André Palma: “Nunca pensei que a tecnologia chegasse tão longe, chega até a ser bizarro, parece magia”

André Palma: “Nunca pensei que a tecnologia chegasse tão longe, chega até a ser bizarro, parece magia”

André Palma: “Nunca pensei que a tecnologia chegasse tão longe, chega até a ser bizarro, parece magia”

O jovem moitense partilha as experiências vividas neste novo mundo do digital e avalia a Inteligência Artificial. Dedica-se à produção de conteúdos para o TikTok e para o Instagram, com os quais já atingiu 20 milhões de visualizações. Tenta ser fonte de inspiração, depois de há um ano ter vencido a luta contra o cancro

Tem apenas 22 anos, é estagiário em Pós-Produção de Áudio na SIC e, ao debruçar-se sobre as novas tecnologias, sabe bem do que fala. André Palma é um dos exemplos da nova geração, que se tem desenvolvido com paixão no novo mundo do digital. Produz conteúdos, que chegam a atingir 20 milhões de visualizações. Tem 45 mil seguidores no TikTok e 35 mil na rede social Instagram. Ao mesmo tempo, pratica na Sociedade Estrela Moitense a modalidade desportiva de tumbling, pela qual tem representado a Selecção Nacional Portuguesa. No currículo apresenta títulos nacionais e uma medalha de um campeonato europeu. Mas, a maior conquista alcançada foi a vitória que conseguiu na luta contra o cancro, há um ano.

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Como e quando lhe surgiu o interesse pelo digital?

Desde criança. Sempre tive curiosidade sobre como funciona o mundo tecnológico, como é produzido um ™lme, como um telemóvel sendo tão pequeno consegue fazer tanto…

É estagiário em Pós-Produção de Áudio na SIC. O que faz, em concreto, num dia normal de trabalho na estação televisiva?

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Já em criança tinha o sonho de trabalhar numa televisão como a SIC, portanto ter o privilégio de estar a estagiar nesta estação televisiva é uma honra. Trabalhar em Pós-Produção de Áudio, tal como o nome indica, é tratar o áudio já depois de ser captado, seja para novelas, programas, peças para aparecerem no meio de um jornal de noticias etc… O meu trabalho é receber um vídeo já editado de uma publicidade a um programa, por exemplo “Amanhã, não perca o último episódio de…”, sonorizar e corrigir algumas imperfeições auditivas. O mais complicado é a parte de corrigir algumas imperfeições. Alguma voz que se ouve mal ou alguma música de fundo que distorce outros sons importantes.

Além de trabalhar na Pós- -Produção, também estou no interior dos estúdios da SIC Notícias e da SIC em directo. Aí trabalho como assistente de estúdio, um trabalho importantíssimo para a realização dos directos. A minha função é colocar os microfones nos pivots e em convidados que apareçam no estúdio, veri™car se todos estão bem colocados e sem risco de algum percalço a meio de um directo. Mas também ajudar os operadores de câmera, ajustando os cabos para prevenir o risco de alguém tropeçar, provocar algum barulho ou até mesmo de algum cabo ™car preso debaixo de uma câmera que possa afectar a imagem.

Basicamente, o papel de um assistente de estúdio é veri™car se tudo está em ordem para, em casos de emergência, estar tudo preparado e equipado e não existir nenhuma falha. É um trabalho muito intenso e que provoca alguma ansiedade, pois é em directo. Mas gosto do que actualmente faço e de sentir essa pressão que considero saudável.

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É também criador de conteúdos para plataformas digitais. Costuma recorrer à Inteligência Articial (IA) para os criar?

Utilizo algumas vezes a IA para me ajudar nesse processo, pois criar conteúdos todos os dias e tentar ser sempre o mais inovador e único naquilo que faço exige bastante criatividade. Além disso, actualmente, a IA é usada mesmo na Pós-Produção de Áudio. Na SIC trabalhamos com um programa muito conhecido na área chamado “ProTools”, que actualmente já utiliza IA para diversas situações, como, por exemplo, separarmos facilmente as vozes do actor e da música de fundo num vídeo, sem se perder qualquer qualidade. Com apenas 22 anos, nunca pensei que a tecnologia chegasse tão longe e ™co cada vez mais surpreendido. Chega até a ser bizarro, quase parece magia.

