Projecto de skate inclusivo pretende mostrar que a modalidade pode ser para todos

Projecto de skate inclusivo pretende mostrar que a modalidade pode ser para todos

Projecto de skate inclusivo pretende mostrar que a modalidade pode ser para todos

Com o lema “Inclusão a 360º”, tem vindo a trabalhar com a comunidade local em várias áreas

 

 

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Criado em Maio de 2021 pelas jovens setubalenses Filipa Bento e Rita Santos, o projecto All aBoard tem como finalidade dar oportunidade a todos, sem excepção, de praticar a modalidade de skate, independentemente do género, idade, condição física, social e/ou financeira.

“A ideia surge a partir de uma conversa entre mim e a Filipa, ambas ligadas ao desporto de forma geral e também ao skate. Apesar de nenhuma de nós ser skater, gostamos da modalidade e embora tenha tido uma má experiência quando era adolescente, na pandemia, com a paragem do futebol, achei que era a altura ideal para voltar a pegar numa tábua”, começa por dizer Rita Santos a O SETUBALENSE. “Desde logo começámos a fazer pesquisas para perceber, a nível nacional, o que se fazia no que diz respeito à parte inclusiva, do skate adaptado, e percebemos que não existia grande oferta nesse sentido”, adianta.

Lançaram-se, assim, na criação de All aBoard, que começa com uma experiência com a APPACDM de Setúbal, instituição onde Rita Santos trabalha. Na hora de pensar em que eixos gostariam de centrar a sua intervenção, concluíram que queriam “realmente chegar a todos, levar o skate a todos, independentemente da idade, género ou condição”. De seguida juntaram um núcleo de amigos, “nas mais diversas áreas que considerámos fazer sentido intervir no projecto”, numa equipa que tem vindo a crescer a olhos vistos.

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Para Filipa Bento, esta experiência tem sido “não apenas uma forma de levar o skate a mais pessoas, enquanto praticantes, mas também de ver como a nossa equipa tem estado a crescer, com pessoas que se vão identificando com o projecto, pela sua vertente desportiva e pela modalidade mas principalmente por todo o trabalho social que vamos desenvolvendo e todo o companheirismo, entreajuda, aceitação e inclusão que promovemos nas nossas acções”.

Intervenção nas escolas é foco de actuação

Desde o primeiro momento a equipa All aBoard encontrou na intervenção nas escolas “um ponto chave”. Através das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) em vários estabelecimentos de ensino de Setúbal, tem vindo a trabalhar a parte prática mas também questões como segurança, alimentação, construção de skates e a história da modalidade, numa programação feita para o ano inteiro. “Consideramos que há todo um processo antes de pôr os jovens em cima da tábua. No ano que passou tivemos dois técnicos a realizar este trabalho e prevemos que no próximo sejam cinco a seis”, referem. “Estes jovens podem depois integrar a nossa escola de skate se quiserem evoluir na modalidade”, continuam, esclarecendo que “não temos como objectivo a parte competitiva. A nossa vertente é altamente social. Queremos que todos aprendam a andar de skate, que possam evoluir ao máximo mas não temos como objectivo competir. Se tal acontecer iremos apoiar mas o nosso foco é termos toda a gente a praticar skate de uma forma muito natural”.

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De acordo com Rita Santos, já é possível verificar esta naturalidade na escola All aBoard, na qual “temos jovens com autismo a praticar skate e a quem damos aulas. Queremos que seja algo muito normal e natural, que possa vir um adulto e juntar-se à aula também. Se a minha avó for super radical, quero que ela também venha andar de skate nas nossas aulas”.

No que diz respeito à ligação da modalidade com a cidade, Filipa Bento partilha que com a criação do novo skate parque, na Algodeia, “tem-se vindo a registar maior interesse nesta modalidade urbana, que também há pouco tempo passou a ser uma modalidade olímpica”. Nas suas palavras, “esta vertente urbana está por vezes associada a marginalidade, factor que também trabalhamos para desmistificar, sem cair no excesso de que toda a gente que anda de skate tem de ir para competição. Tentamos encontrar um equilíbrio nesse aspecto”. Tal tem vindo a ser possível através das acções realizadas mas também do interesse que os municípios da região têm manifestado “pela prática de skate e pela promoção de eventos que nos possibilitam estar no terreno e falar com as pessoas sobre a cultura do skate, esta modalidade e o seu contexto histórico”.

Neste período de Verão, o projecto tem vindo a receber diversas solicitações para participar em campos de férias e ateliers de tempos livres e neste momento marca presença na Feira de Sant’Iago com diversas actividades. Entre demonstração de manobras, aulas de iniciação, exposição de tábuas personalizadas, oficinas de stencil, recolha de beatas, workshops de artes plásticas, música e outras, “vamos aliar várias coisas que costumam já estar relacionadas com a modalidade e com o skate enquanto cultura e comunidade”, dizem.

Alargar horizontes Do skate para o futuro

No que diz respeito a planos para o futuro, Rita Santos e Filipa Bento partilham que o skate foi um mote para lançar um sonho que já existia de criar um projecto na área social e não pretendem restringir o projecto apenas a esta modalidade. “A ideia é que quando esta estrutura ganhar consistência possamos alargar a outras áreas onde queremos intervir, e que são também do interesse das pessoas que fazem parte do projecto, como por exemplo a cultura e o ambiente. O nome foi precisamente nessa perspectiva, de chegar a tudo e a todos”, revelam. “Vamos já tentando construir pontes para que eventualmente se possam criar maiores sinergias em áreas diversas mas tão importantes quanto a prática do desporto, sempre com esta componente da inclusão associada”, finalizam.

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