafate” e “Cantador de Setúbal”, a sua profissão, a sua poesia popular, as suas publicações e os diversos reconhecimentos que recebeu em vida e postumamente.

Polémicas e confrontos

Há também muitos verbetes que abordam vários momentos e controvérsias que moldaram a cidade: Vou dar, arbitrariamente, como ™z sobre personalidades, um exemplo por letra.

Letra A:

Agitação Social no Ocaso do Estado Novo: Setúbal viveu intensamente os últimos anos da ditadura, com diversas formas de contestação e luta social e política, aproveitando- -se os períodos eleitorais de 1969 e 1973 para exigir liberdades públicas e o ™m da guerra colonial. O Movimento de Oposição Democrático (MOD) e o Círculo Cultural de Setúbal desempenharam papéis importantes.

Letra B:

Berço do Ambientalismo: Setúbal e a Serra da Arrábida são apontados como o “berço” do ambientalismo em Portugal, com o apelo do poeta Sebastião da Gama em 1947 para salvar a Mata do Solitário. A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) foi aqui criada em 1948. A criação da Reserva Natural do Estuário do Sado em 1980 e a posterior fusão do Projeto Setúbal Verde (PSV) com a Quercus são também marcos importantes.

Letra C:

Cetóbriga (polémica): Há uma disputa académica sobre a localização da antiga cidade romana de Cetóbriga. Tradicionalmente associada a Troia, alguns investigadores, como António Inácio Marques da Costa, recusaram essa localização, propondo o Castro da Rotura como alternativa.

Letra D:

Divórcio entre a República e o Movimento Operário, onde se fala dos “Fuzilamentos de Setúbal” (1911): A morte de dois trabalhadores conserveiros, António Mendes e Mariana Torres, pela recém-criada GNR, marcou um afastamento irreversível entre o movimento operário e o poder político republicano. Este evento de grande conflitualidade gerou revolta e foi amplamente noticiado.

Letra E:

Emergência do Associativismo Operário: aborda o surgimento e desenvolvimento das organizações operárias em Setúbal, desde meados do século XIX até o início do século XX, num período de intensa transformação económica e urbana da cidade. O verbete enfatiza que os ideais do socialismo, do anarquismo e do republicanismo foram importantes para a construção de novas áreas de sociabilidade política, educativa e cultural, que integravam formas de resistência à exploração capitalista. Um inquérito governamental de 1909 revelou que Setúbal era a localidade do país com mais associações de classe (a seguir a Lisboa e Porto) e um maior número de associados filiados (2.992), o que demonstra um grau significativo de organização e estruturação do operariado na cidade.

A Casa da Roda dos Expostos

Há muito mais para saber neste volume, e que não tenho espaço para contar aqui. Chego ao final da Letra E e encontro na página 447 um último verbete sobre um drama social e que se intitula assim: “Expostos (Casa da Roda Dos)”…

A Casa da Roda dos Expostos era uma instituição destinada a acolher recém-nascidos abandonados, também conhecidos como “enjeitados”. O termo “exposto” ou “enjeitado” referia-se a um ™lho ilegítimo, desconhecido, ou nascido de pais incógnitos.

A fundação das Casas da Roda dos Expostos, por volta de 1783, durante o reinado de D. Maria I, visava lutar contra a mortalidade infantil, prevenir o infanticídio e garantir condições imediatas de sobrevivência e um futuro socialmente útil para essas crianças. Uma das vantagens deste sistema era permitir que a criança fosse abandonada num local de forma secreta e anónima, sem penalização para os progenitores, que assim se desobrigavam da responsabilidade de criar os ™lhos.

Apesar dos objetivos, a “Roda” em Setúbal durou apenas cerca de 80 anos. A elevada mortalidade das crianças (apenas cerca de 1,7% das 2219 crianças acolhidas na Roda da Misericórdia de Setúbal sobreviveram mais de 7 anos, sendo que 87% das mortes ocorreram no primeiro mês de exposição) e o aumento do número de exposições, muitas delas desnecessárias, bem como a escassez de verbas oficiais, contribuíram para a sua extinção na década de 1860.

A Casa da Roda estava situada perto do Hospital da Misericórdia, e o postigo que dava acesso à travessa onde se localizava a casa ficou conhecido como “Postigo dos Enjeitados”. Em 1783, a roda já se havia mudado para o Largo de Santa Maria. No século XIX, o município assumiu todos os encargos com os expostos, após a redução do papel da Misericórdia de Setúbal neste aspeto.

E pronto! Fiquei a saber tanto sobre esta cidade com este excelente Dicionário da História de Setúbal! E ainda só cheguei à letra E. Estou ansioso para ler o primeiro verbete da letra F! Será sobre o quê?…

Muitos parabéns a todos os que permitiram o lançamento desta obra importantíssima!

*Intervenção na apresentação pública do volume I do ‘Dicionário de História de Setúbal’, dia 19 de Julho no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal

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