Alguma vez recorreu à IA enquanto estudante?

Enquanto estudante já usei a IA para me ajudar a organizar informações para alguns trabalhos e também para me ajudar no processo criativo. Uso muito a IA como se fosse uma pessoa amiga, que me estivesse a ajudar, seja no que for. Até mesmo as questões que me surgem no dia-a-dia, pergunto à IA, ao passo que antigamente iria perguntar aos meus pais ou pesquisar no Google e ver imensos sites até chegar à resposta.

Que opinião tem sobre a IA? Acha que apresenta mais vantagens ou desvantagens, tendo em conta os recursos que oferece e que podem ser utilizados para as mais diversas nalidades?

Acho que a IA apresenta imensas vantagens para qualquer pessoa que a utilize, é como se esta ferramenta fosse alguém humano, com o maior conhecimento do mundo, que nos pode ajudar. Mas, também existem algumas desvantagens, no que toca ao mercado de trabalho. Pintores, escritores, músicos, entre outras pro™ssões, actualmente são muito fáceis de serem substituídas pela IA. Claro que nunca terá aquele brilho e aquele toque humano, porém é algo assustador. Actualmente, conseguimos criar canções com vozes e instrumentos, tudo feito por IA e a parecer que foi verdadeiramente criado por alguém humano.

Considera-se um inuencer? Tem muitos seguidores?

Não, de todo! Gosto imenso de criar conteúdos para a Internet, porque sempre quis criar e mostrar o que crio ao mundo. Porém, não me identi™co com a aplicação do termo “inªuencer” para o meu caso, pois não inªuencio ninguém, apenas tento entreter e fazer rir as pessoas. Tenho conquistado alguns números que nunca pensei conquistar, por volta de 40 mil seguidores no TikTok e mais 35 mil no Instagram.

Em pequeno sonhava ter vídeos ou fotos com mil visualizações. Hoje em dia, com o meu esforço e trabalho, tenho orgulho em dizer que existem meses em que consigo atingir 20 milhões de visualizações. É muito giro poder ver pessoas de diversos países a gostarem e a partilharem o nosso trabalho. Mas, o meu foco é mesmo entreter e fazer rir as pessoas com o que crio e publico. Existe muito stress no dia-a-dia, existe muita gente aborrecida ou mesmo triste com acontecimentos da vida e o meu objectivo é alegrar essas pessoas, nem que seja por uns segundos.

Qual a média diária de tempo que dedica à produção de conteúdos?

De inicio focava-me muito em todo o tipo de redes sociais, para tentar alcançar o máximo de pessoas que conseguisse: YouTube, TikTok e Instagram. Desde o processo criativo até mesmo à realização do projecto, chegava a demorar um dia inteiro a produzir. Quando comecei a focar-me mais no Instagram, esse tempo foi reduzido a nível de edição e trabalho de produção, porém, aumentou muito no processo criativo. Como alcanço muitos países que falam outras línguas, tenho de ter o cuidado e tenho de conseguir produzir o conteúdo de forma a que praticamente todos percebam a piada. É engraçado que uma vez li um comentário de uma pessoa, que penso que fosse do Japão, a dizer que não percebia nada do que eu tinha escrito, mas que tinha achado imensa piada à imagem. O complicado é mesmo essa questão do texto e da imagem, tem de ser com a melhor qualidade possível. Tento sempre dar tudo de mim em cada publicação. Considero cada publicação um trabalho que vai ser visto por milhares ou milhões de pessoas, então tem de estar a um nível de alta qualidade.

Actualmente dedico entre dois a três dias só no processo criativo. Na parte da edição da imagem é um tempo curto, cerca de uns 30 minutos. Quando é um vídeo, normalmente demoro entre uma hora ou uma hora e meia até concluir o trabalho. Além de tudo isto, tenho um horário que estabeleci para postar cada publicação, para o algoritmo saber que sou activo e poder partilhar mais os meus conteúdos.

