Empresa deu outra vida ao concelho, à região e até ao País. Empregou milhares e assumiu-se como pilar do desenvolvimento local e nacional
A instalação da Volkswagen Autoeuropa emerge como o evento mais marcante dos últimos 170 anos em Palmela, afirmando-se como um catalisador de transformações multifacetadas na economia, na sociedade, no urbanismo e na própria identidade do concelho.
Mais do que a mera implantação de uma unidade industrial, representou um novo paradigma de organização do trabalho, de disseminação de uma cultura industrial e de exigência de qualidade, elementos que se revelaram estruturantes para o desenvolvimento local e nacional.
Operacionalizada desde 1995, a Autoeuropa alterou profundamente a estrutura económica de Palmela e da região. O efeito mais visível traduziu-se na geração de milhares de empregos, tanto directos (cerca de cinco mil), na unidade fabril, como indirectos, através do desenvolvimento de um vasto ecossistema de indústrias de apoio. Este ecossistema abrange empresas de fornecimento de componentes, logística especializada, prestação de serviços técnicos e de manutenção, gerando um efeito multiplicador na economia local. Um estudo recente apontava para cerca de sete a 13 postos de trabalho indirectos gerados por cada posto directo criado na Autoeuropa.
A empresa proporcionou, a um vasto número de jovens, oportunidades de ascensão social e estabilidade financeira, influenciando as suas escolhas educacionais e profissionais e promovendo o desenvolvimento de uma nova geração de quadros qualificados.
Adicionalmente, a empresa assume um papel preponderante no financiamento do município, através do pagamento de impostos, designadamente o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC). Estas receitas fiscais constituem uma fonte de financiamento fundamental para a autarquia, permitindo a implementação de políticas públicas de investimento em infra- -estruturas urbanas, equipamentos sociais e serviços públicos essenciais para a população.
A Autoeuropa provocou uma transformação na estrutura social da região, marcada pela atracção de fluxos migratórios internos e externos. A procura por emprego e melhores condições de vida induziram a migração de indivíduos de diferentes regiões do País e do estrangeiro. O crescimento populacional e económico impulsionado pela empresa desencadeou também uma significativa expansão urbana no concelho
A presença de uma multinacional como a Volkswagen, com elevados padrões de qualidade e exigências internacionais, conferiu a Palmela uma imagem de prestígio a nível nacional e internacional, posicionando o concelho como um pólo de desenvolvimento industrial e tecnológico, capaz de atrair investimentos e talentos.
Impacto nacional
Mas, o impacto da Autoeuropa não se confina apenas ao concelho e à região. A empresa é uma das maiores exportadores de Portugal. Os veículos produzidos na fábrica são exportados para diversos mercados em todo o mundo, contribuindo significativamente para a balança comercial portuguesa. As exportações anuais ascendem a milhares de milhões de euros, o que coloca a Autoeuropa consistentemente no topo da lista de exportadores portugueses.
A fábrica de automóveis representa uma parcela considerável do Produto Interno Bruto (PIB) português. A sua actividade gera valor acrescentado em diversos sectores da economia, desde a indústria transformadora até aos serviços. Em 2022, registava cerca de 1,5% de toda a riqueza produzida pela economia portuguesa, o equivalente a todo o financiamento do Estado à economia nesse mesmo ano.
A Autoeuropa constitui-se ainda como um pólo de inovação e tecnologia em Portugal. Investe em pesquisa e desenvolvimento, utilizando as mais recentes tecnologias na produção de veículos. Neste âmbito, também colabora com universidades e centros de investigação portugueses, promovendo a transferência de conhecimento e o desenvolvimento de novas tecnologias.
A empresa acaba assim por contribuir para uma imagem de um país moderno e industrializado e demonstra que Portugal é capaz de produzir bens de alta qualidade e de competir no mercado global.
Por outro lado, destaca-se também por formar quadros altamente qualificados, que posteriormente podem ser recrutados por outras empresas do sector automóvel ou por outros sectores da economia. Contribui, assim, para a formação de capital humano em Portugal.
No final, tem ainda um “efeito de arraste”: serve como um exemplo para outras empresas em Portugal.
