Jornalismo e Inteligência Artificial: Testámos a máquina

Jornalismo e Inteligência Artificial: Testámos a máquina

Jornalismo e Inteligência Artificial: Testámos a máquina

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Este número especial d’O Setubalense foi feito com recurso à Inteligência Artificial. A esmagadora maioria dos textos foi redigida pela máquina

Este texto está assinado e isso é uma das primeiras coisas que queremos explicar-lhe para melhor entender esta edição de aniversário d’O SETUBALENSE: Os textos assinados são escritos por seres humanos – jornalistas, cronistas, investigadores, colaboradores e autores de artigos de opinião -, os outros textos, os não assinados, foram redigidos pela Inteligência Artificial (IA).

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Aos 170 anos do jornal, a redacção entendeu que fazia sentido testar esta maravilhosa máquina digital – que nos encanta, intriga e assusta, e que promete revolucionar o nosso mundo – no jornalismo local e regional. O SETUBALENSE torna-se, assim, o primeiro jornal regional português a produzir uma edição maioritariamente feita com recurso à IA. Assumimos o desafio, conscientes dos riscos, sem perder o compromisso ético com o jornalismo e com a verdade.

O que fizemos, grosso modo, foi desafiar a IA sobre a nossa história e o nosso futuro. Definimos que a ferramenta de IA seria o ChatGPT (ver caixa), e que iríamos testar o que sabemos sobre o passado e que perspectivas nos pode dar sobre o futuro.

Assim, estabelecemos que iriamos questionar a máquina sobre os principais acontecimentos dos últimos 170 anos e sobre que cidades ou concelhos teremos dentro de 170 anos. Procurámos saber, mais concretamente, que acontecimento o ChatGPT elege, em cada concelho, como o mais relevante desde 1855 (ano de fundação do jornal O SETUBALENSE).

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As respostas, que variam em função da realidade de cada um dos 14 concelhos que compõem os territórios da Península de Setúbal e do Litoral Alentejano, permitem duas grandes conclusões gerais: Por um lado, a IA funciona, no sentido de que reúne uma vastíssima quantidade de informação e uma enorme capacidade de processamento (avaliar os dados e decidir, escolher um acontecimento) mas, por outro, tem uma limitação óbvia que é a falta de informação digital. Por a Internet ser ainda relativamente recente, percebe-se que a informação disponível on-line sobre cada um dos concelhos é ain- da muito limitada. Em quase todas as pesquisas que fizemos, O SETUBALENSE aparece como uma das principais fontes e é notória a escassez de fontes em boa parte das demandas, sobretudo dos concelhos mais rurais.

Outra dificuldade evidente é a de elencar todos os acontecimentos relevantes. No teste que realizámos, incluímos uma cronologia de cada concelho e os resultados fornecidospela IA mostraram-se muito incompletos e pouco fiáveis. Em muitos casos faltavam acontecimentos incontornáveis que seriam uma falha,por omissão, se não houvesse uma “supervisão” por parte dos jornalistas.

O trabalho da IA não dispensou as tarefas de edição e confirmação de factos por parte da redacção d’O SETUBALENSE que, por essa via, assume a responsabilidade e confere fiabilidade jornalística aos textos apresentados.

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O que encontra, nestas quase 200 páginas, são ensaios, crónicas e textos de opinião de investigadores e académicos, entrevistas a profissionais que já trabalham com IA, e, sobretudo, artigos desenvolvidos pelo ChatGPT, sob supervisão de jornalistas, com as escolhas dos principais acontecimentos dos últimos 170 anos na região. As escolhas, sobre o principal acontecimento concelho a concelho, são da IA, embora nem todos tenham sido a primeira escolha. Há casos em que, perante a evidente falta de um determinado acontecimento, fomos obrigados a “confrontar” a máquina que, após análise da dica, alterou a escolha inicial.

O resultado é um conjunto de escolhas que, genericamente, se afigura robusto. Obviamente que estas escolhas, além de subjectivas, dependem do prisma, dos critérios que definimos, mas podemos concluir que todas as 14 escolhas são defensáveis.

O melhor é ler e concluir por si mesmo.

170 Perguntas & Respostas

Um dos conteúdos de destaque nesta edição é um trabalho de José Luís Andrade em que elegemos 170 perguntas que consideramos serem as de maior interesse para quem quer conhecer melhor a IA, e em que as respectivas respostas são dadas de forma sucinta e em linguagem acessível.

Este número de perguntas e respostas teve como referências, obviamente, os 170 anos do jornal. O texto, que certamente ficará como um explicador sobre a matéria, vai ser publicado na edição on-line d’O SETUBALENSE, onde permanecerá disponível para dúvidas e pesquisas futuras.

ChatGPT | IA chega em força ao grande público em 2022

O ChatGPT (sigla em inglês de Chat Generative Pre-trained Transformer) é um chatbot desenvolvido pela OpenAI, empresa de IA com sede em S. Francisco, Estados Unidos da América, que, quando foi lançado, em 30 de Novembro de 2022, veio popularizar o acesso à inteligência artificial.

De acesso gratuito (embora já tenha versões pagas), o nome ChatGPT combina “Chat”, referindo-se à sua funcionalidade de chatbot, e “GPT”, que signica Generative Pre-trained Transformer (Transformador Pré-treinado Generativo, em tradução livre), um tipo de modelo de linguagem grande (Large Language Model, LLM, na sigla em inglês). Com base num modelo LLM, ele usa como contexto, prompts e respostas sucessivas para prever as palavras que seriam mais adequadas, de acordo com as ideias da empresa, para compor a nova resposta; o algoritmo para essa previsão resulta do próprio treino. Assim, o ChatGPT também permite que utilizadores redenam e direccionem uma conversa para a duração, formato, estilo, nível de detalhe e linguagem desejados.

Em Janeiro de 2023, apenas dois meses depois de ser lançado, o ChatGPT já era a aplicação de software de consumo com o crescimento mais rápido da história, conquistando mais de 100 milhões de utilizadores e contribuindo para o crescimento da avaliação da OpenAI para 29 bilhões de dólares. O lançamento do ChatGPT estimulou o desenvolvimento de produtos concorrentes, incluindo Gemini, Ernie Bot, LLaMA, Claude e Grok. Entretannto, a Microsoft lançou o Copilot, baseado no GPT-4 da OpenAI.

O potencial do ChatGPT e a sua capacidade generativa, de aprender e desenvolver-se sozinho, trouxeram para a realidade uma preocupação que até agora era do domínio da ficção cientíca: a possibilidade de a IA substituir ou atrofiar a inteligência humana. Ainda é cedo para sabermos até onde a IA nos vai levar, mas há algo que já percebemos, permite o plágio e alimentar a desinformação, o que já é muito perigoso.

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