De entre TikTok, Instagram e YouTube, qual a plataforma digital em que mais aposta e porquê?

De momento, aposto no Instagram por ser a rede social onde mais rápido tenho crescido e com a qual, para já, mais me identi…co. Todavia, o meu objectivo é voltar a produzir conteúdos no TikTok e no YouTube, particularmente no YouTube Shorts, pois são conteúdos de curta duração. Antigamente, era comum os jovens assistirem no YouTube a vídeos de 20 ou 30 minutos, mas, hoje em dia, as pessoas querem conteúdos rápidos e diversi…cados, porque é o que dá prazer. É algo em que quero apostar mais no futuro, mas também é algo que me deixa triste. A nível mental, sinto que é algo que chega a ser prejudicial para as pessoas, não logo no imediato, mas mais para a frente.

Tem alguma meta definida, em termos de alcance de público?

Sou uma pessoa muito ambiciosa e lutadora, quando meto algo na cabeça faço de tudo para conseguir. Actualmente, o meu objectivo é conquistar os 100 mil seguidores no Instagram e alcançar o máximo de países possível. O meu conteúdo não existia em Portugal até há bem pouco tempo e agora já começo a ver fazerem o mesmo em algumas páginas, e isso deixa-me feliz. Consigo ver que o meu esforço está a inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo ou semelhante.

Além de todo o conteúdo, publico muitas mensagens de apoio e inspiração para as pessoas nunca desistirem dos sonhos. Como no ano passado passei por um cancro, foi o facto de estar em casa debilitado que me fez querer criar coisas e ajudar outras pessoas. Por isso tento alcançar o máximo de pessoas, porque gosto do que faço e para ajudar alguém. Fico muito feliz quando recebo mensagens de agradecimento, porque as …z rir num dia mau ou porque a minha história, de ter vencido o cancro e conseguido voltar ao meu desporto de alta competição e à minha vida pro…ssional, as inspirou de alguma forma

O desporto que pratica em alta competição é o tumbling. É mais do que um hobby…

Tumbling, para quem não conhece, é como se fosse um trampolim de 25 metros comprido, que em vez de molas possui placas de …bra. Faço esse desporto desde os 7 anos, então considero o tumbling como parte da minha vida. Quando estive doente, foi das coisas que mais senti falta de fazer. A sensação de estarmos no ar, a fazer mortais e piruetas, é algo que não consigo descrever. A adrenalina e a felicidade que este desporto me traz é fenomenal. Além do orgulho que tenho ao representar o meu País neste desporto

Por que clubes passou?

Sempre tive apenas um clube, a Sociedade Filarmónica Estrela Moitense, ou apenas Estrela Moitense. É uma instituição com muitos anos e muita história. Foi dali que surgiram as primeiras medalhas em campeonatos do mundo e europeus, além de recordes de pontuação portugueses.

Já representou a Selecção Nacional Portuguesa em campeonatos da Europa e do Mundo. Que resultados espera vir a atingir quer a nível nacional quer internacional?

Já representei e represento o meu País em campeonatos internacionais. Já conquistei campeonatos nacionais, uma medalha num campeonato europeu e uma final nos Jogos Mundiais (jogos para desportos que não fazem parte do programa olímpico). Em 2022, atingi o meu auge, tendo conseguido bater o recorde português de dificuldade em treinos. Porém, surgiu-me aquela doença horrível que me fez parar durante um ano e alguns meses. Foi uma fase complicada, durante a qual pensava muitas vezes se iria sobreviver. Consegui vencer essa batalha e voltar gradualmente aos treinos. Já consegui conquistar um nacional após tudo o que o meu corpo passou a nível físico e também mental. Tenho agora o objectivo de me apurar para o mundial deste ano e trazer uma medalha. Ficaria extremamente contente, porque só me falta ter uma medalha de um mundial. Se a obtivesse, depois de tudo, ia sentir-me extremamente feliz e realizado. Quero também inspirar todas as pessoas a nunca desistirem de nada e a acreditarem sempre. Quando lutamos e somos persistentes, as coisas aparecem.

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