Resultado elevado da extrema-direita e queda estrondosa de Marisa Matias são as principais surpresas
Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito ontem para mais um mandato como Presidente da República, tendo sido o vencedor das Presidenciais 2021 também no Distrito de Setúbal, onde obteve mais 19% dos votos relativamente ao que tinha conseguido em 2016, quando Sampaio da Nóvoa ultrapassou os 29% na região.
O presidente reeleito disse desconhecer como vai ser o próximo mandato, mas assegurou que continuará a ser a igual a si próprio. “É muito difícil estar agora a prever como é o segundo mandato. Só começa dia 9 de Março. Temos de esperar para ver. Serão cinco anos todos eles muito diferentes entre si, como foram os do primeiro mandato. A pessoa é a mesma. As circunstâncias mudam, mas a pessoa é a mesma”, declarou.
Ana Gomes confirmou o segundo lugar também no distrito, embora com um resultado pouco acima da extrema-direita de André Ventura. A candidata, que obteve em Almada (15,67%) o seu máximo na região, segurou a segunda posição em Sines, Santiago e, sobretudo, em Setúbal, concelho mais populoso e que lhe deu 14,61% dos votos.
O candidato que ficou em terceiro lugar no distrito, igualmente à imagem do que conseguiu no País, foi André Ventura, que obteve no Montijo (16,93%), Sesimbra (16,41%) e Alcochete (15,78%) os seus resultados mais fortes.
João Ferreira, do PCP, obteve o quarto lugar, em linha com o que conseguiu Edgar Silva há cinco anos, e Francisco Lopes, em 2011. Mas desta vez os comunistas sentem um conforto maior do que há cinco anos. Porque o candidato segurou o quarto lugar nacional e ultrapassou o resultado obtido por Edgar Silva.
No entanto, no distrito, João Ferreira obteve menos votos (8,60%) do que o candidato de 2016 (9,50%), embora tenha sido o segundo mais votado em dois concelhos, ambos do Litoral Alentejano (Alcácer do Sal e Grândola).
“Esta candidatura deu um contributo singular” considerou o candidato comunista, no discurso de ontem à noite. “Com coragem e com confiança abriremos um horizonte de esperança neste País”, assegurou João Ferreira.
Marisa Matias, do BE, protagonizou a maior queda eleitoral no distrito, relativamente às eleições de há cinco anos, em que também foi candidata. Os praticamente 13% que obteve então transformaram-se agora em pouco mais de 4,3%.
A própria admitiu que os resultados de ontem não foram os que esperava e que ficaram longe dos objectivos que a candidatura tinha fixado. “Este resultado não é também uma falta de comparência”, afirmou a bloquista.
Apesar de ter sido a candidata com maior perda, Marisa Matias diz que é ao PS que se deve perguntar pelos fracos resultados da esquerda. “As candidaturas à esquerda somaram. Creio que se alguma das candidaturas da esquerda, que existiram, tivesse desaparecido, a esquerda tinha somado menos. Agora também lhe digo se a pergunta é sobre porque é que a esquerda não somou mais nesta eleição, essa pergunta terá que a dirigir ao PS e não a mim”, criticou.
PSD frisa “maior vitória” e subida no distrito
A distrital de Setúbal do PSD, em comunicado, saudou “vivamente” o triunfo “esclarecedor” de Marcelo Rebelo de Sousa. “Constitui a maior vitória desta área política numas eleições presidenciais”, considerou a estrutura social-democrata. Ao mesmo tempo, a distrital do partido laranja destacou a votação registada na região.
“Saudamos igualmente os eleitores do Distrito de Setúbal que votaram maioritariamente no Professor Marcelo Rebelo de Sousa, aumentando significativamente o seu número de votos face a 2016”, lê-se na mesma nota.
Das restantes estruturas locais e regionais dos diversos partidos não houve reacções, até ao fecho desta edição.
Com Humberto Lameiras e Mário Rui Sobral